sábado, 31 de outubro de 2015

FAMOSOS E CÉLEBRES

CELEBRIDADES MOMENTÂNEAS E “ESCRITORES POR UMA UM DIA”
João Joaquim


Em todos as épocas e idades culturais sempre existiram as( ou os) personagens que se destacam pelas futilidades e excentricidades. Agora, com uma diferença, como as informações e comunicações se popularizaram, essas pessoas e autores se tornaram mais vistos. Essa mudança de exposição e visibilidade se deve, claro, à facilidade de divulgação pela internet com suas globalizadas mídias e redes sociais. É a democratização sem limites e sem censura( do fútil e do inútil ) da liberdade de informação e de expressão. “Um lado bom da vida”. Dentre as muitas futilidades, excentricidades e esquisitices tão em voga nesses tempos modernos em discorro sobre três tipos de pessoas no seu ” modus vivendi ou faciendi” ou jeito de viver e aparecer na sociedade. E aqui englobamos todas as categorias  sociais. Seja na família, numa classe profissional, ou mesmo na  sociedade, ou tribo global num termo mais moderno.
O primeiro tipo esquisito com o qual deparamos é aquele chamado pela imprensa de celebridade instantânea. Essa classe de gente infesta de forma deprimente as redes de televisão, a internet e todas as mídias e redes sociais como youTube, facebook e whatsapp. Trata-se de uma infestação e epidemia que seguem os oráculos de Murphy; o que está ruim hoje pode (e muito) piorar. É o que assistimos em escala geométrica .
Tal categoria de pessoas ditas celebridades instantâneas  são oriundas de algum fato inoportuno ou inopinado  e mesmo acidental. Às vezes, nessas circunstâncias são içadas ao degrau de heróis. E então se sentem o sal da terra, o suprassumo da virtude  pelo feito por exemplo de salvar alguém que estava em risco de morte ou devolver uma carteira com documentos e dinheiro de um desconhecido. Aqui é como se a virtude precisasse de divulgação, de televisão, de aparecer ao vivo em qualquer  mídia de imagem .  Nesses instantes com os focos de uma TV a pessoa se mostra a mãe ou o pai da honestidade e da virtude. Mas, até que esses são os menos daninhos como componentes da sociedade ou tribo global. É a chance que o sujeito tem de aparecer e ser famoso, por um ou poucos dias .
Nesse estrato, ainda, dos famosos momentâneos temos os participantes de eventos como “reality shows” e outros programas apelativos de televisão de alta audiência. Os atributos e virtudes para tais celebridades já são bem conhecidos. São os dotes físicos. A pessoa pode ser semi-analfabeta, mas tendo aquele corpo malhado já tem grande chance de estrelar ou comandar uma novela, um programa de televisão; até casamento milionário se consegue da noite para o dia, quando  juras de amor eterno são feitas, até que um escândalo termine a união .   A mulher então costuma sair na frente nesses lances de sorte. Basta ter uma silhueta bem encarnada e esculpida, mamas e bumbum tornados a silicone em profusão  que a fama está garantida.
Fugindo bastante dos tipos notáveis transitórios eu descortino dois outros tipos de gente muito encontradiços em nossa sociedade. Se não excêntricas e esquisitas , essas personalidades  padecem de outros traços e gostos psicopatológicos. Nessa subclassificação de humanos temos aqueles(as) que gostam de fama e homenagens, ainda que tais dignificações em nada ou muito pouco lhe dizem respeito ou retrate algum merecimento.
Em muitas cerimônias celebradas com o propósito de se fazer honrarias a certas pessoas, sejam gestores públicos ou privados, temos a oportunidade de, num olhar mais atento e neutro, perceber o quanto de pessoas que recebem diplomas de honra  ao mérito , medalhas e outras comendas sem tais homenageados(as) nada edificante ter feito para merecer as referidas distinções, aplausos , louvores e outros discursos cerimoniosos .
 Medalhas, diplomas  e estatuetas se concedem ao alguém  por algum feito virtuoso de forma continuada e de iniciativa voluntária;  também  ao talento, ato de bravura (militar por exemplo) e ações filantrópicas  de grande vulto de forma espontânea ; e não por amizade, compadrio ou outros motivos escusos.
 Uma outra forma de justa concessão dessa e outra honraria, prêmios e outros símbolos honoríficos se faz a alguém pelo seu mérito artístico , não importa em que ramo for, artes em geral; literatura, produção de alguma obra de valor didático ou paradidático ou também no campo das Ciências. Um bom exemplo são os prêmios Nobel nos vários ramos das artes e trabalhos científicos. Ou outras láureas e valor pecuniário como reconhecimento pelo que o homenageado produziu.
 Para finalizar não podemos esquecer os tais escritores bissextos. O sujeito, faz lá um livreto , uma fajuta monografia pessoal( que chama de “autobiografia”) ou de família e convoca uma sessão de autógrafos e se autoproclama escritor. Temos vários exemplos desses pela nossa sociedade brasileira a fora. Muitos se valem por exemplo de um órgão de sua categoria profissional, na chamada cultura do corporativismo (médicos, advogados, jornalistas) e se autointitulam escritores.
Numa análise crítica, mesmo não sendo crítico literário, percebe-se o quanto de nada de construtivo, de arte, de valor didático ou paradidático  ou lúdico possuem tais títulos de tais autores momentâneos . Muitos desses tais escritores fugazes  se tornam até membros de sociedades literárias, academias de letras ou científicas em seus estados, ou até mesmo de nossa Academia Brasileira de Letras. Só mesmo no Brasil.  Que triste , não !
Machado de Assis referia aos escritores medíocres como “fanqueiros literários. Essa calamidade literária não é tão dura para uma parte da sociedade....uma das aberrações dos tempos modernos”. Já Sócrates, através de Platão, os intitulava também de “açambarcadores efêmeros dos sucessos imerecidos. Por isso alguns soam como balão , porque  de conteúdo não têm nada”.
E aqui eu faço uma referência a um escritor goiano que recebeu de forma justa e merecida, no mês de setembro/2015, um meritíssimo  prêmio de nosso glorioso Iphan. Aliás, pelo que ele faz foi meramente simbólico . R$ 30.000.  É muito pouco pela sua contribuição na Literatura, na Gastronomia, em Medicina Popular, no Folclore e outros ramos das Artes. Falo de nosso querido e polímata Waldomiro Bariani Ortêncio. Rendo-lhe aqui, de público, minhas homenagens pelo seu talento e produção .  Ah, com um detalhe , ele só não esperava dividir o prêmio com a Receita Federal. Descontaram-lhe o imposto de renda. Só mesmo no Brasil. Min. Joaquim Levy, prêmio é prêmio, uai! Por que tributar o mérito ?


 João Joaquim de Oliveira  médico e articulista do DM 

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