domingo, 30 de agosto de 2015

LÍNGUA PORTUGESA

CONFUSÃO ORTOGRÁFICA NA  LÍNGUA PORTUGUESA
 João Joaquim 


 Nossa língua portuguesa como já a encantou e cantou os grandes escritores e poetas, a começar por Luiz Vaz de Camões,  foi e será sempre bela. E o será  mesmo sendo considerada a última flor do Lácio (latim vulgar e clássico) como a sonetou nosso parnasiano Olavo Bilac. Agora, cá entre nós, falando à boca miúda, como nosso idioma é maltratado. E não se trata de um fenômeno dos menos escolados ou de pouca leitura. Trata-se de um desleixo até de meios acadêmicos, estudantes universitários, escolas e muitos doutores que aprendem apenas as matérias técnicas das profissões. Deveria ser uma disciplina obrigatória em todas as formações  técnicas acadêmicas .
Nessas questões eu falo com certa autorização, por exemplo, no ambiente médico. Muitos profissionais da área de saúde, até elaboram bem um laudo de exame, de um atestado, de uma conclusão diagnóstica. Algo mínimo  de que lhe é exigido. Quando esse doutor tem que fazer um ofício, uma carta ou qualquer relatório dirigido a quem não é do mesmo jargão etc, aí sim, é certo se constatar os erros e asneiras cometidas no emprego de um Português padrão.
São gafes, às vezes grosseiras, com emprego verbal impróprio, erros de sintaxe, de concordância verbo-nominal sem contar os casos de  escritas ininteligíveis e outras graves ofensas ou crimes de lesa-ortografia ou lesa-idioma. Tais delitos em outros países e culturas, como assentes em respectivas constituições,  têm até uma pena prevista, o de voltar para as salas de aula, a fazer uma reciclagem , até aprender corretamente o idioma nativo. O bom de muitos desses doutores médicos é que eles, muita vez, sabem ou dizem saber até o idioma bretão. Só mesmo com nossas diretrizes educacionais e costumes  no Brasil.
Agora, não pensem que são os mais incultos ou desleixados com nossa língua os que maltratam nosso idioma. Aqueles velhinhos  de nossa inoperante e desenxabida Academia Brasileira de Letras (ABL) têm também o seu papel . Alguns mais afeitos ao que ali, na casa de Machado de Assis,  fazem nossos mais afamados escribas devem lembrar. Isto mesmo! De vez em quando eles sem inspiração para coisas mais sérias e produtivas inventam de reformar a língua. Já imaginaram? Reforma ortográfica da língua portuguesa (ROLP), que vira uma baita confusão . Dizem que em Portugal eles pouco estão lixando para tais mudanças. Agora imagina para um estrangeiro que aprende o Português e depois depara com essas reformas . É de pirar qualquer turista. É um aprende e desaprende a perder de vista.
A última reforma , eu por exemplo, não gostei nem um pouco. Aboliram o acento circunflexo (^) de algumas palavras, o agudo de outras (´), cortaram o hífen de algumas locuções ou compostos (-); e tremei com esta, aboliram o trema (¨) de tudo quanto é vocábulo. Não, não, eu fiquei amolado e inconformado com a revogação ou cassação de nosso simpático trema.
Vamos pegar aqui alguns exemplos de vocábulos que perderam sua elegância sem aquele chapeuzinho do circunflexo. Voo é um desses casos.  Quem assim teve essa ideia parece que voou na maionese. O vôo sem esse acento seria como um comandante sem o quepe ou o papa sem o solidéu; não tem a mesma autoridade. Eu não abençôo e tenho enjôo só de imaginar nessas mutilações de nosso vernáculo .
Quanto ao agudo. Tomemos a própria palavra  idéia. Parece que sem esse sinal inclinado (´) indicando 45º ela perdeu aquele sentido de saudação, seria como um braço erguido apontando o horizonte. Ou seja, cada acento é uma espécie de adereço , um adorno a mais para os vocábulos. Parece que nossos imortais da ABL ficaram com inveja do idioma inglês , onde não se tem acentos.
Dos compostos, um exemplo é a expressão dia a dia. Falar agora dia a dia a gente não sabe se é um dia após o outro ou se é o cotidiano( dia-a-dia), a rotina da pessoa. Antes com e sem hífen tinha-se uma clareza meridiana do significado da expressão , agora a expressão única, não composta, se tornou mais obscura.
E o trema? A lingüiça não tem mais aquele cheiro e sabor da pronúncia. Eu inclusive, me tornei de uma  vontade flácida , desmilinguida ,  em comer ou oferecer lingüiça sem trema. Outra que perdeu a firmeza foi liquidação. Sem o trema parece liquefação, aquela coisa aguada e sem muita consistência .
 Enfim, para não ficar em modorrentas delongas vamos pegar a preposição para e o verbo para (3º pessoa do indicativo): antes, esse verbo para (parar) tinha o agudo para diferenciar da preposição homógrafa(para). Olhe que quiproquó fica agora esta frase: o motorista para o táxi  para o ônibus . Quem é verbo? Quem é preposição?

Todavia, apesar dessa trapalhada dos sucessores da casa de Machado de Assis( nossa morna e infrutífera ABL), eu sugiro a todos, sejam doutores ou jornalistas, que prestem mais atenção ao serviço, seja no falar ou no escrever, porque isto faz toda a diferença.  Agosto /15 

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