domingo, 31 de maio de 2015

DIÁLOGO DO CÉREBRO-ESTÔMAGO DE OBESO

DIALÉTICA NEURO-BARIÁTRICA
João Joaquim


 A história começa em domicílio e foi mais ou menos assim:  o sujeito acessório do enredo, tinha revertido sua cirurgia para obesidade, ele estava em casa e acabado de acordar de sua sesta. De particular ele se deleitava de seu peso mórbido. Deleitava-se?  Como assim? Poderia protestar algum endocrinologista. E já de súbito eu rechaço
- Deleite puro. Nós, magros ou macérrimos, é que padecemos de nossa magreza. Gordo além de não sofrer com fadiga e  suor  de malhação passa a vida na alegria e nos prazeres de comer sem restrição. Pensando nesse lado prazeroso e cheio de desejos não vou chamar nosso personagem de doentio ou mórbido, mas de obeso cúpido, aquele prenhe de fome e compulsões para as mais apetitosas comidas.
Assim pensando pensaria o nosso agente: não me venham com alface, tomate, pepino, rúculas e grãos integrais. Nesses pratos eu estou fora. Meu negócio é macarrão, lasanha, calabresa, fritas, carnes da boa e coca de um litro para cima.
 – Meu prato tem que ter sustança e muita massa para me manter no maior vigor e robustez. Esses pratos de muitas folhas, raízes e rabanetes é pra gente que busca flacidez.
Nosso obeso cúpido também chamado repimpão ,   já passadas duas horas do farto almoço sentiu então uma estranha corrente dialética que nascida da barriga e ia dar-se no cérebro.
O cérebro então ordena   para todo o aparelho  digestivo - você está todo se esvaziando, procure uma coisa de mastigar, na geladeira é o ponto mais próximo. Lá é que se guardam aqueles doces, tortas e outros acepipes.
O sujeito com o  estômago aos roncos   vai e abre a geladeira.  –Hum!  pouco o que de comer. Vai este copo de leite - glute, glute.
 –Tenho que fazer compras, vou ao supermercado. No hall do super o sujeito da cúpida obesidade pega o carrinho de compras e começa as vias do prazer
 -Carnes! Esta não, não, ela é muito branca e pouco suculenta. Esta outra serve. Está vermelhinha e saborosa. Vai dar aquela combinação com muito molho e batata frita. Vão  doces, chocolates e muito queijo.
-Macarrão! Onde ficam as massas? Tão ali. Três pacotes. Que deliciosa macarronada! Faltam as pizzas. Estão do lado das massas. Umas seis tamanho gigante.
–Hum!   tô sentindo a boca salivar. É fome.  Onde fica a padaria? Tá logo aqui depois das cocas.
- E assim já aproveito e coloco uns refrigerantes.
 – Hum! Com uma pizza a três queijos e bacon, que delícia!
Na padaria o sujeito completa as compras. São mozarela , pães de queijo, presunto, pão mandi, torta de chocolate e roscas carameladas.
-Vou pra fila do caixa, pensa nosso persona acessório.  Qual está mais vazia? –Esta, ali, são dois na minha frente.
A fila está indo bem, os dois consumidores à frente têm poucas compras, uns quinze itens em cada compra.
Cérebro ordena ao estômago . – Você está vazio, coma alguma coisa!
-Hum que fome. O sujeito não se vexa e não hesita. Ele saca em meio à carga uma coca 600 ml e glute, glute, glute. Todos os circunstantes tem olhares críticos e curiosos.
Cérebro para estômago:  -Isto não basta, eu preciso de mais substância! O sujeito saca o embrulho da padaria. - Vai este, um pão mandi com recheio de presunto e mortadela. Na fila mesmo do caixa do supermercado o sujeito atende aos cúpidos apelos do cérebro e estômago e devora sofrega e famelicamente aquela coca, seguida de abocanhadas naquele sanduiche improvisado.
 Nosso sujeito ex-bariátrico e repimpão está impaciente. Ele paga a conta das compras no caixa com cartão de crédito.  O cérebro já está a combinar com estômago ; -   no carro nós completamos este pré-lanche com mais coca e pão à mortadela. E assim nosso cúpido obeso seguiu com as compras já de olho gordo na próxima refeição.     mario/2015


João Joaquim - médico - articulista DM -joaomedicina.ufg@gmail.com - www.jjoaquim.blogspot.com  

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