domingo, 31 de janeiro de 2016

GLUTONARIA.. POR QUÊ...

NOSSAS FARRAS E ORGIAS DA BOCA E DO BACO VÊM DAS RUÍNAS DO IMPÉRIO ROMANO.

João Joaquim  


A cada passagem de natal e ano novo torna-se inevitável não remontar ao início de nossa era cristã, mais precisamente à época do antigo Império Romano, século II e III d.C; e com isto fazer algumas comparações de costumes, hábitos e modos de vida, daqueles e de nossos tempos.
Intrigas, confabulações e confidências da história, mas tudo cheira ao verossímil. A civilização romana então viveu o seu apogeu(zênite), mas foi também às profundezas do inferno, pela degradação da moral, das leis e toda sorte de devassidão e maledicência. Uma das marcas das muitas formas de degeneração comportamental dos romanos da época era o hábito da glutonaria. As orgias alimentares, de se refestelar em comidas, noites e dias a fio era uma forma de prazer de todas as pessoas da época.
Essa era uma marca que estratificava as pessoas. Quanto mais ricas as famílias, mais elas se chafurdavam no pecado da gula.
A essa altura dessa leitura qualquer leitor já tira de pronto alguma conclusão. Por que a lembrança dos romanos em sua decadência? A historiografia nos dá essa resposta. O excessivo apego que os ocidentais têm ao prazer de comer vem dos costumes daquela época. E aí teve uma ideia  as indústrias e mercados de alimentos em explorar essa debilidade sensorial das pessoas, em ter no paladar, na degustação, na farra alimentar e libações de bebidas uma forma de  “felicidade”, diversão e prazer. A busca dessa satisfação, do instinto de comer mais e mais , além das necessidades nutricionais, num mero comportamento de prazer , do sentido do paladar é uma busca, um subterfúgio para muitas formas de angústia, de ansiedade, das dores existenciais que abatem sobre as pessoas .
Dois outros fatos também verossímeis herdados da ruína do Império Romano merecem registro nesta crônica. Trata-se de duas doenças  psiquiátricas encontradiças nas clínicas de psicologia e psiquiatria. Uma, a bulimia (do grego, boulimia= fome de boi ou fome devoradora). Trata-se de um distúrbio mental no qual a pessoa come a la  pantagruel ou gargântua ( vide em obras de François Rabelais)  . Em seguida sentindo-se mal, tipo empachamento gástrico ou náuseas, a pessoa vai ao banheiro e provoca vômitos, no sentido de se livrar daquele excesso de alimentos. Nas farras do decadente e corrupto Império Romano, tal prática era comum, tendo em vista a reingestão de mais e mais comida e perpetuação dos prazeres da boca e do baco( deus do vinho e das orgias alimentares e gustativas).
A outra doença, ao avesso da bulimia é a anorexia nervosa . Trata-se daquele distúrbio psíquico ou fobia mórbida de muitos alimentos, com o terror e preocupação de que todos façam a pessoa engordar. Esse transtorno psiquiátrico tem sido encontradiço em jovens que trabalham como modelo, pelo rígido padrão de beleza, baseado em silhueta magra.
Enfim, e voltando aqui para nosso império ou república brasileira e nestes tempos de tanta ruína política e moral, onde tão poucas pessoas têm tanto dinheiro e pouca honestidade; não há como não fazer esse paralelo com a derrocada e esboroamento das instituições públicas e civis do povo romano daqueles tempos( decadência moral e institucional e toda sorte de devassidão, entre elas as  libações alcoólicas e gastronômicas ).
O Natal ou Ano-novo pode ser apenas uma de muitas datas, senão todos os dias, em que se deve refletir sobre o exagerado apego, culto ou quase religião ao hábito e cultura da ingestão prazenteira, orgíaca( ou dionisíaca)  e festiva de alimentos, libações alcoólicas e muita bebedeira, quando não com um adjunto nocivo e destrutivo, que são as drogas ilícitas. Aliás, ilícitas , por enquanto , porque pelo cheiro das decisões de nosso supremo tribunal(STF), em breve, tudo pode se tornar permitido e lícito , inclusive o uso e posse de canabis sativa( maconha), e outros baseados.
Em tempo, é bom que se registre . Não se quer e não se pretende condenar e censurar ninguém por uma nutrição saudável. Ela faz parte de nossa saúde. O que se deve buscar é o equilíbrio e gosto racional no prazer de qualquer forma de alimento e bebidas. Em pequenas doses ,uma taça de vinho por exemplo tem até efeitos terapêuticos.
O natal e muitas outras datas festivas poderiam bem servir para que prolongássemos nossa generosidade e partilha. A terra que continua tão generosa tem espaço e alimentos para todos. Trata-se apenas de menos desperdício, menos glutonaria, menos bulimia e saber melhor dividir o feijão, o arroz e o pão com todos. Essa poderia ser uma boa promessa e mudança de meta em nossas vidas em cada ano , do começo ao fim. Que seja um mero pãozinho ou sobra que fosse para o lixo e déssemos a quem precisa . Isto já seria um gesto de muito sentido  de minorar e saciar a fome de quem pouco ou nada tem para comer em completo abandono pelas ruas. Isto vale muito para os pais em relação aos filhos. O mundo melhor que pretendo construir  para os meus filhos vai depender dos filhos melhores que vou deixar para esse mundo.

Jan/2016

João Joaquim

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