sábado, 31 de outubro de 2015

NATUREZA E PREVENÇÃO

MENOS REMÉDIOS E AGROTÓXICOS  E MAIS NATUREZA E PREVENÇÃO
 João Joaquim


Hoje, ao escrever este artigo eu estou mais uma, de tantas vezes, a  avaliar a quantas anda o estado de nossa Medicina Preventiva. Uma paciente procurou-me com um pequeno ferimento perfurante na planta do pé. Além da assepsia e curativo de praxe, prescrevi-lhe uma imunoglobulina e vacina anti-tetânica. Acreditem quem quiser, mas em todas os Postos de Saúde, cantos e remansos de Goiânia  não há vacina contra uma doença quase sempre fatal, o tétano. Três doses da vacina e a pessoa está imune por 10 anos. Já imaginou o sujeito morrer por falta de uma simples vacina, obrigação da Saúde Pública. Faltam várias outras vacinas na Capital.
 Cada vez mais eu dou razão ao notável Nelson Rodrigues que tão bem descreveu o nosso complexo de vira-latas. Ah! no Brasil é assim mesmo, nada tem jeito, e voltamos para a nossa zona de conforto. É a política, a economia, a ética, a moral pública;  nada pode ser mudado. Todos vamos nos conformando e nos adaptando ao “status quo”. Somos ovelhinhas do mesmo rebanho. Na boiada já fomos e continuamos a ser bois , parodiando Geraldo Vandré.
Somos considerados um país emergente, integrante dos BRICS, a 7ª economia do mundo . Entretanto , quando o assunto é saúde somos terceiro-mundista em consumo de crack e outras drogas ilícitas, em bebidas alcoólicas, das quais a cerveja e a cachaça as mais populares. Somos campeões em falta de previdência  , em consumo de drogas lícitas , aquelas compradas livremente em farmácias das esquinas, em psicotrópicos com as receitas de um  médico amigo ou pirateados pela internet. Quase todas as famílias tem alguém que usa um rivotril, um lexotan, um diazepan, um frontal, uma paroxetina, um citalopran etc.  Somos uma espécie de povo que  consome vários remédios proibidos e abolidos nos EUA e Europa( para obesidade por exemplo) graças à fragilidade das leis e normas da vigilância sanitária , da leniência do  ministério da saúde e Conselhos de Medicina. Somos tudo isto e muito mais. Na América Latina, não somos os únicos . Somos uma espécie de laboratório de experimento de tudo quanto é paliativo, curativo,  embromativo,  empulhativo e lucrativo  de países primeiro-mundistas.
Quando se fala em saúde, somos todos vítimas de um sistema industrial e capitalista que visa apenas o  lucro. A medicina preventiva e todas as suas coirmãs como a homeopatia, a fitoterapia e a medicina quântica são exemplos nesse pacote; porque elas não dão lucro, não enriquecem as indústrias e seus empresários. São por isso pouco atrativas e desinteressadas.
Nós somos um país e um mundo (leia um sistema industrial e capitalista) que cuidamos e tratamos direitinho os sintomas, as doenças e suas sequelas e consequências. As estratégias e metas ideais deveriam ser o que? Tratar bem a saúde, o indivíduo, as crianças, as gestantes. Com que métodos e recursos? Com o emprego de toda forma de terapia preventiva. As vacinas e soros e muitas outras modalidades de profilaxia são apenas bons exemplos.
 O que é saúde (definição atual da OMS)? É um conjunto harmonioso de bem estar físico, psíquico, mental, social, relacional, ambiental, religioso e ético.
 Parece até exagero, mas a corrupção e as crises éticas vividas no Brasil são uma grave forma de doença, porque elas refletem e contaminam todo o organismo nacional e todas as instituições públicas. Órgãos esses que tinham a obrigação de zelar pela segurança, direitos e saúde das pessoas. Hoje, somos um país doente, tamanhas são as angústias, medos, ameaças e incertezas que invadiram as casas e famílias dos brasileiros(as). Como ter saúde plena num cenário desses? Segurança pessoal, social, no emprego; a paz e conforto de espírito encerram também em bem estar e saúde. Como ter esses estados no Brasil de hoje ?. Estamos entrando em falência múltipla dos órgãos públicos.
Torno à Medicina Preventiva ”stricto sensu”. Cada dia, cada ano que passa ,somos uma humanidade doente. Nossas doenças são o resultado daquilo que comemos, da interação com o meio ambiente, com toda forma de alimentos e toxinas que ingerimos. Tudo saudável  de que o organismo humano precisa pode ser obtido e extraído da terra. São elementos simples. Basta que sejam puros e sem agrotóxicos. Vitaminas, aminoácidos , proteínas etc . Todos  podem ser obtidos no cultivo da terra, sem atitudes predatórias .
A cada dia que entro nas enfermarias e UTIs de um hospital eu me convenço daquele axioma “ nós somos o que comemos”. São as doenças degenerativas como as vasculares, o infarto, os derrames cerebrais, a obesidade, o diabetes e muitas formas de câncer. Frutos e consequências de nossa alimentação preferencial: os churrascos, as massas, as carnes industrializadas, as gorduras saturadas e trans ,  os carboidratos em excesso e bebidas como os refrigerantes e cervejas. Aliados a um estilo de vida sedentário, temos então um  pacote completo para as doenças que mais matam no mundo, as citadas acima.
Um exemplo cristalino e robusto do estrago que faz os alimentos da moda e o sedentarismo está, acreditem,  nos próprios  animais de estimação das pessoas. Os cães e gatos que as pessoas trazem enjaulados em casas e apartamentos (ou apertamentos) têm menos expectativa de vida e padecem das mesmas doenças e mortes dos donos:  obesidade, hipertensão, diabetes, infarto, artrose e câncer. “ São animais  tão amigos e fieis que sofrem os mesmos males e têm as mesmas causas mortis dos amorosos donos” ( João Dhoria Vijle). Que ironia!
Em conclusão pode-se afirmar que nosso organismo nos fala a todos os dias através dos sintomas e doenças que nos afligem. Os sintomas e as enfermidades são alarmes e sensores de nosso corpo e  constituem uma oportunidade de evoluirmos e refletirmos sobre a importância da prevenção. Se os governos e a Saúde Pública pouco fazem para as pessoas, cada um de por si pode buscar na alimentação, na natureza e no estilo de vida estratégias e opções para um envelhecimento saudável, sem órteses e sem  próteses ; e com muito mais qualidade de vida pessoal, e menos ônus  para a família e sociedade.       Out/2015



João Joaquim médico e articulista do DM

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