sexta-feira, 27 de setembro de 2013

SINDROME DE ESTOCOLMO ....



         Epidemia da Síndrome de Estocolmo

                                                                                  João Joaquim de Oliveira 

 Os ditados populares têm muito de engenhoso e demonstram o quanto o povo, as pessoas anônimas, mesmo não escoladas são inteligentes e criativas. Eu inicio esta matéria com dois provérbios populares. Ei-los: (1)diz-me com quem andas e dir-te-ei quem és. (2)Quem dorme com o diabo cria chifres. É aqui eu pego o espírito, ou melhor a moral desse  de que dorme com o gênio do mal e herda-lhe um atributo físico, que em última análise simboliza a própria maldade (um signo metonímico da parte pelo todo).
A biopsicologia na sua parte de estudo comportamental estuda as relações ou influência das circunstâncias sobre o indivíduo. Noutros termos o quanto o convívio pode ser marcante na conduta, nas atitudes de uma pessoa a partir desse novo contato, dessa nova interação social ou circunstancial.
É próprio e inerente do ser humano o fenômeno da síndrome de adaptação. Significa nada mais do que o indivíduo se ajustar, harmonizar ou sintonizar com o modo ou princípios de alguém num convívio próximo ou íntimo, ou em  condições adversas ou favoráveis , numa relação mais lógica .  No mundo, mas falo mais seletivamente no Brasil,  temos vivido vários exemplos da síndrome de adaptação. Trata-se de  um tipo comportamental de que os governantes tiram muita vantagem, notadamente aqueles políticos com ideologia ditatorial, populista e demagógica.
O individuo se adaptar ou acomodar com algo novo e melhor é fácil de compreender e aceitar. Quem por exemplo não se sente bem e feliz com uma promoção funcional, com um reajuste salarial, com a prestação de um serviço público de qualidade etc? Não exige nenhum sofrimento, stress ou sacrifício. Basta acontecer e de pronto a pessoa se adapta ao novo estado. No outro extremo, a psicologia também bem o descreve, o  individuo é propenso não só a adaptar ou acomodar ao ruim, ao nocivo, ao antiético, ao imoral e ilegal; mas a passar a estas práticas por incitamento, ameaça ou mesmo identificação com este novo ordenamento, esta nova circunstância.
 O Brasil tem sido um campo de comprovação deste fenômeno da síndrome da adaptação ( ou acomodação). A corrupção é epidêmica e sem punição?  Então vamos todos roubar que vale a pena; a saúde pública sempre foi ruim então vamos aceitar que não tem jeito mesmo; o trânsito sempre matou muito, então fazer o quê? A educação no Brasil esteve sempre entre as piores do mundo, então reclamar para quê?
Para quem ainda não ouviu falar da síndrome de Estocolmo eu conto-a resumida. Estocolmo ( Suécia )agosto /1973. Dois sequestradores invadem um banco e fazem de reféns quatro pessoas. A policia entra  em ação; são  longos dias de negociação. Os quatro reféns  são o trunfo dos bandidos. São usados como escudo. A principio por ameaça e coerção, mas com o passar do tempo os  reféns criam uma ligação afetiva com os meliantes. De forma voluntária e muito simpatizante eles(reféns) iniciam um negociação até mesmo com o primeiro ministro em prol dos criminosos. Findo o sequestro, os criminosos são presos e condenados, os reféns  são libertados incólumes. Mas, eis que para perplexidade do mundo, não só duas jovens(reféns ), outras pessoas criam simpatia e admiração pelos ladrões em cumprimento de pena. As famílias dos ex- reféns  e criminosos se tornam afetivas e amigas. Uma refém, Kristin Enmark, explicou isso em uma inesperada entrevista telefônica: "Não tenho o mínimo medo de Clark e do outro cara( os bandidos). Tenho medo da polícia. Vocês entendem? Acreditem ou não, mas passamos bons momentos aqui".
Não é raro a mídia noticiar adolescentes e jovens sendo recrutados e aliciados para o crime. Trata-se de um fetichismo ou glamourização que produzem os criminosos audazes e inteligentes como foi o famoso AL Capone da máfia italiana. Precisamos estar alertas, sobretudo os segmentos organizados, lúcidos e honrados de nosso país. Volta e meio a síndrome de Estocolmo nos ataca e nossos governantes gostam! São mais impostos, mais doenças públicas, mais estradas esburacadas, mais insegurança pública, mais indecência em tudo e vamos acostumando, adaptando a tudo o que  é ruim  num fenômeno símile à síndrome de Estocolmo.
“Incrível é que, após mais de cem anos, ainda nos encontremos tão desamparados, inertes, e submetidos aos caprichos da ruína moral dos poderes governantes, que vampirizam o erário, aniquilam as instituições, e deixam aos cidadãos os ossos roídos e o direito ao silêncio : porque a palavra, há muito se tornou inútil… - até quando?..”. Maiakovski. Teoria Do Caos
 Por falar nisso aonde andam as manifestações de nossos jovens e trabalhadores de junho/2013? Por um Brasil com hospitais padrão FIFA, transporte público de qualidade e menos corrupção.

     

João Joaquim de Oliveira  médico- cronista DM  joaomedicina.ufg@gmail.com

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