quarta-feira, 27 de agosto de 2014

ELEITORES E O BOI-MADRINHA

ELEITORES  COMO RESES ATRÁS DO BOI OU  VACA-MADRINHA

 João Joaquim  



 Eu fico de cá a refletir com meus cadarços e botões sobre o mundo em que vivemos, na era digital. O que é pacífico, unânime e positivo são os avanços que conseguimos em comunicação instantânea quase grátis, não importa o ponto do planeta em que estivermos ; houve  melhora tecnológica em vastas áreas. Nas ciências também. O salto de qualidade foi imenso. Entretanto, uma coisa me intriga e me incomoda muito, o nível cultural das pessoas;  cultura aqui num sentido abrangente, isto é, do homem (gênero humano) como um ser crítico, pensante, participativo, proativo e capaz de transformar e mudar o seu meio social, preservar e melhorar o meio ambiente, enfim, tudo à soa volta.
Nós, os brasileiros, estamos atingindo um estágio de tanto comodismo, de tanta inércia, de tanta passividade que mais parecemos reses em uma boiada, que seguem o boi ou vaca-madrinha.  
Fôssemos pelo menos elefantes a seguir a aliá-matriarca, estaríamos com um norte mais promissor, porque são paquidermes  dotados de um tirocínio e sentidos muito diferenciados, circunspectos e inteligentes. Por isso têm uma expectativa de vida igual aos humanos.
Preocupa-me e muito o futuro de nossa juventude. Longe de estar aqui me inspirando em um saudosismo piegas, contaminado de nostalgia e espírito romântico. Mas, é oportuno perguntar: o que andam pensando e planejando os jovens do Brasil? Que futuro eles pensam para eles mesmos, para suas famílias, para nosso país? Não venham me dizer que todas aquelas manifestações de junho/2013 foram frutos e ações, práticas de pessoas críticas, culturais e pensantes em prol de um mundo mais justo, republicano e melhor.  Muito do que vimos naqueles dias foram atos e expedientes de jovens incendiários e carbonários. Eram na maioria baderneiros e black blocs que estavam ali como arruaceiros expressando seus instintos animais. São energúmenos, ignorantes e limitados de razão e de inteligência. Não se viu nenhuma pauta séria e organizada de reivindicações para um Brasil mais justo, mais honesto e melhor para todos. Inclusive para eles mesmos. E atenção! Eram na maioria jovens de classe média, de famílias com bom poder aquisitivo e universitários. E boa pergunta:  que futuro esperam os estudantes das melhores universidades, como Rio , São Paulo e outras capitais desenvolvidas do Brasil ?
O que estamos assistindo tem sido a formação de classes de pessoas ridículas, imbecis e idiotizadas. Todas alienadas, pacíficas e acomodadas em seu mundinho particular. Assim temos as classes C, D e E , aqueles que recebem assistência do governo. São todos aqueles brasileiros(as) clientes de programas assistencialistas eleitoreiros,  de bolsas e abonos do governo. Nesse rebanhão estão os agraciados com a bolsa fome zero, minha casa minha vida, de nossa presidente e governanta Dilma Rousseff . Estão todos satisfeitos com os atuais programas do governo luto-petista. Estes são eleitores cativos, a maioria integra os milhões de analfabetos. Eles não criticam nada, não pensam e não querem nenhuma mudança. Para os patrões (ou petrões) ), os governantes do momento , também está tudo bem. E para que mudar! São a garantia de perpetuação no poder.
Educação e emprego tornam as pessoas mais pensantes, mais críticas e mais exigentes. Passeatas, protestos e rebeldia dão trabalho e derrubam governos. Todo tipo de ajudinha e engambelação vindas do sistema do governo atual funciona como pão e circo à moda da Roma antiga.
E o que esperar dos jovens das classes A e B? Eu não consigo antever o seu futuro. Parecem todos contentes. Para muitos desses moços e moças bastam talvez um carrinho, uma moto, ou nem isso. Alguns dão-se por satisfeitos e realizados com seus objetos de mídia, seus notebooks e tablets. Cultura, pensar e criticar para que? Pensando bem nem precisam. As mídias, o mundo virtual já trazem um monte de coisas prontas, pensadas e coloridas. Tá certo que são futilarias, mas, já vem acabadinhas, lindas, com designs muito atrativos e basta um  click . Quando estas fontes de prazer se esgotar , há outras fontes de satisfação imediata como o álcool , as drogas licitas( compradas com receitas médicas) ou mesmo aquelas mais fulminantes compradas nas esquinas como maconha e cocaína .
 Somos mesmo como reses em uma boiada. Seguimos o guizo de qualquer boi. Qualquer líder que se diz o sal da terra, mesmo cego ou surdo para o que se passa nas cercanias de seu paço ou seu quintal. O pior cego é aquele cego de visão cultural e de cidadania e por isso facilmente manipulável por outro guia cego que pouco fez ou faz pela melhoria da cegueira do outro. Líder ou lideres estes que tentam tirar proveito de toda  forma de atraso, de falta de  instrução e qualificação técnica e profissional de seus súditos e seguidores.   
 Somos mesmo, cada vez mais bois em uma manada  que marchamos para onde apontar o sistema reinante. Os poderes dominantes como as  redes de televisão , com o apelo ao consumismo idiota e besta nos guiam  e estamos todos indo pelas suas cartilhas e dicas.
Parece que estamos vivendo aquela filosofia que  recomendava o gato Garfield , para quem não sabe o caminho a seguir qualquer caminho serve. Basta a gente ouvir o som do boi-madrinha com seu guizo e todos vamos atrás.   

João Joaquim  médico e cronista DM joaomedicina.ufg@gmail.com 

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