terça-feira, 31 de março de 2015

POUCO CÉREBRO E....

MENOS CÉREBRO E MAIS SILICONE  

 João Joaquim


 O Brasil, conforme pesquisa atual, é o 2º país em realização de cirurgias plásticas. O segundo? Será que tal estatística não está equivocada? Confesso que fiquei amolado. Isto porque eu pensava que nesta matéria nós fôssemos também campeões. Mas, vá lá o vice lugar também é honroso, até porque a diferença não foi grandes números.
Dentro do meu encabulamento pus-me a pensar no que leva uma pessoa a trocar ou implantar tantas partes, órgãos , peças ou substâncias no corpo. Alguém  aí, algum leitor ou leitora já teve idêntica preocupação? Aliás, faço esta pergunta  mais para elas, as mulheres, que são as campeãs em tais procedimentos. Mulheres de todo o Brasil, socorrei-me! Dizei-me vós se forem capazes e seguras de suas alegações. O porquê de tantas próteses, tantos botox, tantos silicones, tantas aparas disso e daquilo em vossos corpos. Aliás, até corrijo-me, não só preenchimento, mas esvaziamentos de barriga, de culotes, de braços, de papadas.
Mas, já que vossas senhorias  não me convencem vão aqui algumas hipóteses. Poucas, mas não menos verossímeis. A primeira vem da tese de que somos produtos do criacionismo de Deus. Somos um corpo , arte e um sistema orgânico feitos à imagem e semelhança do arquiteto-mor, o criador do universo e suas milhares de forma de vida. Então mais que de repetente as pessoas ( mais as mulheres) começaram a ficar insatisfeitas com o acabamento. E tudo isto se iniciou com a descoberta do espelho. Digo isto com muita obstinação e pertinácia porque antes do espelho não se têm notícias de tais procedimentos(plásticas e silicones).
E aqui nesta mea-culpa da espelhologia entra também a prática das tatuagens. Atenção, eu disse espelho(speculu)logia, porque na espeleologia , vocês já estariam no buraco, ou melhor, na caverna.  Todavia, é bom que se faça justiça com os precursores da tatuagem. Uma arte , hoje, de emporcalhar o corpo.  Os taitianos já faziam suas pinturas e desenhos corporais antes do invento do espelho, mas só até nos segmentos corporais que alcançasse a visão, braços e pernas por exemplo. Nunca no rosto, dorso ou partes mais pudendas. Esse povo tinha critérios e comedimento em tatuar o corpo. Hoje a pessoa, de tanta tatuagem, fica sem saber qual era a cor primitiva da pele. Diziam alguns tabloides que Michel Jackson conseguiu mudar a cor do corpo inteiro através das tatuagens. De fato antes ele era negro, aí endoidou a mudar de cor que ficou branco. Isto é o que se pode considerar um racismo autólogo ou autopreconceito.
Então o invento do espelho tem sim, muita culpa e participação na invenção e prática das cirurgias plásticas e procedimentos estéticos. Dentro da espelhologia temos que destacar os subprodutos destes instrumentos de se auto-examinar. É de simples explicação, antes havia apenas o espelho plano. Então vieram os espelhos curvos, os de corpo inteiro, os de aumento. Nestes de aumento, justiça e mérito sejam feitos às lupas e lentes de aumento. Nesse estágio então foram que as coisas desandaram. A mulherada, e alguns homens também,  passaram a considerar algumas imperfeições. É uma atrofia aqui outra protuberância nesses e outros lugares, e todos recorrem a alguma recauchutagem para sair melhor na foto .  

Algumas cirurgias essencialmente estéticas, de mudanças de aspectos e contornos corporais deveriam ser pecado. Mas, como não está escrito nos mandamentos bíblicos, tudo passa batido. Eu não duvido que se novas edições das escrituras sagradas fossem feitas pelos primeiros evangelistas, lá estariam algumas cirurgias estéticas como pecado. E refletindo bem estariam cobertos de razão os escribas da Bíblia. Afinal é a criatura, adulterando, falsificando uma arte original de Deus. Faz todo sentido. Seria um pecado de  falsidade ideológica ou estelionato nessa atitude de alterar tantos órgãos e aparências. Pecado inafiançável !
A outra razão do incremento das plásticas advém de outro pecado. Como assim? Da gula ou glutonaria. Explico: a pessoa(mais a mulherada) além do pecado de tanto comer, tem outro pecadinho da modernidade, a preguiça. Glutonaria ou gula  mais sedentarismo resultam em um biótipo obeso e disforme. Excesso de gordura na barriga, na cintura e atrofia de coxas e glúteos. Solução prática o sem esforços? Lipoaspiração e implantes de silicone. Os riscos são uma infecção hospitalar e/ou um espichamento de canela. De quando em vez a imprensa noticia alguém que foi fazer uma lipo e acabou abotoando a blusa ou o paletó . Riscos da vaidade.
Por fim, uma explicação sui generis para tantos preenchimentos quem as me deu foi um neurologista. Ei-la em resumo e finalizo: O corpo humano precisa de um contínuo equilíbrio. Vale para loiras e morenas e alguns homens. O que ocorre nesta que agora se denomina hipermodernidade? Um cérebro pouco exigido e pouco exercitado ou que o exercite , mas com excessos de futilidade, tem a propensão de atrofiar com a redução do córtex  e da massa cinzenta (as mais pensantes e de raciocínio lógico ). Para esses grupos de pessoas, explicou-me o neurologista ,   necessário se faz buscar um equilíbrio corporal. Daí que resulta então a busca frenética e não pensada implantação de substâncias no corpo  para compensar a anatomia e restabelecer o equilíbrio ponderal . Perde-se a massa pensante cerebral  mas ganha-se mais em massa erotizante como bumbum, lábios e seios à La Fafá de Belém!  Para quem demorou a me dar respostas estão aí as razões de tanta cirurgia plástica ou estética, tenham elas ou não algum senso dialético , escalafobético ou  ético. 

          
 João Joaquim  - médico e articulista do DM joaomedicina.ufg@gmail.com    www.jjoaquim.blogspot.com

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