sexta-feira, 26 de julho de 2013

SAGRADO x PROFANO





                                                                                    João Joaquim de Oliveira 

 
 "Quero encorajar os esforços que a sociedade brasileira tem feito para integrar todas as partes do seu corpo, incluindo as mais sofridas e necessitadas, através do combate à fome e à miséria. Nenhum esforço de "pacificação" será duradouro, não haverá harmonia e felicidade para uma sociedade que ignora, que deixa à margem, que abandona na periferia parte de si mesma. Uma sociedade assim simplesmente empobrece a si mesma; antes, perde algo de essencial para si mesma. Lembremo-nos sempre: somente quando se é capaz de compartilhar é que se enriquece de verdade; tudo aquilo que se compartilha se multiplica! A medida da grandeza de uma sociedade é dada pelo modo como esta trata os mais necessitados, quem não tem outra coisa senão a sua pobreza “- papa Francisco 25 julho/2013

 Entre tantos fatos e feitos tenebrosos, dantescos, medonhos e macabros em nosso Brasil, um fica para a história doméstica e mundial.  Refiro-me  aqui à visita do sumo pontífice Francisco, neste mês de julho/2013. Como se sabe Mário Jorge Bergoglio (o papa) é argentino. Nosso consolo é que Deus é brasileiro.
Mas, enfim a visita desse pastor e líder máximo da igreja católica ao nosso país nos representa um verdejante e florido oásis no que tem sido nosso cenário político-governamental, um deserto tórrido, infértil e sem alvíssaras de chuvas e vidas novas.
Oxalá, a simpatia, a simplicidade, a humildade que reverberam de sua santidade, possam inspirar e contagiar muitos dos mandatários dessa gigante nação. Quem sabe assim, não germinem na cabeça de nossa presidente , de  seus 39 ministros e outros cerca de 25000 mil assessores sem concurso, muitas virtudes e outros atributos racionais para atender aos anseios e clamores de nosso povo.
 A jornada mundial da juventude (JMJ), presidida pelo papa,  pode ser um símbolo, um marco, uma combustão para mudanças positivas imediatas reclamadas  pelas classes menos favorecida. A JMJ, como sabido, é um acontecimento ecumênico. São centenas de milhares de jovens de várias partes do globo. Eu tenho como uma bem sucedida coincidência,  a JMJ com os protestos que ocorrem no Brasil . São cobranças  em diversos  serviços públicos essenciais como transporte urbano de qualidade, assistência médica digna e disponível para todos; e com muita ênfase o combate e punição à corrupção. Vejo com muito otimismo esta interposição de clamores por mudanças e a vinda do papa ao Brasil, nesses tempos de muitas incertezas e descrença em nossos homens públicos.
No que concerne à pessoa e homem Mário Bergoglio, é  unanimidade tratar-se de figura extremamente humilde e aureolada de muita beleza e sublimidade de alma. Não foi em vão que escolheu como nome Francisco. O de Assis, como se sabe, foi um apóstolo italiano que renunciou a todo bem material e viveu como Jesus Cristo, em prol dos excluídos e pobres. Tinha até as formigas e ervas daninhas como irmãos e irmãs. Fazia o bem a todos. O nosso papa Francisco de agora parece reencarnar o espírito e os desígnios de são Francisco de Assis de outrora. Que esplêndido exemplo para nós.
 Que estas virtudes floresçam em todo o seu pontificado. O mundo anda carente de seres que primam pela bondade e generosidade. A visita solene do religioso e também estadista Mário Bergoglio ao nosso país tem sido marcada de muito aparato de segurança. O bom é que ele tem se negado a tantos privilégios e distinções de outros homens de Estado. Na recepção,  que nossos políticos prepararam para Francisco,  dois momentos me aguçaram algumas reflexões e atenção! O primeiro foi seu discurso de que batia ao portal de cada brasileiro e pedia licença para entrar em nossas casas, ao nosso país, e que não trazia ouro nem prata, mas Jesus para todos. Veja quanta ternura, quanta pureza e enlevo nestas expressões. E que contraste com nossos estadistas presentes nessa cerimônia , no palácio do governo do Rio de Janeiro.

Entretanto, numa mostra da dualidade entre o belo e o feio, do virtuoso e do  vicioso, do bem e do mal; quem estavam na sessão de cumprimentos e beija mão? Vários de nossos oportunistas, corrompidos e corruptos representantes. Só para ficar em dois nomes, Renan Calheiros e Henrique Alves, presidentes respectivos do senado e câmara dos deputados. Foi o encontro da profano com o sacro, do execrável com o admirável, da maldade com a fraternidade. Ainda bem que a aura de beleza, de ética e bondade do papa ofuscou e nos fez esquecer essas polutas figuras da política.
Pensando melhor, bom seria que esses públicos e impudicos representantes do povo, com tantos acertos e dívidas em tribunais e com a sociedade, poderiam  aproveitar a presença do santo padre em nosso território e com ele confessar seus muitos e  escabrosos pecados, cometidos contra o povo e a nação. Quem sabe algumas penitências, e milhares de pais-nossos e ave-marias poderiam abrandar seus dramas de consciência e adiantar o que “suas excelências”  têm de acertar no juízo final, antes de serem enviados ao purgatório. Seria uma oportunidade ímpar. Mas, como tem outros pecados como a arrogância, a prepotência e a desfaçatez, jamais se curvariam a  esta iniciativa.     Julho/2013


      João Joaquim de Oliveira  médico- cronista DM  joaomedicina.ufg@gmail.com


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