segunda-feira, 24 de junho de 2013

MUSICOTERAPIA


 EFEITOS TERAPÊUTICOS DA MÚSICA 

J o ã o J o a q u i m de Oliveira   e Ludmila de Castro Silva


Será que as prazerosas sensações que a música provoca em nossa mente, em nosso organismo emocional tem algum efeito terapêutico em nossa saúde? Será que a musicoterapia tem fundamentos científicos comprovados?
Um pouco da história: a própria Bíblia refere que Davi tocou sua harpa para mitigar a cólera do rei Saul. Hipócrates, o pai da medicina concebia a doença como um transtorno ou desarmonia da natureza humana.
Já no século XVI o médico e fisiologista Paracelso incluía a música no tratamento de seus doentes. Existem trabalhos médico-científicos que mostram uma sintonia mãe-feto. Tem sido demonstrado que o bebê ,ainda intra útero, é capaz de perceber e decodificar os sons emitidos pela mãe como o cantar de uma melodia e a própria fala da mãe. Esta sintonia pode se estabelecer também na relação musicoterapeuta/paciente. A música pode promover a síntese e liberação de substâncias ( endorfinas, dopamina) que trazem bem-estar e euforia, além de incremento da auto-estima.
A psicanálise também tem estudado o papel da música na saúde psíquica da pessoa. Através da abstração, a música é capaz de desviar-se do ego (consciente) e penetrar no inconsciente. Este processo pode ajudar a entender melhor este compartimento que compõe a personalidade humana numa sessão de psicanálise tendo a música como terapia coadjuvante.
Ao chegar ao cérebro (freqüência das ondas sonoras) a música vai produzir e projetar de forma consciente imagens, recordações vividas e/ou ouvidas e até outras sensações táteis, gustativas e olfativas. A interação destas sensações, destes sentimentos promove bem-estar, euforia, ativação de circuitos neuronais que resulta em efeitos de gratificação prazer e felicidade.
Há um estudo de 1924 conduzido por I.H Hyde que examinou o efeito da música sobre o coração, mais seletivamente sobre freqüência cardíaca e pressão arterial. O estimulo musical promove leve queda da freqüência de pulso e pressão arterial, por um efeito de relaxamento endoarterial . Há também efeito analgésico. Isto tem sido demonstrado em pacientes em pós-operatório, onde é freqüente a incidência de dores pela manipulação cirúrgica. Outros pesquisadores em trabalhos bem consistentes e criteriosos têm demonstrado o efeito da música em diminuir a ansiedade, o sofrimento emocional e a dor física . Os acordes musicais promovem um efeito interativo positivo com os medicamentos em uso, especialmente portadores de doença coronária e câncer.



No Brasil existem poucas instituições que oferecem a musicoterapia como um adjuvante no tratamento de doenças psíquicas e orgânicas como as referidas no texto. As universidades pouco interesse têm em investir em cursos e estudos sobre os benefícios que a música traz á saúde emocional e orgânica do ser humano.
Existem cursos relativos a arte musical, formação em piano, públicos e privados, mas sem este enfoque do emprego desta arte e criação como auxiliar terapêutico. Bom seria que houvesse profissionais interessados em se tornar um aliado terapêutico , uma alternativa de tratamento para tantas doenças que afligem o paciente, seja na esfera emocional ou orgânica .
O que podemos concluir desta modesta resenha da relação música/saúde no ser humano é que todos os trabalhos e experimentos apontam para efeitos que vão muito além do simples entretenimento e lazer na audição dos sons musicais .
O que por fim deixamos a todos os que se deleitam e curtem a música é que selecionem aquelas que de fato encerram uma verdadeira expressão artística, seja como poesia, seja na qualidade literária , e assim somadas a uma bela melodia podem, por instantes, mitigar as fadigas , o estresse diário, nossas ansiedades e representar assim uma terapia para nosso corpo, coração e alma.
O sentido de terapia pela música tem semelhança com outras formas de agentes terapêuticos, como os medicamentos. A música, como tratamento, exige portanto aquela composição que de fato possa promover apenas efeitos benéficos , construtores para nosso intimo , nosso ser. Que seja o estilo pop, jazz, instrumental ou clássica não importa . Se mal escolhida, certamente a música de má qualidade, sem poesia, sem uma bela melodia, sem instrumentos mais refinados poderá evocar memórias negativas, reforçar sensações depressivas e trazer mais efeitos colaterais e agravar nossa saúde.
Não importa onde estejamos para usufruir dos bons e saudáveis efeitos da música, pode ser até mesmo no carro, enquanto nos trajetos para o trabalho. Seja a sós ou acompanhado. Em casa, a sugestão é que tenhamos um momento de relaxamento, em um quarto ou sala propícia, e naquele volume suave, possamos entrar em sintonia com letra e melodia e deleitarmos das mais salutares e benfazejas evocações que esta milenar arte pode nos trazer.


- A Musicoterapia é reconhecida cientificamente e segundo a Federação Mundial de Musicoterapia ela consiste na:

"utilização da música e seus elementos por um musicoterapeuta qualificado, num processo para facilitar e promover a comunicação, relação, aprendizagem, mobilização, expressão, organização, entre outros, no sentido de alcançar as necessidades físicas, emocionais, mentais, sociais e cognitivas do indivíduo." (Federação Mundial de Musicoterapia, 1996).

- É importante deixar claro que embora a graduação em Musicoterapia não seja muito conhecida, no Brasil, a formação em Musicoterapia data de 1970 como pós-graduação sendo que em 1972 deu-se inicio ao primeiro curso de graduação. Atualmente são oferecidos cursos de graduação e pós-graduação em instituições públicas e privadas, com o reconhecimento do Ministério da Educação. Os cursos de graduação tem duração de quatro anos contando com disciplinas teóricas, práticas e estágios curriculares supervisionados em Musicoterapia. Em geral, a graduação é composta por disciplinas das áreas da Música, da Psicologia, da Medicina e da Musicoterapia.

J o ã o J o a q u i m de Oliveira médico – joaomedicina.ufg@gmail.com

Ludmila de Castro Silva – Musicoterapeuta  UFG


Aos que tiverem interesse em ler e saber mais sobre o tema entrar em contato com os autores . tels do blog ou e-mail.

Nenhum comentário:

Necedade especial

  Sejam resultados e produtos de genomas ancestrais ou educacionais, não é incomum deparar-se com um grupo de pessoas (homens e mulheres), m...