domingo, 31 de janeiro de 2016

CHILE, A SUÍÇA SULAMARICANA

  POR TERRA E DE OLHO NOS ANDES DO CHILE
 João Joaquim


E  assim eu fiz mais alguns avanços no meu périplo pelo Mercosul. Desta feita percorri o Chile, considerado a Suíça da América do Sul. Em cada viagem que faço fora do Brasil eu constato que não valemos nada. Ou melhor, não valemos nada como ser humano, como pessoa. Trata-se daquela relação onde somos não-pessoas. O que valem mesmo são nossos cartões de crédito, os dólares que trocamos pelos reais entre outros códigos e direitos pré-pagos( passagens aéreas, hotéis etc).
 No meu caso, desta feita, foi até com um leve susto e pitoresco. No departamento da Polícia Federal, área de imigração do aeroporto de Guarulhos São Paulo , passei por uma ligeira detenção. Ao consultar meu passaporte o agente de plantão da PF me informou, o sr. consta como procurado pela justiça. Aí pensei, uai!  será que matei alguém culposamente e não estou sabendo? Feitas as devidas averiguações, consultado o meu dossiê e currículo civil , o policial me tranqüilizou. Não, não;  trata-se de um homônimo e homógrafo. As mães são diferentes. Olha o quanto as mães são importantes até nesses tipos de  apuros.
De resto, tirando algumas turbulências e a fetidez corporal (cê-cê) de um indiano que exalava no avião, o mais  correu tudo normal. Nesse ponto, fiquei matutando, a Índia além das águas do Ganges tem tantos outros rios, por que o povo de lá só toma banho a cada 7 dias?
Falando especificamente do Chile. Tem razão o seu cognome de Suíça sulamericana. Antes de suas virtudes, vamos aos seus vícios e defeitos. Primeiro, as variações climáticas que são terríveis. A temperatura vai de neve ao calor escaldante do Saara Africano (até 55ºc). O país é estreito (média de 160km), mas tem mais de 4000km de extensão. Outro ponto ruim é a gastronomia. São alimentos de má qualidade e caros. Em quase todo prato a batata (palla, em Espanhol) entra como iguaria. Ainda na culinária, não se tem os restaurantes “self-service”; tudo a la carte”.
As belezas naturais e a arquitetura são de padrão Fifa e com muita influência europeia. Uma curiosidade , o país tem um expediente e atitude de segurança em relação ao gás de cozinha e etanol com apenas 4 acidentes domésticos de  incêndio caseiro,  em 20 anos. Ao final eu conto a razão desta peculiaridade.
A balança em termos de qualidade de vida é altamente favorável. Não é à toa que a nação tem um IDH  próximo dos países escandinavos ( Islândia, Dinamarca, Suécia, Noruega). O trânsito é extremamente organizado, com baixíssimo índice de acidentes. Detalhe, crime de tráfego tem punições pesadas. Omissão de socorro e embriaguez ao volante são qualificadoras de elevada gravidade; nenhum atenuante de primariedade ou responder em liberdade por esses delitos.
A limpeza urbana e destinação dada aos lixos se equiparam ao visto em países europeus. Praças e parques naturais são mantidos como se fossem jardins residenciais. As pessoas são extremamente gentis e receptivas com os turistas.
 Os pontos turísticos mais frequentados são os parques naturais e as vinícolas. Os vinhos são de ótima qualidade e de baixo custo.
Os principais vinhedos estão nos arrabaldes de Santiago como Concho y Toro, Santa Rita , Vale de Maipo etc .
Por fim, duas coisas eu exalto daquele povo: primeira, o quanto as pessoas valorizam os seus verdadeiros herois e personagens da cultura. Andando pela cidade deparamos com muitos monumentos, bustos e estátuas daqueles que lutaram pela independência e outros feitos pela pátria.
 Na cultura por exemplo, fiquei admirado com as casas (museus) de Pablo Neruda e Gabriela Mistral (prêmios Nobel  de Literatura).
A segunda proeza chilena a se registrar se refere a um presente da natureza; falo de um trecho da cordilheira dos Andes. Sua imponência e magnificência deixam embevecido qualquer amante da natureza.
O esplendor dos Andes me causou tamanho deslumbramento que veio em mim a suposição de que aquelas montanhas e picos foram talhados e esculpidos não por abalos sísmicos, como teorizam;  mas pelas mãos de Deus. Ali me senti tão minúsculo que declamei para mim mesmo um verso de Castro Alves: “ Eu sou pequeno, mas só fito os Andes”. O país não tem etanol nem gás de cozinha.  Os 4 acidentes domésticos com este combustível  , em 20 anos , teve uma origem  clandestina. Algum latino entrou no Chile  com botijões de gás e os utilizava de forma ilegal. Pelo menos é o que me contou um guia local, ele não soube me  assegurar se era algum brasileiro.    Jan/16



João Joaquim de Oliveira  médico e articulista do DM  

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