quinta-feira, 26 de dezembro de 2013

FÉ E CREDULIDADE...





João Joaquim


Faço com os meus leitores desta matéria uma breve digressão sobre fé e credulidade. O que vem a ser credulidade ?  disposição consciente e voluntária das pessoas em acreditar em afirmações, ideias e teorias sem uma comprovação fáctica ou científica desses conceitos.
Trata-se de uma constatação não exclusiva do povo brasileiro, mas uma inclinação inerente do gênero humano. São vários os fatores responsáveis pela crença do indivíduo no que lhe é comunicado como “verdadeiro e real”. Entre os indutores desta tendência temos a escolaridade, a cultura, sua vivência mística(religiosa), o meio sóciofamiliar do qual faz parte, vivências pessoal e familiar dentre outros.
Um componente que julgo de grande relevo na crença das pessoas é o comunicador(interlocutor) da ideia, da “verdade” que se quer vender e passar ao outro.

Na história da importância do interlocutor, no agente da comunicação e seu peso na venda e transmissão de uma ideia eu vou buscar um grande exemplo na filosofia ocidental. Na Grécia antiga, dentre os gigantes sábios da época (Platão, Sócrates, Aristóteles), havia um classe de filósofos chamados sofistas. Os mais célebres foram Górgias e Protágoras. Os verbetes sofisma, sofismar, sofisticação tem a etimologia no termo sofista( do grego, sábio, impostor).
O que faziam os sofistas? Nada mais do que a arte da retórica, as técnicas da persuasão e do convencimento. São considerados os primeiros advogados da História. Eram os  magos da oratória. Os políticos corruptos e demagogos daquela época tinham os sofistas como mestres da propaganda e do marketing. Alguma semelhança com nossos governantes e marqueteiros políticos de agora?  Não se trata de mera coincidência!
Mas, saindo da História e voltando ao meio social à nossa volta, ao vulgo, às pessoas comuns;  menciono ocorrências muito vistas do quanto as pessoas têm a aptidão em acreditar em factóides, em teorias, em fabulações ou conceitos fabulosos e falaciosos.
Na seara mística volta e meia temos relatos por exemplo de aparição de santos, da virgem Maria e outros “milagres” pela fervorosa fé das pessoas. Não se quer negar que haja milagres. A biologia mostra muitos prodígios ; entretanto com  a neutralidade divina. A vida em si já é um milagre. Outros dois agentes de importância capital na credulidade das pessoas são a fama (celebridade) de quem diz (anuncia) um fato e os meios de comunicação. Os recursos televisivos e virtuais de hoje se tornaram os instrumentos mágicos da comunicação. A televisão noticiou vira quase uma regra, uma sentença infalível. Trata-se de simbiose mágica no convencimento das pessoas menos críticas e suscetíveis a estes recursos de comunicação. Já cinzelando o fecho do tema eu pago algumas sardinhas para minha brasa. Na esfera da saúde quantas pessoas ainda não acreditam em berinjela ou limão para o colesterol, em alho e cebola para o coração, em cura de hepatite com banho de picão, ou pepino para emagrecer?
Basta que Anas e Marias e outros atores e atrizes midiáticos e globais o “façam” ou anunciem em seus programas de muita audiência. “Podes crer”.          
          



  João Joaquim d médico- cronista DM  joaomedicina.ufg@gmail.com
   

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