INFARTO: PREVENIR É MELHOR DO QUE REMEDIAR
A doença arterial coronária constitui uma causa
significativa de morbidade e mortalidade no homem e na mulher. É muito
importante que todo médico em sua prática diária implemente métodos de prevenção
de doença aterosclerótica(prevenção primária) reduzindo as taxas de eventos
cardiovasculares. Numerosos estudos epidemiológicos têm identificado fatores
que aumentam os riscos para o desenvolvimento de doença arterial coronária como
colesterol alto , hipertensão arterial, tabagismo e diabetes .Todos estes
fatores influenciam poderosamente sobre a doença arterial coronária e são
comuns em nossa população. Todavia, o que é encorajador é que estes fatores de
risco são passíveis de prevenção na grande maioria dos casos.
A maioria das industrias farmacêuticas investem
milhões de dólares em pesquisa de medicamentos ou insumos eminentemente
curativos ou meramente paliativos, como
é a maioria das drogas para tratamento dos distúrbios lipídicos ou doença arterial
causada por placas de gordura .
Precisamos de desvincular da ideologia curativa
imposta pelos fabricantes de equipamentos médicos protéticos, das indústrias da
reabilitação, das multinacionais de medicamentos que com propagandas
persuasivas e aliciadoras tentam convencer médicos e pacientes das qualidades e
milagres de seus produtos como poderosos redutores de colesterol e mesmo da
aterosclerose. Não somos contras os anti-hipertensivos e remédios para reduzir
colesterol de última geração, nem questionamos
a eficácia das caras e potentes drogas trombolíticas no tratamento do infarto
agudo do miocárdio. Ficamos frustrados sim é de constatarmos, a cada dia, a
inacessibilidade da grande parcela dos hipertensos e infartados a esses
produtos pelo custo exorbitante e não disponíveis nos serviços de saúde
pública. Nossos governantes deveriam sair da tribuna com discursos brilhantes e
conhecerem melhor a situação de miséria das classes menos favorecidas . Existe
pouco investimento em atenção
primária. Não podemos esquecer
nunca que baixa condição sócio-econômica, pobreza, desnutrição, desemprego e
consequentemente, depressão e tristeza constituem também em fatores de risco
não só para doença arterial coronária, mas também para indignidade
e morte prematura.
Todo
médico no exercício de sua profissão deve ser um missionário da saúde,
exercendo o seu múnus profissional com
primazia e sob a égide da Ética , do humanismo a da medicina preventiva e
higienista. Ser um promotor fervoroso da saúde, não cedendo nunca às
propagandas enganosas e sem embasamento ético-científico. Citaria por fim Geoffry Rose que disse: “Nós temos uma responsabilidade profissional
pela prevenção, tanto na pesquisa como na prática médica. Quando os médicos não
aceitam essa responsabilidade, a prevenção é assaltada por propagandistas
acríticos, por impostores e por interesses comerciais escusos”.
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