sexta-feira, 4 de outubro de 2013

FORA DO....



FORA DO CENTRO

                                                                                  João Joaquim de Oliveira 


Uma palavrona que as pessoas bem sucedidas ou sábias empregam muito se chama concentração. Mas, afinal o que significa concentração? Atenção para sua dissecção etimológica,  con-centro-ação, ou seja estado ou ação voltada para o centro, o núcleo, o cerne ,a essência daquilo que se faz. Simples assim não? Ao escrever esta pequena crônica sobre esta condição que também encerra disciplina no que  se faz, será que eu estou bem centrado neste meu mister? Bem, pelo menos vou procurar exercer esta técnica ao discorrer sobre ela própria (concentração).
Muito já se ouviu dizer que as novas gerações ou têm uma dupla capacidade de concentração ou não se concentram em coisa nenhuma. É o caso por exemplo de se estudar ouvindo música, de dirigir atendendo o celular e enviar uma mensagem etc. Aliás constitui infração de trânsito dirigir e usar o celular. O risco é grande .
A mim, de uma geração mais madura, me parece meio complicado, fazer simultaneamente duas destas atividades, quase como assobiar e chupar cana. Eu penso e observo que a perda de foco ou centro no que se faz se deve muito ao ritmo frenético da “vida moderna”. A sociedade vem primando pela velocidade e quantidade, mas perdendo em qualidade. E põe falta de qualidade nisso. Sem qualidade de vida, de relações sociais, de laços afetivos, de vida conjugal, de afeto com os filhos e pessoas queridas e por aí vai. A dispersão das pessoas na modernidade de hoje é tamanha que elas se desconcentram até de si próprias. Querem exemplos cristalinos? Com que periodicidade  essas pessoas intituladas aceleradas e muito produtivas procuram um médico de confiança para um “check-up” básico? Quantas vezes por ano elas vão ao cinema com o cônjuge ou filhos? Quantos livros agradáveis elas lêem  por ano? Quantas viagens de lazer elas fazem com a família?
Esses tipos comportamentais aqui citados podem até estar concentrados na profissão, mas desfocados do que lhes são mais valiosos; a auto-estima, a saúde, as relações sociais e afetivas em todos os seus graus. Todos os insumos e produtos das ciências e tecnologia têm tornado as pessoas reféns ou escravas destes avanços. Os objetos de informática e de mídias digitais podem muito bem exemplificar este grau de alienação a que chegamos. Hoje as pessoas estão muito mais centradas nas redes sociais( sociais?) e suas mídias do que na família, nos amigos ou em si próprias .
A cada apetrecho eletrônico ou digital que a pessoa incorpora em sua rotina de vida, esta pessoa  se torna refém dele. Aqui há uma inversão de valores. De possuidor do objeto moderno, o indivíduo se torna possuído pelo objeto, porque este não desgruda mais do (ex) dono. São exemplos típicos dessa relação inversa o telefone celular, o notebook, os tablets, o iPhone e tantos outros objetos de informática.
Não se quer aqui demonizar ou tachar de fúteis tantos recursos eletrônicos, de informática e as mídias em geral. Chama-se a atenção apenas pelo uso certo, no contexto próprio e hora certa. Se assim não for procedido, as pessoas estão perdendo o foco, a concentração e o próprio rumo de suas vidas. Isto é perverso, nocivo e perigoso; com riscos de tornarmos tão frios e autômatos como os próprios computadores.
Se a pessoa não puder fazer uma caminhada, ir a uma cerimônia qualquer, a uma academia de  ginástica sem levar o celular e outros  penduricalhos digito-virtuais, melhor seria dar uma pausa em tudo;  talvez umas sessões psicanalíticas;  e repensar as prioridades da vida. Pode ser  falta de concentração ou foco. Cada atividade, seja no labor diário  ou lazer  merece uma dedicação exclusiva, para não sair do centro do que se faz  ou da rota certa da vida. Finalizo com este conselho: Todo utensílio ,  objeto ou invento moderno pode ser útil ou bom pelo bom ou mau uso que se faz dele; o dono é que pode ser tornar um benéfico ou nocivo( excêntrico ) usuário do próprio bem.      

  
João Joaquim de Oliveira   cronista DM 

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