sexta-feira, 2 de janeiro de 2015

A FOSSA, A FOME....

A fossa, a fome, a flor, o fim do mundo..
João Joaquim


A fim de facilitar o nosso raciocínio eu quero dividir os nossos tempos  em era  pré e pós-internet. A era da virtualidade (internet) conforme o uso que se faz dela, como se referia Millôr Fernandes pode também ser chamada de tempos da infernet. Muito pertinente tamanha a devassidão e libertinagem que tomaram conta da grande rede. Naturalmente que temos a turma de bem. Ela serve como jornalismo, fonte de pesquisa, enciclopédia ( wikipedia), transmissão de dados, redes sociais do bem etc.
Mas, para favorecer nosso entendimento quero me referir à sociedade de antes e depois dessa grande invenção midiática que iniciou com todo gás no 3º milênio (ano 2000 em diante).
Quero inclusive, falando de Brasil, tecer comentários de nossos costumes e cultura bem antes da massificação dos recursos de informática. Eu era muito jovem  e ainda me lembro bem. Estávamos nas décadas de 1970, 1980. Ter uma máquina Olivetti ou  Remington era como ter hoje uma BMW ou Mercedez Benz. Era um bem restrito a poucas pessoas  e de muito luxo.
As famílias de classe média dos anos 70 e 80 ainda tinham prole de mais de 3 ou 4 filhos. Como pensavam os pais sobre a criação e educação dos filhos? Primeiro, que os pimpolhos  fizessem um bom colégio (2º grau). Naquela época (governo militar) os ciclos escolares eram diferentes dos de hoje. Fazia-se o curso primário até o 4º ano. Aí tinha uma prova pré-admissão para o curso ginasial de mais 4 anos. Depois existiam os ciclos de 2º grau. Lembro-me de duas opções principais: tinha o curso normal, maciçamente preferido pelas moças que queriam seguir a carreira de magistério. E havia a opção do colégio científico para quem queria outra profissão. Médicos, advogados, engenheiro etc.
Eu por exemplo fiz o primário, o ginasial, o colégio científico e vestibular em seguida para Medicina - formei-me pela UF de Juiz De Fora MG. Todas essas escolas foram públicas. E eram de boa qualidade. Tanto assim que não precisei de cursinhos treineiros para passar no vestibular. Os cursos pré-vestibular de hoje não ensinam o aluno a pensar, são treinados a responder questões , uma modalidade de competição  para ver  quem acerta mais e consegue os pontos para entrar na universidade. O que ainda salva é a redação . Esta sim decide quem sabe usar o raciocínio lógico, a aptidão para expressar seus pensamentos e idéias.
Os pais e mesmo os jovens daqueles tempos( pré-Internet) tinham como metas e ambição de  fazer um bom curso colegial e entrar numa boa faculdade. Os sonhos eram ter um médico, um advogado, um engenheiro na família. Isto era motivo de orgulho não só para os jovens e famílias, mas até para a sociedade que abrigava essas famílias e esses privilegiados estudantes e formandos.
A esta altura, certamente, aqueles meus leitores mais jovens (abaixo de 30 anos) devem estar se perguntando, mas quanta mudança? Como tudo mudou! Logo agora que estamos na era digital e da informática! Eu responderia:  que bons tempos aqueles onde se dava muita importância às escolas, às faculdades, à formação profissional, à cultura em geral, às disciplinas de Ética e educação cívica.  Hoje predomina a cultura( ou incultura ) do Internetês.  Escreve-se tudo em códigos, sem regras gramaticais, sem sintaxe, sem regência verbal, etc.  Um escracho geral em termos de linguagem.
Não há como a gente não comparar o que eram os anseios e projetos da juventude dos tempos pré-Internet e os de hoje. Fica a sensação de que os recursos de informática e a popularização da internet provocaram um fenômeno de alienação em nossos adolescentes e jovens. Ninguém mais dessas criaturas querem ter a ambição, o desejo, o sonho de obter uma ascensão social, profissional e cultural em suas vidas. A juventude que  com toda sua energia, seu entusiasmo, seu espírito de mudança foi sempre  tida como o futuro e salvação de uma sociedade, de um país. Será que esta esperança dos mais idosos ainda prevalece ? Eu estou cético e pessimista em relação ao futuro de nossa cultura e de nossos jovens.
Ao lançarmos um olhar mais atento para os moços e moças de hoje é oportuno perguntar: O que querem essas pessoas jovens , na fase áurea e mais encantadora e vigorosa de suas vidas? Que futuro podemos esperar de nossa juventude de nossa era digital e midiática.  Lamentavelmente o que assistimos hoje são hordas de arruaceiros e baderneiros. Quando esses jovens se agrupam ao que parece, são no intento de protestos vazios, sem pautas de reivindicações convincentes e na maioria com atitudes e práticas de vandalismo, depredação de patrimônio público e privado e nada mais. Acomodados e entocados em seus cantos, em suas casas e quartos temos uma legião de adolescentes e jovens, alheios (alienados) ao que se passa lá fora. Todos eles  estão contentes e plugados na internet, nas redes sociais, em seus objetos de mídia. Para esses o futuro não existe. Todos estão conectados no mundo virtual. Eles não estudam, não têm projetos de vida, não sonham como os jovens da era  pré-internet. Os sonhos para eles já vêm prontos através da navegação virtual. Então pensar e criar para quê? Que triste, quanta futilidade anda tomando conta de nossa juventude. É muita falta de esperança e futuro!  

  “Eu não queria a juventude assim perdida /Eu não queria andar morrendo pela vida”  - Taiguara – Hoje. 

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