domingo, 31 de maio de 2015

O LEITOR E O CRONISTA

João Joaquim


 Dizem que ser poeta é ser fingidor. Ele muita vez finge tão bem que dissimula até a dor. E não é fácil porque tem dor que não dá para disfarçar. Cólica renal por exemplo, que eu já experimentei umas três vezes, vai doer assim lá na consciência ou na Cochinchina . Em outras dores dá para se enganar bem. Por exemplo para as dores da alma e do coração. Mas, falar em fingimento, não é só o poeta que é um bom fingidor. Os escritores também sabem encenar, falsear, dissimular, fingir e se fazer passar por outrem. E cá entre nós, qualquer pessoa comum é um pouco poeta e um pouco escritora. A vida em si é poesia pura, uma arte literária. O que ocorre com muitas pessoas é um processo de acomodação. A maioria esmagadora tem igual talento e aptidão para ser poeta e escritor. Basta o exercício desses pendores inatos.
É bem verdade que em qualquer expressão artística há pessoas mais seletivas, com um talento congênito. O indivíduo, às vezes, já nasce com habilidades naturais. Juntando a essa inteligência intrínseca o interesse e o exercício artístico ele se tornará um gênio. Certamente foram os casos de um William Shakespeare, de um Machado de Assis, de um Olavo Bilac, de Drummond de Andrade etc.
Desses luminares e avatares da literatura e da poesia eu tenho uma santa e incentivadora inveja. Só de reler as obras dessas  portentosas figuras a gente parece haurir um pouco de sua capacidade criadora ou creadora como queriam os escritores latinos. O pouco de cultura que tenho e uma modesta facilidade de escrever, as tenho em função de uma acirrada e contínua atração pela leitura. No meu caso é uma demonstração de como o treinamento e esforço podem compensar a falta de talento. Se eu me propusesse a ser um profissional escritor seria um pangaré de escritor ou charlatão. Ainda bem que exerço a vocação maior que é ser médico. Gostaria muito de ser médico de homens e de almas, como o foi o evangelista São Lucas( vide  "Médico de homens e de almas", de autoria da escritora Taylor Caldwell). Mas, me realizo muito no meu mister de aliviar, tapear e curar algumas dores físicas e do coração. Coração, claro, no sentido somático e psicossomático.
Eu torno-me àqueles idéias iniciais do poeta ou escritor ser um bom fingidor ou dissimulador. Aqui entramos no campo da ficção. Vale para todas as artes. Um pintor ao conceber uma bela tela muita vez ele expressa uma cena puramente ilusória, impossível de se reproduzir na prática. Uma composição musical de um Chopin ou Mozart. Puramente imaginativo e ficcionais as sensações que nos transmite. Mas, tudo válido pela beleza do talento e criação artística.
Volto ao meu pequeno mundo pessoal como cronista. Uma característica de cada autor deve ser também a vaidade. Todos têm o seu grau de presunção. Se tem um fator que massageia o ego e atiça ainda mais o talento de qualquer artista são os elogios e o reconhecimento de seu trabalho. No meu dia a dia sinto muito reconfortado e bem gratificado quando algum leitor ou leitora refere ter lido esse ou aquele artigo com críticas construtivas. Às vezes também expressando protestos e discordância de algumas afirmações ou idéias. São todas bem acolhidas, porque a liberdade de imprensa e de expressão é uma de nossas conquistas .
O certo é que todas essas interações que fazemos com o leitor representam estímulo e corretivos para fazer o melhor ao nosso alcance em termos de idéias, opiniões, dados sociais, ciências e saúde. Mantenho uma característica: que é dar resposta a todos os contatos a mim dirigidos.
Para concluir e como símbolo do dito pelo escrito, reproduzo as elogiosas considerações que me fez um leitor quando caminhava no bucólico  Bosque dos Buritis. Foi quando o simpático e risonho caminhante, Eudes Luiz de Carvalho, me deteve de forma muito cortês e me inquiriu: o Sr. escreve no Diário da Manhã( O jornal mais lido de Goiânia) às  5º feiras e domingos? Agradeci-o de forma penhorada por essa gentileza e prestigio;  e aqui reitero de forma sincera  o orgulho de tê-lo no rol de meus leitores  e pelas suas palavras. Expressões que  reproduzo uma como amostra grátis . O Eudes Luiz me disse ser contumaz leitor de tudo. E mais, que tudo quanto lhe apresenta como útil nos jornais como saúde e outras matérias, ele recorta e arquiva. Inclusive as minhas crônicas. Vejam meus caros leitores(as) se isto não representa a melhor paga para um modesto escriba como este que vos fala.    Maio/2015 



João Joaquim - médico - articulista DM - joaomedicina.ufg@gmail.com -www.jjoaquim.blogspot.com 

Nenhum comentário:

Os aditivos fúteis e vazios da Internet e redes sociais

  E nesses termos caminham rebanhos e rebanhos de humanos. Com bastante fundamento e substância afirmou o filósofo alemão Friedrich Nietzsch...