quinta-feira, 22 de maio de 2014

O INFERNO É BEM AQUI



      O INFERNO ,  DANTES E DE AGORA



 João Joaquim      
            
O mundo parece andar de ponta-cabeça. Há pessoas que dizem nem gostar tanto de assistir televisão como antes, dado o noticiário de violência e  policial que aparece nos telejornais diários. Tais manifestações de recusa em não ver tanto mais TV como se fazia antes não se dão sem razão. O espaço ocupado pela maldade  nos noticiários nos enoja, nos deprime, nos preocupa e muito. Entre tantas afirmações que ouvimos de entrevistados, uma tem se tornado lugar-comum, “a gente vai para o trabalho e não sabe se volta vivo”. “Hoje foi fulano, amanhã pode ser eu a próxima vítima”.
A sociedade, as famílias perguntam atônitas. Onde vamos parar com tudo isso?  por que de tanta violência? A vida tem perdido o valor na consciência e coração dos maus. Quanto vale eliminar o outro? Um par de tênis, um aparelho de celular, um amassadinho no carro, uma rápida discussão de trânsito, vinte , dez reais, ou nada disso.
Onde estão as causas de tanto mal? Perguntam a sociedade encurralada e as famílias de todo o país.
Seria o aumento vertiginoso da população? A competição por mais território? O recrudescimento dos ânimos e intolerância a tudo? Onde entra o papel do capital em índices tão alarmantes de agressão? Seria a neurose do consumo a qualquer preço?
O capitalismo desregrado e selvagem traz embutido o instinto canibal, de agredir o outro de forma inconsequente. É o homem sendo lobo do próprio homem já dizia Thomas Hobbes , um dos filósofos contratualistas .
E a educação, ou melhor a sub ou falta dela, que papel tem na violência? Vivemos no século da educação rasa, supérflua;  quando  tudo parece descartável e sem valor.
Estamos na era do predomínio das imagens, das piadas fúteis, burras, pornôs e sem nenhum senso de criatividade. Vivemos a época do excesso de leis não cumpridas, da abundância dos direitos. Temos até o ECA( estatuto da criança e adolescente), para adolescentes delinquentes. O Estado se intrometeu muito  onde não devia, na educação dos filhos que  é de direito e dever das famílias. Hoje temos  por exemplo   a lei da palmada. Conforme o corretivo que os pais aplicam aos filhos, pode haver denúncia e processo na justiça. Todo os direitos possíveis aos filhos. Os pais agora que se cuidem. Os filhos podem entregá-los a justiça. Crianças e adolescentes hoje têm acesso irrestrito a informações no mundo virtual. Ainda que sejam informações que deformam o indivíduo em tudo, no caráter, na cidadania, na ética, no convívio social  civilizado.
Vivemos a escola da criação e formação de monstros humanos( basta acessar as mídias virtuais). Parece ser a materialização das profecias apocalípticas. Tudo tem se passado ao vivo e em  cores vermelhas de sangue. São pais e madrastas eliminando filhos, filhos descartando e executando pais em planos e cenas as mais desumanas e diabólicas. Idosos e avós de antes eram fonte de exemplo, de inspiração, de sabedoria e modelos para filhos e netos.  Hoje são estorvos, trambolhos e deixados à própria sorte.
As famílias têm se abdicado da educação dos filhos. Delegam esta missão indelegável  a terceiros(escolas). Os alunos passaram a ter formação como mercadorias. É como se para tanto bastasse um manual de instrução. As escolas são este manual, e para as famílias é o quanto basta. Basta contratar uma creche, um bom colégio e pronto, missão cumprida.
As famílias, os pais vêm tocando as suas vidas em completa distração e distanciamento entre seus membros. Falar uns com os outros para quê? Melhor falar com as mídias digitais: celular, smartphone, ipad, tablets. As máquinas não cobram nada e obedecem a tudo e a todos os dedos. Bastam simples toques digitais. O diálogo com pessoas cansa, exige raciocínio lógico, troca de emoções, hipocrisia, fingimento.
 Entramos de cabeça na era das monstruosidades. São monstros na política, monstros na cultura, na justiça, em toda a  vida social. Monstros têm sido criados até no esporte. A violência e atos monstruosos vêm grassando e contaminando todo o tecido social. Quando achávamos que tínhamos visto tudo de ruim e tenebroso, assistimos cenas as mais dantescas e repulsivas praticadas de forma gratuita e sádica. Linchamentos e execuções a sangue frio têm se tornado corriqueiros nos noticiários de TV. Armas de  fogo para os homicidas nem fazem tanta falta. Mata-se por esganadura, mata-se por estrangulamento, mata-se até com  injeção que de sedativa se usa como destrutiva( dormonid, diazepan, lexotan) . Na fúria vale até arrancar um vaso sanitário e jogar na multidão. Infeliz e perdida a cabeça  atingida, afinal a morte é gratuita, pouco importa a identidade da vítima.
Todos nós perguntamos em pânico. Quem vai nos proteger? Ninguém acredita mais nas instituições que deveriam nos defender e tutelar. O Estado está falindo ? Temos visto um estado criminoso e do mal se emulando e digladiando com o Poder Oficial.

Depois do macabro sequestro  e venda das  adolescentes e jovens nigerianas pelo grupo terrorista Boko Haram ;  desse repulsivo e nojento estupro coletivo; o que mais nos reserva este mundo-cão de tanta violência e abominação? Vamos esperar pela próxima reportagem.   Maio/2014

       João Joaquim médico- cronista DM  joaomedicina.ufg@gmail.com



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