domingo, 30 de agosto de 2015

LIVRE ARBÍTRIO..

OS CARMAS E FARDOS DO LIVRE-ARBÍTRIO

João Joaquim


 Eu já abordei, mas quero colocar de novo em baila um tema de que se fala muito dele nos últimos anos, a liberdade. Eu penso ser uma das faculdades a mais nobre entre todos os animais. É a capacidade ou aptidão mais almejada do gênero humano, não importando que idade ou condição tenha essa pessoa. Ela representa uma das conquistas do indivíduo ainda nos albores da existência. Basta lembrar da criança quando no ato de  engatinhar. E olha quanto trabalho ela exige, nessa fase, dos pais e babás. Afinal trata-se de uma das maiores habilidades na primeira infância, a liberdade de locomoção, a capacidade de ir e vir. Talvez a maior das liberdades ao lado da expressão e opinião. E assim prossegue o homem em sua jornada. Vem o início da fala. A criança já no domínio das primeiras palavras nos dá a maior lição de liberdade. Qual seja, a liberdade do questionamento, do como e do  por quê de tudo.
Em tom espirituoso, mas não menos verdadeiro pode-se afirmar que os filósofos nunca deixam de ser crianças porque eles são perguntadores por excelência. Esta, sim, constitui uma das maiores expressão de liberdade. Eu que sou um noviço e apaixonado por filosofia, não importa que ramo seja; reaprendi a ter o espírito e a curiosidade das crianças, que não se contentam em simplesmente ver alguma coisa acontecer. Elas exercem essa sagrada liberdade da interrogação:  o que é isso? Para que serve aquilo? Como funciona tal equipamento ou fenômeno?  como nasce uma pessoa? E atenção pais, cuidadores e educadores! Nunca dos nuncas reprima uma criança nessa tão legítima e sagrada liberdade da curiosidade. E jamais falseiem ou mintam para seu filho, seu aluno, ainda que essa e outra pergunta soa embaraçosa. Sejam francos, inteligíveis  e honestos a qualquer questionamento.
Assim que a criança vai se desenvolvendo e aumentando o seu campo de conhecimento torna-se de grande significado e determinante o papel dos pais, cuidadores e educadores no crescimento “lato sensu” e formação dessa criança. É da natureza e fisiologia da infância, adolescência e juventude a impulsividade, a irresponsabilidade e a ausência de limites, a não obediência a regras e normas de conduta. Nesse percurso da vida torna-se relevante o papel do adulto, da família, enfim do meio social onde acha inserido de forma interativa esse adolescente, esse jovem em formação. É desse segmento da vida que se pode tirar o provérbio “ dize-me com quem andas e dir-te-ei quem és”.
Pode-se cravar que é dentro dessas diretrizes e princípios que o sujeito pode se tornar uma pessoa cidadã no amplo sentido do termo.
Em se tornando um cidadão de direitos e deveres, frise-se os verbetes direitos e deveres, este sujeito faz jus ao título de cidadania, que encerra civilidade e civismo . O que é um Cidadão?  Indivíduo dotado de dignidade, consciente de sua condição de convivente de uma sociedade onde devem imperar a ordem, o respeito às normas do grupo, às leis e convenções estabelecidas pela sociedade e pelo Estado. Nessa esfera ou trajetória da vida ficam patentes mais do que nunca o exercício e fruição de toda forma de liberdade, mas com responsabilidade. Direitos e deveres em equilíbrio .
É útil e oportuno que se registre que vivemos em uma sociedade onde têm imperado os excessos de liberdade. Muita libertinagem e devassidão .  Seriam toda forma de comportamento e atitudes sem a absoluta preocupação com a liberdade e direito do outro de ter também a sua liberdade de escolha, do estilo de viver, de opinião, de expressão e atos os mais banais do dia a dia.
Uma outra faculdade ou condição inerente ao gênero humano de que usufruem as pessoas se refere ao livre-arbítrio ou a também chamada (em filosofia) de liberdade de indiferença. Trata-se de um atributo que mal exercido traz grandes danos a terceiros, à família, ao grupo social e mesmo ao Estado. Para exemplificar essa pseudoliberdade ou livre-arbítrio vamos imaginar um indivíduo drogadito ou um alcoólatra contumaz. Um e outro estão no livre-arbítrio de ser um usuário de drogas ou ser alcoólatra por toda a vida. No entanto, dessa “liberdade” de se autodeterminar para esses nocivos e perniciosos vícios muitos danos poderão resultar para outras pessoas, muito sofrimento e dor familiar. Vamos explicar melhor.
Imagine, como se vê em muitas famílias, um chefe de família (pai, marido) que passa longos anos no abuso do álcool! Um dia esse organismo vai cobrar a conta. Uma cirrose hepática, um derrame cerebral com sequelas incapacitantes. Pergunta-se: que liberdade ou livre-arbítrio foi esse de no futuro, esse drogadito ou alcoólatra  se transformar num pesado fardo e estorvo para a família?

 Por isso deixo esta última mensagem: nem toda liberdade e livre-arbítrio podem ser absolutos e sem limites porque as consequências podem ser muito danosas, de tormentas  e de grande sofrimento moral, físico e emocional  aos familiares e ao Estado que vão cuidar desse agora incapaz que se entregou aos prazeres da vida. E eles existem aos milhares por aí em nossas famílias, em nossa sociedade. Eu tenho esse tipo na família , tu podes ter,  nós e muitos outros poderemos os ter um dia ,  como um carma, uma cruz eterna e pesada. Quão triste pensar nesses nossos bebuns e outros dependentes químicos no seu danoso livre-arbítrio e futuros trambolhos para os parentes que nada tinham a ver com esses vícios .       Agosto/  15

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