quinta-feira, 30 de julho de 2015

DEUS IMORTAL...

DEUS NÃO ESTÁ MORTO  
 João Joaquim

 Um dia desses estava eu sapeando (ou zapeando) pelos canais de TV e deparei-me com uma entrevista. Eu como gosto de ouvir e ver as ideias dos outros me detive naquele canal. Era um pai com a fisionomia plangente e lacrimosa. Uma expressão de dor emocional. Foi condoído para mim  aquele momento. Esse pai havia perdido o filho em um gravíssimo acidente de carro, cujas causas já se sabem foram alta velocidade e falta dos cintos de segurança. Uma ocorrência sinistra mas, rotineira nas cidades e rodovias de nosso Brasil (60.000 mortos/ano).
Os meus leitores cativos e outros fortuitos já devem estar pensando: lá vem de novo uma matéria e esse cronista a falar de vítimas de trânsito. De fato, assim pensando, e até  o que  fazem nossas autoridades; quando morre uma pessoa se torna uma tragédia , mas muitos de forma paulatina aqui e acolá acabam virando uma estatística da polícia rodoviária e do IBGE ao final de cada ano.
Entretanto , o  que me motiva nessa fala da dor do pai pela trágica morte do filho foi sua fá que agora estava sendo colocada em xeque. Confessou o pai: todos os dias quando o filho saia para seus compromissos profissionais, ele (pai) fazia orações e pedia proteção divina para o filho em suas lides e atividades diárias. Ele sempre tinha temor, medo mesmo quando o filho estava nas estradas.  Diante do fim tão imprevisto e doloroso do filho, esse pai nesse tormentoso transe indagou do repórter “será que Deus existe”?
Veja, meus leitores e leitoras, que dúvida das mais emblemáticas de parte da  humanidade. E para contextualizar tão insigne  e universal pergunta eu rememoro outras tragédias que abateram sobre a humanidade e que suscitaram as mesmas dúvidas. Como exemplos o terremoto de Lisboa em 1755 e mais recentemente o holocausto do nazismo (1938-45) e o terremoto sobre o miserável Haiti em 2010. Só aqui foram cerca de 300.000 mortos .
Eu me lembro de literaturas jornalística e de filosofia, quando diversas personalidades desses ramos do conhecimento fizeram as mesmas indagações. Os horrores e sofrimento humano com o nazifascismo  foram tamanhos que muitos questionaram da misericórdia e da existência de Deus. Eu acredito em outras razões que escapam ao nosso entendimento .
Acreditar ou não em Deus é questão de pura convicção ou  intuição  pessoal. Diante do infortúnio, da dor, das tragédias e dos cataclismos e de outras tsunamis , penso ser compreensível questionar a existência de uma força cósmica superior, um ser onipotente e ubíquo a que chamamos de Deus.
Vamos imaginar tal questão em outro viés, mas no mesmo contexto. E a explicação da existência humana? Ela também tem dois polos de discussão. Das duas hipóteses, para quem quer que sejam, uma é verdadeira. Independentemente da tese verdadeira( criacionista ou evolucionista), temos como certo e de consenso que o homem é uma espécie diferenciada, dotada de razão e para os crentes em Deus, com a dualidade corpo e alma.
Um outro atributo sublime de que somos dotados é o chamado livre-arbítrio. Ou seja, cada pessoa tem a plena liberdade e o poder de agir da forma que melhor lhe aprouver. Todavia, com uma condição, que o indivíduo tenha também a consciência do bônus ou ônus  dessa liberdade de ação. Em outros termos ( conforme  outras filosofias ou religiões) é o que se chama de lei do carma:  o que vai, vem. Num dito mais coloquial, quem planta vento certamente colherá tempestade. Quem planta paz e calmaria certamente colherá os frutos da bonança. Quem planta prudência e os cuidados elementares pela vida, certamente terá uma existência longeva e saudável .
Clareando mais a tese acima exposta. Deus, não pode estar ao mesmo tempo em todos os lugares, mostrando o melhor caminho, a velocidade mais segura nos automóveis para os motoristas infratores. Ele também não pode evitar as fúrias da natureza contra as ações predatórias do homem em seu livre-arbítrio. Hoje os temas da moda são os efeitos dos desmatamentos predatórios , o efeito estufa, o impacto do ozônio, o derretimento das geleiras, o esgotamento da água potável , a desertificação da terra, a extinção de muitas espécies animais, etc. Culpa de quem ? Do homem no seu livre-arbítrio. Daqui a pouco corre-se até o risco da extinção da mandioca, “ uma invenção brasileira”( presidente Dilma Rousseff ).
Deus não pode impedir que um drogadito ou alcoólatra saia ao volante e morra ou mate alguém no asfalto. Ele assume as consequências sinistras na sua infinita liberdade de ação. Um indivíduo que passa décadas no vicio do álcool tem alto risco de morrer de cirrose hepática ou pancreatite crônica , todo fumante assume o risco de morrer de câncer de pulmão . Deus não proíbe ninguém da embriaguez , da dragadição , do tabagismo, de se desrespeitar as leis mais simplórias de segurança do trânsito. É o exercício dessa prerrogativa humana do livre-arbítrio , ainda que esta liberdade de poder e de ação seja para o bem ou para o mal. A escolha é de cada um.
Por isso, assim pensa este escriba, que cada um deve estar ciente de sua parte e seu dever em todo gesto e atitude. Deus tem outras coisas mais sérias para cuidar. A nós nos foi delegado fazer o que for possível . Para Deus deixemos o impossível e os milagres. 


  João Joaquim de Oliveira  médico – articulista do DM joaomedicina.ufg@gmail.com  

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