segunda-feira, 30 de novembro de 2015

A MORTE DOS BOIS...

O SILÊNCIO DAS AUTORIDADES COM A MORTE DOS BOIS NO RIO PARÁ

  João Joaquim



De quando em vez eu gosto de falar sobre os bichos. E aí dependendo de como e o  que se fala, tem gente que discorda, vocifera e falta pouco nos excomungar pelo que expressamos. Trata-se muitas vezes de questão de opinião, trata-se em outro ensejo, de afirmações com fundamentos na biologia, na zoologia e também na medicina (dos humanos). Uma coisa é o diletantismo com tempero de humor e desfastio; outra coisa bem diversa é quando se fala de matéria  com indícios e evidências científicas. Como médico eu tenho um profundo gosto e fundamentação, quando escrevo, sobre a  chamada medicina baseada em evidências (MBE). São dados com critérios  científicos, nada de achismo ou  simples pitaco.
Lembra-me bem um certo artigo que escrevi cujo título era  -os riscos da convivência com animais de estimação. Para quem não leu vá na busca de meu blog, www.jjoaquim.blogspot.com. Nessa matéria, eu abordo justamente quais as consequências para os humanos da proximidade entre as pessoas e seus intitulados animais de estimação. Diferente de outros brinquedos , esses amiguinhos e mimados pets , de forma inocente, simpática  e irracionais que são, podem ser a fonte também ,de maneira insidiosa, lenta e imperceptível de doenças, algumas, às vezes  incuráveis. Toxoplasmose, microcefalia, tuberculose, entre outras.
Desde criança em sempre tive uma relação próxima e amorável com os animais. Nascido e criado em zona rural até os 13 anos de idade, eu  fazia uma interação permanente com os bichos domésticos e selvagens. Desde as galinhas com seus pintainhos até bois e cavalos. Sei bem quando uma mula empaca e, às vezes, o tombo é  certo. Por sorte nunca me feri cavalgando esses animais. Já fui atacado por cachorros e guardo as cicatrizes até hoje. São instintos selvagens que os territoriais e fieis canídeos carregam de seus ancestrais. Que os cães  são amigos e protetores dos donos é ponto pacifico e pronto. A diferença entre o cão e o gato é esta . O cão morre pelo dono, o gato frente a alguma ameaça é o primeiro a fugir e salvar a própria pele.
Já adulto e pré-senescente eu continuo com meus sentimentos de cuidado e proteção aos irracionais (termo que tem momento parece invertido com os humanos). Eu sempre fui um fã ardoroso de São Francisco de Assis, porquanto ele foi e é o santo protetor dos animais. Suas notas biográficas dizem que ele se dizia amigo até das formigas e plantas daninhas e as chamava de minhas irmãzinhas. No que eu o admiro de forma incondicional. Todos os animais, penso eu por intuição e convicção, foram postos no mundo como criação divina. Isto pensando no mundo macro. Agora no micro, tenho para mim que as pragas e as bactérias foram uma criação do diabo, aquele anjo decaído e das trevas que se rebelou e tudo fez para contrariar Deus, o criador do universo com suas belezas. Basta lembrar daqueles micros da tuberculose, da sífilis, da dengue, do HPV , das hepatites e da temível Aids.
Torno ,ainda, a um pouco da minha história com os bichos.  Ainda recentemente, morava em um sobrado com um baita quintal. Lá tinha os pássaros livres no quintal e dois outros  tipos de bichos que poucos apareciam para as pessoas. Eram as minhas minhocas (anelídeos) e escargot (caracol). Bastava chover e eles vinham à tona da terra para passear. Alguns se esticavam até à calçada e rua, eu corria lá e os recolhia para o quintal. Alguém via, fazia cara de asco com expressões de bicho nojento!
- Eu retrucava, não importa, são de estimação e os protejo  e trato como se fossem meus cachorrinhos. A biologia nos informa que é um dos bichos mais antigos sobreviventes na terra, são da era paleolítica. Na França e mesmo no Brasil há pessoas que os consomem como pratos exóticos e apetitosos. Eu nunca os experimentei, mas que são carnosos , são .
Por fim, quero registrar uma tragédia que poucos jornais e TV a mencionaram, quando muito  em rodapé de páginas,  como algo corriqueiro e que a mim me provocou repulsa, dor e muito pesar. No dia 6 de outubro/2015, uma empresa de nome Minerva (SP) embarcou 5000(cinco mil) bois no porto de Vila do Conde, Rio Pará /Barcarena PA. Estes animais seriam transportados em condições de tortura e degradantes para frigoríficos, não se sabe para onde. No porto, no momento da partida, o navio de bandeira libanesa naufragou;  99% dos animais morreram afogados.
Além das cerca de 3000( três mil)  toneladas de animais mortos, o navio, certamente sem capacidade e potência para tamanha carga, tinha também 700 toneladas de óleo diesel (petróleo), que estão presos no fundo do rio. Um ponto pacífico é que as consequências para o meio ambiente, as águas do Pará e ribeirinhos da região estão sendo  e serão, por tempo não sabido, catastróficas.
A sociedade brasileira, autoridades, pessoas se condoem com os maus tratos e morte de um cãozinho, com uma ave de estimação. Algo normal e compreensível porque qualquer bichinho tem sensibilidade, emoção e dor. No porto de Barcarena PA, 5000 bois, vacas e novilhos morreram sob tortura, asfixiados e afogados enjaulados em um geringonça  chamada de navio. O Brasil praticamente não tomou conhecimento desse morticínio de animais (3000 toneladas de reses estão enterradas no fundo do Rio Pará). Eu continuo triste e amolado com tanta maldade com os bichos ali mortos de forma tão cruel e degradante. Quem são os culpados? Haverá punição para tais gigantescos e odiosos maus tratos à vida animal e ao meio ambiente?  Por que o silêncio dos chamados grupos protetores dos animais? Por onde andam  os protetores  dos cães beagle , do Instituto Royal, de São Roque- São Paulo( outubro/2013) ? Vocês que depredaram o laboratório do Royal, resgataram os cães que eram, aliás, muito bem tratados , só porque eles eram usados como cobaias. Vocês não vão protestar pelos milhares de bois mortos afogados, por questões de insegurança e maus tratos de quem os comercializa ? E os frangos que são mortos aos milhares nas granjas do Brasil, por falta de energia elétrica ? Ninguém vai protestar ?
O que vão dizer as autoridades responsáveis e os governos do estado do Pará e Federal? Por que todos silenciaram após a tragédia ? Vivemos em um mundo onde os cães domésticos são tratados como gente, pessoas no trabalho e coletivos urbanos andam como bois e bois em geral são tratados como cachorros . Quanta falta de senso humanitário e bovino .   Nov/15.  

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