sábado, 8 de setembro de 2012

SEDENTARISMO ADOECE, ENVELHECE E MATA

Uma recente pesquisa publicada pela prestigiada revista The Lancet (Reino Unido) trouxe mais luzes e advertências sobre os riscos do sedentarismo para a saúde humana. Em termos sucintos e práticos os médicos pesquisadores comparam os malefícios da inatividade física ao do tabagismo. Não é novidade para a Medicina que o estilo sedentário de se viver traz muitos danos ao organismo humano. A própria OMS em 1993 editou as diretrizes que alertavam a comunidade médica e outras organizações de saúde sobre os benefícios e impactos positivos da prática regular de atividade física. Hoje considerado uma pandemia, o sedentarismo é responsável por mais de 5 milhões de mortes por ano no mundo. Não é custoso entender as razões, uma vez que em seu caudal existe outras alterações fisiopatológicas e orgânicas com altas taxas de morbidade e mortalidade. Na esteira desse espectro temos duas vezes mais doença coronária com os desfechos de infarto e morte súbita. Há uma prevalência maior também de hipertensão arterial, diabetes mellitus, obesidade, taxas mais altas de colesterol e triglicérides, várias doenças crônico-degenerativas e até mesmo incidência maior de vários tipos de câncer de mama e intestino. Torna-se fácil constatar que as pessoas fisicamente inativas em geral agregam outros fatores insalubres(de risco). Quanto mais fatores de risco mais interação entre eles, pior a qualidade de vida, mais chances de doença, de invalidez e morte prematura. A cada dia a Medicina vem recomendando o chamado estilo de vida saudável. Este ritmo ou comportamento de viver com mais saúde significa dieta saudável com menos de 2000 Kcal/dia para um adulto não atleta, abstenção de vícios (fumo, álcool, drogas), sono de boa qualidade, lazer e atividade física de no mínimo 30 minutos 4 vezes/semana. A chamada Medicina baseada em evidencias há mais de duas décadas vem constatando os inúmeros benefícios preventivos e terapêuticos da atividade física regular. Seguramente há melhora significativa da qualidade e expectativa de vida. Em termos práticos não há limite de idade para se exercitar. Os exercícios aeróbicos estão indicados, e de preferência, para qualquer pessoa. Crianças e adolescentes abaixo de 16 anos não devem fazer musculação (exercícios estáticos resistidos ). Antes de qualquer atividade deve-se fazer 5-10 minutos de alongamento para promover a flexibilização músculo-tendínea . Toda pessoa sedentária e saudável com menos de 35 anos, antes de iniciar qualquer atividade física deve submeter-se a uma consulta com um clínico geral ou cardiologista e realizar pelo menos dosagem dos lipídios, glicose, hemograma e eletrocardiograma. Acima de 35 anos é recomendado um teste ergométrico com cardiologista. Pessoas portadoras de alguma doença crônica, por exemplo: asma, bronquite, diabetes, doença cardiovascular; devem além de orientação do médico assistente, ter uma avaliação cardiológica. Deverá haver a prescrição do exercício conforme as limitações e aptidão de cada pessoa. Como se pode concluir a atividade física é, além de preventiva, medida terapêutica complementar e de reabilitação em muitas enfermidades, inclusive no infarto ou acidente vascular cerebral(AVC). O imobilismo, a apatia física ou mental, fatalmente conduz a pessoa á baixa autoestima, á depressão, ás doenças e morte prematura. Nosso próprio coração é um exemplo e convite ao movimento. Vamos seguir o exemplo e símbolo deste órgão máximo do amor, da saúde e da vida.

PREVENÇÃO DO INFARTO DO MIOCÁRDIO

O infarto agudo do miocárdio (IAM) é a principal causa de morte em todo o mundo. Cerca de 25% dos pacientes morrem na primeira hora do início dos sintomas, muitos desses antes de chegar ao hospital. A maioria das mortes súbitas se deve a uma falência ( extensa necrose) do miocárdio e/ ou arritmia. O que é e como se dá o infarto? É do senso comum se ouvir : fulano(a) não sentia nada, era saudável e morreu de infarto! Na verdade é assim mesmo que ocorre. Na gênese do infarto existe a doença da artéria coronária (DAC), formada por depósito de colesterol e triglicérides no interior dos vasos(artérias). Estas placas de colesterol se formam ao longo da vida. Se estas placas de gorduras obstruem mais de 70% das artérias coronárias, elas se tornam de risco porque podem se romper, interromper o fluxo sanguíneo e por consequência provocar o infarto daquele tecido ( músculo) antes irrigado pela artéria agora obstruída. Quais são os fatores de risco para o infarto ? Os fatores mais importantes são taxas altas de colesterol e triglicérides (dislipidemia), hipertensão arterial, o tabagismo, o diabetes, a obesidade, sedentarismo, o estresse emocional e a história familiar de infarto ou derrame em parentes de 1º grau. A principal causa de derrame cerebral são as placas de colesterol nas artérias encefálicas. Os fatores de risco são os mesmos do infarto do miocárdio. Quais são as pessoas de risco para IAM? A história familiar de infarto ou derrame cerebral mais o estilo de vida pessoal vão indicar se o indivíduo tem mais ou menos chance de sofrer da DAC. Em outros termos, quanto mais fatores de risco maior o perigo da primeira manifestação fatal, o infarto do miocárdio. Em termos práticos: todas as pessoas, inclusive crianças, devem fazer dosagem de glicose, triglicérides e lipídios sanguíneos. Todos acima de 35 anos devem fazer no mínimo a cada 2 anos um eletrocardiograma e um teste ergométrico cardiológico. A melhor estratégia contra a doença arterial obstrutiva ( infarto ou derrame cerebral) está na sua prevenção precoce. Esta começa por uma dieta saudável rica em fibras alimentares, com baixo teor de gorduras e carboidratos. Atividade física aeróbica pelo menos 4x/ semana. Dieta e exercícios regulares são as atitudes mais eficazes contra a doença arterial coronária. Vale ressaltar que antes de iniciar qualquer atividade física deve-se fazer uma consulta com cardiologista, inclusive crianças e adolescentes. Um indivíduo jovem e saudável, ainda que não sinta nada não está imune a sofrer um infarto. Hipertensão arterial e dislipidemia são fatores de risco de grande importância e silenciosos , e estão cada vez mais presentes nas pessoas sadias, mesmo jovens , em função dos outros fatores como sedentarismo, obesidade, glicose sanguínea elevada, dieta hipercalórica, tabagismo, ingestão abusiva de bebidas alcoólicas, etc. O principal sintoma do infarto é dor torácica esquerda de forte intensidade e contínua. Para quem não é médico os primeiros socorros devem constar de colocar a vítima em repouso absoluto sentado ou deitado; analgésico de preferência injetável(efeito rápido), um comprimido de aspirina(AAS) 100 ou 200 mg dissolvido via oral, um isordil 5 ou 10 mg sublingual e conduzir o paciente com urgência para um hospital que tenha unidade cardiológica. É importante enfatizar que quanto mais rápido o paciente chegar ao hospital, mais chance ele terá de sucesso no tratamento, menos complicações , menos sequelas e menor risco de morte.

CRIANÇA TEM HIPERTENSÃO ARTERIAL

Em cerca de 80% das pessoas com hipertensão arterial(HA) não se sabe a causa da doença . A teoria de um fator genético é amplamente aceita. A maioria das pessoas com HA tem o início da doença na infância, daí a importância de se aferir a pressão das crianças em consultas médicas. Atenção médicos pediatras! Existe interação do fator genético e história familiar com outras condições como obesidade, alimentação hipercalórica rica em sódio, carboidratos e gorduras, sedentarismo , stress , etc. A presença destes fatores de risco e outras condições mórbidas em qualquer idade é mais impositiva para mensuração cuidadosa e seriada da pressão em crianças de qualquer idade. Sabe-se que quanto mais precoce o diagnóstico, mais chance de prevenção, tratamento mais eficaz e menos lesões nos órgãos vitais como coração, rins e retina. Vale registrar que a medida da pressão da criança exige aparelho próprio para a idade. Os aparelhos mais confiáveis sãos os de coluna de mercúrio . Os mais usados e também muito precisos são os do tipo aneróide. Os equipamentos portáteis e automáticos , são muito falhos e passiveis de falsas medidas, em geral com medidas acima da pressão real do individuo, seja para adulto ou criança. O ideal é que esta aferição seja feita por médico(a) ou enfermeira(o). Existe tabela de normalidade( tabulada em percentis) conforme a idade da criança e do adolescente. Atualmente os profissionais médicos estão mais conscientes e zelosos quando em consultas rotineiras de crianças e adolescentes. Tal prática deve ser observada sobretudo por pediatras em fazer a medida da pressão arterial( PA) de seus pequenos pacientes , onde a relação médico/paciente é sempre mais próxima e de mais confiança. O rigor na aferição destas medidas deve ser dar sobretudo quando a criança além de fatores de risco já mencionados, tiver parentes hipertensos ou condições mórbidas para doenças cardiovasculares em geral. Vale reiterar que em 80% dos hipertensos não se consegue chegar a uma causa orgânica para a doença. Todavia, em crianças, o diagnóstico de HA deve induzir o médico a buscar uma causa secundária. Como exemplos de doenças que podem cursar com PA elevada temos tumores renal , cerebral e de supra-renal, nefropatias, baixo crescimento ou nanismo ( tumor de hipófise), insuficiência cardíaca inexplicada, convulsões, uso de drogas hipertensoras (antinflamatórios, corticóides, antiasmáticos ), drogas ilícitas, etc. Na avaliação de uma criança com HA deve-se incluir necessariamente o perfil lipídio sanguíneo, exames de urina, de função renal e tireoidianos, glicemia de jejum e ultrassom renal. As principais causas orgânicas de HA no adulto e crianças são doenças renovasculares ( mal formação de vasos renais venosos ou arteriais). O tratamento da HA na infância deve iniciar com as chamadas medidas higienodietéticas, onde se destaca o combate a todos os chamados fatores de risco como sedentarismo, obesidade, dieta hipercalórica etc. Deve-se realçar que tais medidas, às vezes, são necessárias também para os pais e cuidadores da criança. Como se pode prescrever uma dieta saudável para o filho, se os pais não adotam este cardápio alimentar? É quase impossível a adesão da criança a esta prescrição, se a família não tem a mesma atitude. Ou seja aqui vale o velho jargão de que para o filho vale o exemplo. Os filhos são os grandes imitadores e seguidores dos pais, babás e tutores. Quando necessário o uso de medicamentos, salvo um e outro caso de contra-indicação, todos os anti-hipertensivos de última geração podem ser administrados na infância com segurança. Qualquer que seja a natureza da HA deixamos como recomendação que é fundamental promover a educação da criança no sentido de ter uma dieta equilibrada e saudável e praticar alguma atividade conforme a aptidão , vocação e limites da idade. O chamado estilo de vida saudável tornar-se-á um hábito na vida adulta se ele é incorporado desde os primeiros anos de vida. A glutonaria, as orgias alimentares, a ingestão de alimentos como forma de prazer pode se tornar um vício como o de qualquer outra droga ou álcool. Na verdade segundo o dito popular devemos comer para viver e não viver para comer. Isto pode começar bem e melhor quando ensinamos corretamente os nossos filhos desde pequenos. J o ã o J o a q u i m de Oliveira – médico – joaomedicina.ufg@gmail.com

PREVENÇãO DE DOENÇAS CARDÍACAS NA INFÂNCIA

A doença das artérias coronárias (DAC) causada por depósitos de colesterol ( arteriosclerose) é a principal causa de mortes no mundo. Só nos USA são mais de 500.000 óbitos/ ano. O início da DAC se dá infância; quanto mais fatores de risco, mais é acelerada a formação das placas de gordura no interior das artérias. Neste artigo concentraremos sobre os 05 grandes fatores de risco, presentes cada vez mais nas crianças e adolescentes, nestes tempos virtuais, quando há um apelo de marketing exagerado ao consumo de alimentos hipercalóricos ricos em carboidratos e gorduras. Tabagismo- o impacto da nicotina é tão grande na saúde humana que se não houvesse fumantes teríamos 20% menos descolamento prematuro de placenta, complicação esta responsável por muitas mortes fetais e maternas; 20% menos recém-nascidos de baixo peso; 30% menos DAC ; 40% menos mortes de crianças entre 1-5 anos; 50% menos câncer de bexiga e sistema urinário e 90% menos tumor maligno de pulmão. As crianças e adolescentes se tornam vitimas do cigarro( tabagistas passivos ou indiretos) quando um ou ambos os pais são fumantes. Dentre os danos para as crianças temos bronquites, infecções do aparelho respiratório, alergias, baixa imunidade, déficit intelectual etc. Sedentarismo- a inatividade física implica em sobrepeso, pressão arterial mais alta, baixa autoestima, dislipidemias e depressão. Todas as pesquisas científicas pertinentes são uníssonas de que a atividade física propicia melhor qualidade e quantidade de vida. Por isso sua prática deve ser ensinada desde a infância. Obesidade- as sociedades médicas (endocrinologia, cardiologia ,pediatria ) têm se preocupado e feito campanhas contra o excesso de peso. Crianças e adultos obesos quase invariavelmente apresentam outros fatores de risco como colesterol alto, hipertensão arterial, diabetes tipo II e mais DAC. Vale frisar que crianças e adolescentes obesos quase sempre serão adultos obesos de difícil tratamento. Eles desenvolvem a chamada obesidade hiperplásica , Isto é , com aumento do número das células adiposas em todo o organismo. Hipertensão arterial (HA)-pressão alta significa mais placas de colesterol, mais DAC, mais derrame cerebral, mais insuficiência cardíaca, mais insuficiência renal e morte prematura. A HA é doença silenciosa, por isso deve ser medida a partir dos 3 anos de idade. A criança ou adolescente com HA deve ser encorajada a ter uma atividade física qualquer, ingerir alimentos mais leves com menos colesterol, menos gorduras e carboidratos, e manter o peso normal . Na criança e adolescente com HA , em face dos efeitos colaterais, deve-se evitar quando possível o uso de drogas hipotensoras . Colesterol- trata-se de um grande fator de risco silencioso. Só se sabe deste íntimo inimigo fazendo sua dosagem sanguínea. O colesterol total no adulto não deve ultrapassar 200mg/dL. Em criança abaixo de 12 anos, os limites máximos são 150 mg. É importante reprisar que a formação das placas de colesterol (arteriosclerose), começa na infância e antecede em muitos anos aos primeiros sintomas das doenças cardiovasculares ( angina, infarto, derrame). Por isso a recomendação preventiva deve se dar precocemente( na infância). Os triglicérides na criança deve situar abaixo de 100mg / dL . Além desses 5 grandes fatores de risco temos outros como o diabetes e a história familiar (herança genética ). Na prática, a influência genética deve ser considerada na presença de doença cardiovascular manifesta ou morte súbita em parentes de primeiro grau abaixo de 55 anos. O diabetes mellitus é outro grande fator de risco, de alta prevalência na população geral. Toda taxa de glicose acima de 110mg/dL, mesmo silenciosa encerra em fator de grande morbidade para órgãos vitais como coração, cérebro, retina e rins. Vale ressaltar no fecho destas orientações que é comum a criança, adolescente ou adulto ter mais de um fator de risco para DAC, ou doença cardiovascular latu sensu. A interação entre estes fatores se torna muito mais nociva e com grande chance de desenvolver doenças de altas taxas de morbimortalidade. Em face destas noções e conhecimentos, os trabalhos medico-científicos e as especialidades médicas como pediatria, endocrinologia e cardiologia alertam os pais e as pessoas em geral para a importância da prevenção e cuidados higienodietéticos. Por isso , mais uma vez se exalta o valor de adoção de um estilo de vida saudável. Estas medidas se adotadas na educação da criança podem além de mais sucesso torná-la um adulto muito mais consciente, disciplinado, e perenemente sadio e feliz. João Joaquim de Oliveira cardiologista joaomedicina.ufg@gmail.com

RISCO CIRÚRGICO

PREVENÇÃO DE COMPLICAÇOES E MORTE EM UMA CIRURGIA João Joaquim de oliveira Risco anestésico-cirúrgico é a probabilidade de complicações e/ou óbito decorrentes do ritual pré, peri e pós-operatório . As chances destas intercorrências são dependentes de fatores diversos como estado de saúde do paciente, qualificação profissional da equipe médica , técnica operatória e instituição hospitalar. Constitui requisito capital na segurança e sucesso de qualquer procedimento cirúrgico uma avaliação clínico-laboratorial criteriosa do doente no período pré-operatório. Não raramente esta pode ser a primeira oportunidade para algumas pessoas passarem por um “check-up” médico ,quando então diversos fatores de risco para doenças cardiovasculares como hipertensão arterial, derrame cerebral, insuficiência cardíaca, arritmia ou doenças constitucionais como diabetes, doenças renais, tireoidianas, colesterol elevado podem ser detectados . O não tratamento e a instabilidade destes fatores encerram grande risco no período trans e pós-operatório. A avaliação pré-operatória não deve restringir-se a uma lista de exames laboratoriais. Conforme a condição física , constituição do paciente, porte e duração do ato anestésico-cirúrgico faz-se necessário uma consulta prévia (história clinica) pormenorizada seguida de exames complementares e específicos para cada pessoa . Nesta entrevista médica são essenciais informações sobre alergia ou intolerância a medicamentos, anestésicos, antissépticos e outras reações adversas em algum procedimento cirúrgico-odontológico pregresso . Independentemente da complexidade da cirurgia o paciente deve passar por alguns exames básicos como hemograma completo( contagem de hemácias, leucócitos e plaquetas), análise da coagulação sanguínea , taxa de glicose (diabetes), exame de função renal e eletrocardiograma .Em cirurgias de médio e grande porte( intra-abdominal, intra-torácica, craniana, vascular) é recomendável exames mais sensíveis objetivando a presença de insuficiência cardíaca, doença arterial coronariana, infarto do miocárdio antigo já cicatrizado etc. Estas doenças , ainda que leves ou silenciosas somadas ao estresse metabólico e circulatório de qualquer cirurgia agravam o prognóstico com iminentes riscos de vida em qualquer cirurgia . Há que diferenciar os riscos inerentes e inevitáveis de certos procedimentos daqueles que eletiva e antecipadamente podem ser minimizados ou evitados. Neste contexto temos como exemplos as cirurgias emergenciais (e.g. úlcera gástrica perfurada, hemorragia interna por rompimento vascular, aneurismas) e traumas, onde as circunstâncias exigem pronta intervenção cirúrgica para salvar a vida do enfermo. Nas cirurgias plásticas, lipoaspiração e corretivas anatômicas em geral, existe um tempo hábil de planejamento pré-operatório, quando então todos exames pré-admissionais à internação são executados com quantificação dos riscos alusivos à pessoa e procedimento e medidas atenuantes e profiláticas. Um grupo particularmente susceptível de complicações no trans e pós-operatório é representado pelos idosos. Nesta faixa etária existe uma incidência maior de comprometimento de órgãos vitais como coração, aparelho circulatório, cérebro e rins. O sistema imunológico é menos operante nessa faixa etária. Portanto, além de maior ocorrência de infarto e derrame cerebral, há risco de infecções na ferida operatória e em todo o organismo(septicemia). A avaliação pré-cirúrgica do idoso, mesmo hígido, é sempre mais rigorosa. Nas cirurgias eletivas de grande porte além dos exames rotineiros torna-se mais prudente considerar exames mais sensíveis de função cardiovascular (teste ergométrico, ecocardiograma, cateterismo cardíaco) . Outro grupo que merece orientação e cuidado especial são os portadores de doença de valvas cardíacas (com ou sem próteses artificiais). Neste grupo há grande risco de infecção intra-cardíaca (endocardite infecciosa). Trata-se de doença de grave prognóstico independente do risco pertinente ao ato cirúrgico. As únicas maneiras de evitar a endocardite são técnica cirúrgica rigidamente asséptica e uso adequado de profilaxia antibiótica (medicamentos antimicrobianos). O ritual operatório é um trabalho de equipe, onde todos devem assumir seu papel com zelo, ética, humanismo e competência para um fim comum que é a saúde e satisfação do paciente. Cirurgião , anestesista e auxiliares devem atuar solidários para o bem estar do doente. Um integrante que tem papel primordial, considerado vital na cirurgia é o anestesista. Este profissional deve ser conhecedor não apenas de técnicas anestésicas, mas da fisiologia do paciente como um todo. Uma parcela significativa de pacientes cirúrgicos é portadora de múltiplas afecções que com o estresse da cirurgia são passíveis de agravamento com exigência de manuseio eficaz e emergencial. Todo medicamento e modalidade anestésica têm potenciais efeitos adversos no organismo. O sistema circulatório e coração são particularmente vulneráveis aos anestésicos e fármacos adjuvantes no ato anestésico-operatório. Ainda que a instituição hospitalar disponha de monitores, equipamentos e todo instrumental cirúrgico modernos o melhor monitoramento peri e pós-operatório é a própria equipe médica. No curso operatório, o anestesista em especial, este profissional paramentado de vestes brancas e pouco lembrado torna-se o verdadeiro “anjo da guarda do doente”. JOÃO JOAQUIM DE OLIVEIRA – cardiologista Assistente Serviço Risco Anestésico-cirúrgico HC/FM - UFG
ALCOOLISMO E DOENÇAS CÉREBROVASCULARES < João Joaquim de Oliveira O derrame cerebral é a 3ª causa de morte entre adultos e a principal causa de invalidez de idosos no mundo. Nos EEUU ocorrem em média 150.000 óbitos e 2 milhões de sobreviventes de acidente vascular cerebral (AVC) por ano. A doença arterioesclerótica ( placa de colesterol) está na gênese da maioria dos casos de derrame. Existem vários fatores de risco pessoal e ambiental para as afecções cerebrovasculares. Os principais fatores são a tendência hereditária, o tabagismo, a hipertensão arterial, o diabetes, sedentarismo, colesterol alto, alcoolismo etc. Neste artigo discorreremos sobre o álcool como um fator de risco significativo para doença cerebrovascular ( derrame, isquemia cerebral). A literatura médica é farta em trabalhos científicos mostrando a estreita relação entre o consumo excessivo de álcool e maior ocorrência de acidente vascular cerebral (AVC). Esta relação existe mesmo naquele bebedor ocasional em função de sua predisposição genética e outros fatores pessoais de risco. O consumo moderado de bebidas alcoólicas (40-60g álcool/dia), contínuo ou esporádico, já representa risco aumentado para complicações e doenças cardio e neurovasculares. As principais anormalidades associadas ao consumo abusivo de bebidas alcoólicas são alterações: da função hepática e da coagulação sanguínea, hemorragias, baixa de plaquetas e hipertensão arterial. O álcool aumenta a liberação de cortisol, renina, aldosterona, vasopressina e adrenalina. A consequência desse pool de substancias é o surgimento de grave crise hipertensiva, infarto do miocárdio, edema agudo de pulmão e hemorragia cerebral. Doenças estas de alta mortalidade, e muitas sequelas incapacitantes permanentes. Além dos acidentes vasculares cerebrais ou encefálicos (AVC) o alcoolismo é fator causal de vários outros distúrbios orgânicos com elevadas taxas de morbidade e mortalidade. Dentre estas pode-se listar: arritmias cardíacas, miocardiopatia , hipertensão arterial, trombose venosa ou arterial, embolia pulmonar, hemorragias internas, pancreatite aguda ou crônica, cirrose hepática, neuropatias periféricas, demência precoce, etc. Como em tudo na vida, trata-se de questão de equilíbrio. Não se quer abominar e abolir a ingestão de bebidas com os mais variados teores etílicos. Basta prudência, senso critico e sopesar bem a relação prazer etílico e os agravos á saúde. Então em relação ao consumo do álcool podemos deixar as seguintes recomendações: Adolescentes e jovens abaixo de 25 anos não devem ingerir nenhuma bebida alcoólica . Nesta faixa etária o risco de dependência e vicio é muito grande. Nos adultos saudáveis a ingestão não continua de até 30gr /dia ( 1 taça de vinho 250ml, 1 lata cerveja) não representa nenhum agravo à saúde. Em qualquer pessoa portadora de hipertensão arterial, diabetes, miocardiopatias e outras doenças cardíacas e vasculares o álcool tem contraindicações relativas . Neste grupo de pessoas deve-se consultar o médico sobre a ingestão de bebidas alcoólicas . O álcool é incompatível com a maioria dos medicamentos de uso continuo. Como exemplos temos os anti-hipertensivos, medicamentos para cardiopatias, antidiabéticos, antinflamatórios, antibióticos, etc. Usuários de medicamentos psicotrópicos ou neurotrópicos jamais devem ingerir bebidas alcoólicas. A interação de efeitos álcool + psicotrópicos são graves e encerram seriíssimos riscos para o usuário e pessoas à sua volta pelos efeitos psiquiátricos e neurológicos que essa associação pode provocar . João Joaquim de Oliveira joaomedicina.ufg@gmail.com

Os aditivos fúteis e vazios da Internet e redes sociais

  E nesses termos caminham rebanhos e rebanhos de humanos. Com bastante fundamento e substância afirmou o filósofo alemão Friedrich Nietzsch...