quinta-feira, 30 de julho de 2015

UM CARETA

UM CARETA E  DESADAPTADO DOS TEMPOS MODERNOS 

  João Joaquim

 Eu confesso que sou um desadaptado para certas realidades desse mundo moderno. Se bem que a ideia de modernidade é algo relativo. Um conceito parecido com o tempo que para o nosso glorioso Albert Einstein é uma ilusão. Modernidade e antiguidade ou tradição nos remetem à noção de idade, de novo e velho; enfim ao conceito de tempo. Dentro dessa definição de moderno e tradicional, vamos ao seguinte conceito: moderno é aquilo que é melhor para mim, ou esta:  é aquilo que mais me traz realização e felicidade. Pronto. Aqui esbarramos num ponto relativo e conflituoso do que seja novo e velho. Mas, deixemos de filosofar e sejamos mais objetivo e prático .
 Vamos pinçar um exemplo  ainda de bom grado a algumas  pessoas, inclusive a mim mesmo, qual seja, o hábito da leitura. O que agrada a imensa maioria dos adolescentes e jovens de nossa era digital quanto ao gesto de ler. ? Proceder à leitura nas plataformas digitais, notebook,  tablet,  iPad. Todavia, para mim e alguns outros aficionados ao livro a melhor opção ou meio de ler um bom texto ainda é o formado físico impresso. Ler um livro em papel me traz uma enorme satisfação e felicidade. Eu não trocaria o moderno do adolescente dos tempos virtuais, pelo tradicional. O jovem de hoje prefere  o livro eletrônico (e-book). Eu ainda vou mais pelo mesmo conteúdo encadernado, ou em brochura,  e, às vezes, até cheiroso com uma agradável textura ao tato e manuseio.
Nessas premissas exordiais em falei do moderno e do antigo e puxei o livro como exemplo. Iniciei com o particípio desadaptado e continuo com minha desadaptação a certas coisas (coisa, palavra coringa) desses tempos digitais e da informática. O meu word office já grifou meu texto me alertando que desadaptação não existe. Não mudo o verbete porque não estou nem aqui ou aí para rigor léxico ou ortográfico. Se no Aurélio ou Houaiss não existe , no meu há e fica assim consignado, desadaptação, desadaptado. Ou seja não ajustamento, não conformado.
Outro setor que me faz sentir meio careta ou desantenado se refere às diversões ou entretenimento. Eu pego as opções de música, sejam na forma gravada com um dj ou mais comumente ao vivo com uma banda ou um vocalista a sós(solo).
A primeira desadaptação que tenho é com a vibração sonora (altura). Muitas vezes somos convidados para uma confraternização, uma tertúlia, um encontro de colegas ou familiares. Iniciada a parte que deveria ser acessória, um fundo musical, não se pode mais falar. Ninguém ouve nada. São sons tão altos que aliás extrapolam em muito os limites recomendados como fisiológicos aos ouvidos humanos. São 150, 200 decibeis. A muitas pessoas tal exagero sonoro causa desconforto e dor nos tímpanos e terminações nervosas no ouvido interno.
Outra questão também a que não me adapto se refere ao estilo das músicas, suas letras e melodias. Em tempo, é de bom alvitre que se lembre a origem da palavra música. O termo vem de musa. Eram nove as musas, deusas das artes. Fico eu aqui a pensar com meus botões , o que deve sentir a musa Euterpe ligada às melodias, à criação artística musical (sic) nos tempos modernos. Certamente com algumas canções e estilos que temos hoje ela deve portar algum EPA , equipamento proteção auditiva, porque são letras e estilos de deixar até as deusas surdas.
Muita vez temos como convidados de uma festa pessoas na sua maioria acima de 40, 50 ,60 anos. Nesse cenário e para esses convivas são apresentados músicas tipo pagode, rock moderno ou funk; ou seja, em absoluto descompasso com o público presente.
Este exemplo da desarmonia e da disfonia( dismusia) entre a platéia e as músicas apresentadas ocorreu comigo. Fui convidado para uma festa de encontro com meus pares( médicos).  Seria um bate-papo despretensioso para falar de amenidades, umas trocas de figurinhas entre amigos. Tudo ia muito bem, festivo e com diálogos  até saudosistas.  Iniciada a cantoria, o que se tinham  era sons estridentes e músicas com letras nada poéticas, não se ouvia nada. Como ninguém dos convivas se comunicava por libras, muitos foram embora, inclusive o desadaptado que aqui vós fala. Nesse tipo de festa jamais.    Never more -   junho/15

 João Joaquim - médico - articulista DM - joaomedicina.ufg@gmail.com - www.jjoaquim.blogspot.com

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