sexta-feira, 2 de janeiro de 2015

COMEÇAR UM NOVO FIM....

     
COMECEMOS AGORA E FAÇAMOS UM NOVO FIM
 João Joaquim 


Já imaginou se o espírito de natal fosse uma constante no comportamento, na vida e nas atitudes de cada pessoa? Se cada um tirasse 100 ou 200 gramas que fosse do seu prato e desse a um dos 7,5 milhões de famintos  do Brasil? Neste gesto além de aliviar a fome do semelhante o sujeito perderia um pouco do excesso de peso , filantropia e saúde pura
Já imaginou se cada um de nós pegasse o dinheiro de alguma futilidade que compramos , de uma bebida, de uma gordura a mais  e desse de agasalho ou comida para um irmão com estas necessidades?
Fossem essas singelas atitudes exercidas pelos 200 milhões de brasileiros, que fossem 10 ou 12 vezes por ano, uma por mês, o mundo e o Brasil seriam mais justos, mais humanos, mais dignos e sem fome.
No livro cadeira de balanço em uma de suas belas crônicas Drummond de Andrade (1902-1987) imaginou um mundo no qual o Natal se prolongasse todos os dias do ano. Eu sou daqueles que acreditam muito no ser humano. A solidariedade é um sentimento muito real e  presente nos corações das pessoas de forma natural. O que ocorre é um processo de massificação; de materialismo, da idolatria do consumo, da posse e do egoísmo. Cada vez mais somos uma sociedade do distanciamento do outro, da dispersão familiar onde prevalece o princípio de cada um por si e Deus por todos, quando o mais humano e civilizado seria todos por um e um por todos.
O resgate do humanismo (amor) das pessoas ainda está na busca do exemplo crístico de Jesus de Nazaré. Ele foi o mais genuíno e consensual exemplo de solidariedade, afetividade e proteção ao outro , aos nossos irmãos e semelhantes.
Aliás, é bom lembrar aos mais afoitos e desinformados que Natal se refere ao nascimento dEle, Jesus Cristo. Como personagem místico e teológico, e mesmo histórico Jesus constitui o símbolo da solidariedade, da fraternidade e amor ao próximo. É difícil e inimaginável pensar na humanidade de cada um sem esses atributos.
Os sentimentos de acolhimento ao próximo, de generosidade e de amor são tão peculiares à noção de civilidade e virtude que devem ser pensados e praticados dissociados da obrigação de ser ou não religioso(a), de acreditar ou não em Deus. A vida sem a noção de coletividade, de grupo, da companhia do outro é quase impossível. Aquela história de Robinson Crusoé , de Daniel Defoe( 1719, Reino Unido), onde o personagem passou 28 anos isolado numa ilha é quase impossível. Segundo se deduz do romance, Crusoé conseguiu viver esse tempo sozinho( náufrago ) , porque ele tinha introjetado a convivência  familiar anterior. Ninguém consegue viver sem o outro.
A prática do bem e do altruísmo está acima da crença ou religião de cada um. Os ramos da filosofia (oriental ou ocidental) em todos os tempos e nos seus diversos ensinamentos sempre têm o exercício do bem, da ética e solidariedade como principais recomendações para uma pessoa civlizada.
Demócrito de Abdera (460-370 a.c) cravou esta premissa “ É preciso ou ser bom ou imitar quem o é”. Platão (428-347 a. C) foi outro titã da filosofia grega que    exaltava a prática da virtude e do bem. Disse ele: “ a ideia do bem é a mais elevada das Ciências e é para ela que a justiça e as outras virtudes se tornam úteis e valiosas”.
Hoje, nos encontramos num estágio civilizatório que, às vezes, perdemos um pouco da esperança em um mundo melhor. Um mundo bom, generoso e solidário com todos. Apesar do ceticismo de muitos, e não sem razão, eu, a exemplo da menina Anne Frank ainda acredito na bondade das pessoas. Apesar de sermos enganados e traídos por tanta gente, por tantos lideres políticos dos bens públicos, por tantos governantes e estadistas; eu ainda vejo, assisto e convivo com muitas pessoas cheias de bondade e amor. E estas pessoas, às vezes, simples e anônimas, em que pese todas as durezas e amarguras da vida; me dão a certeza de que o bem existe e ele há de prevalecer sobre a arrogância e egoísmo de muitos, aqueles que idolatram somente a imagem, a posse desmedida  de toda sorte  de bens  materiais.
Os festejos e farturas de Natal devem ser uma data propícia para uma reanálise da vida de cada um. Um momento de amolecer nossos corações. Mas, que não sejamos apenas guiados por  apelos e marketing da Brahma,  da Coca-cola, da Skol, da Samsung, da Sadia, do Mc Donald .
Quem sabe a gente não repita esses gestos outras vezes durante o ano. Não precisa ser 365 vezes como deseja Drummond. Dez, doze, já faria algumas pessoas sentirem mais humanas e cientes que elas não estão sozinhas  neste mundo.

Quem sabe não possamos praticar o que nos ensinou Chico Xavier : " Eu não posso voltar atrás e fazer um novo começo , mas posso começar agora e fazer um novo fim" .


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