segunda-feira, 26 de agosto de 2013

COMIDA ENGORDA E...



COMIDA DEMAIS ENGORDA
 E MATA                                           

João Joaquim de Oliveira 


 Todos os profissionais de saúde dão seus pitacos sobre como perder peso. Sendo assim eu também vou dar os meus palpites. Palpite aqui no sentido de opinião pessoal, dicas empíricas pela vivência do problema e mesmo interesse como médico pelo tema.
Na verdade uma especialidade que tem muito a ver com obesidade é a psiquiatria. A psicologia também. Afinal a obesidade muitas vezes resulta do hábito ou comportamento indisciplinado de se alimentar. Uma minoria de pessoas obesas tem uma doença orgânica de base que cause o sobrepeso. É o velho jargão, chistoso mas verdadeiro, a gente deve comer para viver e não viver para comer .
Muito sintomático e convincente  de uma causa psíquica e comportamental na gênese da obesidade é que os médicos em geral vêm com, muita freqüência, incluindo na prescrição para obesidade  medicamentos antidepressivos ou para transtornos de ansiedade. Muitos laboratórios farmacêuticos de olho nesse filão do mercado já vêm direcionando e propagando alguns produtos psicotrópicos como adjuvantes na terapia reducionista de peso.
Mas, centrando então na questão obesidade, em prefiro a expressão como não ganhar peso ao termo perder peso. Como tudo em saúde e medicina, a prevenção ou profilaxia é mais simples, mais eficaz e sempre com um custo/benefício mais eficaz e positivo para o usuário. A prevenção da doença obesidade tem um relevância muito grande na infância e adolescência. Nesta fase da vida    os pais têm um papel decisivo. Em geral filhos de obesos, obesos serão pelo resto da vida. Ora! Trata-se de um raciocínio simplista. As crianças comem tudo aquilo que os pais comem, o que se põe na mesa do café, almoço e jantar. Isto é uma regra universal. Como prescrever uma dieta hipocalórica e saudável para uma criança cujos pais não seguem o mesmo cardápio? Além de impossível é desumano. O mesmo princípio deve ser aplicado em escolas. Educação alimentar se começa do berço e espera seja cumprida na merenda escolar. São três personagens decisivas na prevenção da obesidade pediátrica e adulta: os pais, a babá e o professor(a).
Ainda no enfoque profilaxia da obesidade há uma faixa etária onde o sobrepeso assume um significado prognóstico capital. Falamos aqui dos adolescentes de 12 a 16 anos. Trabalhos e ensaios científicos mostram que indivíduos obesos nesse período de vida, se não tratados, estão condenados a serem adultos obesos de difícil controle. Eles terão a chamada obesidade hiperplásica. Trata-se de um transtorno onde o número de células adiposas (adipócitos) é muito maior do que o indivíduo que se torna obeso depois de adulto (obesidade hipertrófica).
Considerada hoje uma pandemia de alta prevalência, sobretudo em países desenvolvidos e emergentes como o Brasil, cada vez mais a sociedade precisa se engajar no combate e prevenção do excesso de peso. Não se trata apenas de questão estética, mas de uma doença com amplas conseqüências mórbidas e elevada taxa de morbidade e mortalidade.
Como dicas e recomendações que sempre dou e deixo para meus pacientes e leitores repito: o melhor é atuar preventivamente. Crianças e jovens devem ser conscientizados pelos pais com exemplos de um cardápio diário equilibrado. O açúcar puro ou  contido em muitos alimentos , guloseimas e  refrigerante constitui um grande vilão em ganho de peso. A frutose( açúcar de  fruta e vegetais) é o açúcar mais saudável da natureza. Quem ingere frutas e outros vegetais e grãos não precisa adoçar os alimentos, café e sucos com açúcar (sacarose). Isto constitui uma aberração em termos nutricionais. Para crianças e adultos obesos a melhor sobremesa são frutas e não os apetitosos e nocivos doces açucarados ao extremo. Os adoçantes artificiais podem ser consumidos por todos.
Todos devemos ter em mente que a glutonaria, a gula, a ingestão excessiva de alimentos fazia sentido em épocas pré-históricas , quando havia escassez de comida. Sempre que nossos ancestrais tinham acesso ao alimento eles tinham que se empanturrar porque não se tinha certeza de comida no dia seguinte. Era questão de sobrevivência. Isto se verifica em muitas espécies animais . Basta lembrar o ritual de muitos predadores como os leões africanos. A cada abate de uma presa eles comem como se fosse o último dia para se alimentar. Então fica esta pergunta para nós humanos: Tendo fartura e a certeza de alimentos onde e a hora que a pessoa quer, ele precisa a cada acesso à comida comer como não houvesse alimento no dia seguinte? Tal comportamento analisado friamente parece uma insanidade mental.
Uma rotina que vê e condenável é o hábito da ingestão excessiva de alimentos com bebidas, sobretudo alcoólicas como cerveja. São estimulantes a mais do apetite, uma mistura anti-fisiológica, acúmulo calórico , risco de intoxicação e ressaca mais severa. Jamais devemos ter no alimento uma fonte exclusiva de prazer e lenitivo para nossas angústias e depressões.  Alimento é uma coisa, divertimento é outra. Este também encerra outro grande erro das pessoas obesas. Orgia de comida e libações alcoólicas não combina com um estilo de boa saúde.
Uma atitude preventiva e mantenedora do peso corporal ideal são atividades físicas, que devem preceder de uma consulta cardiológica e adaptadas à aptidão e condições físicas da pessoa. Portanto, meus caros pacientes e leitores, para finalizar deixo uma frase; alimento demais engorda e mata. Beba de menos(álcool), alimente-se normal, mexa-se demais e viva mais e melhor.   

           

João Joaquim de Oliveira  médico- cronista DM  joaomedicina.ufg@gmail.com


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