segunda-feira, 29 de fevereiro de 2016

ZIKA E ZICA

 BRASIL,  PAÍS DE UM ZICO E MUITA ZIC(K)A

João Joaquim 

ARTIGO SOBRE ZIKAVIROSE PARA SE RELER DAQUI A 2 ANOS. No  país inteiro, a maioria das pessoas está assistindo , aterradas e esbaforidas às notícias da epidemia da zikavirose (infecção pelo vírus zika). E então, como médico, com formação em clínica médica e medicina interna também me senti no direito de algum alvitre, o popular palpite ou pitaco.
Segundo nos conta a história, o vírus foi primeiro descoberto na floresta zika, em Uganda em 1947 . Em 1952, dois cientistas, o médico George Dick e o insetologista Alexandre Haddow (escoceses) comprovaram pela primeira vez o neurotropismo (infecção cerebral) do vírus. O experimento foi feito em ratos e achava-se que não haveria infecção nem sequelas em humanos( síndrome congênita do zika vírus). Com essa convicção os estudos foram encerrados. Como se vê parece que faltou mais curiosidade àqueles pesquisadores escoceses .
Decorrentes de fatores culturais, de boatos, e poucos dados biológicos do mosquito e do vírus surgem então o pânico, o desespero e tantas outras sugestões de nossa sociedade. E aí todos sabemos, como vivemos em uma Pindorama cada vez mais chafurdada em deseducação e ignorância, acreditar em boatos é mais fácil do que esperar e  buscar o mais correto e científico .
Alguns mitos e boatos, sem nenhum fundamento como estes :  o uso de vacinas vencidas causa a zikavirose. A redução da medida do perímetro cefálico, recomendada pelo ministério das doenças (ainda o chamam de ministério da saúde), se dá para baixar o número de notificações. Era 33, agora o perímetro indicado é 32 cm. Outro mito: a modificação do edes egípcio (o mosquito aedes aegypti) fez surgir o vírus zika. Ou seja, o Brasil já anda com tanta zica que ainda inventaram mais essas da boataria. É muita ziquizira ( urucubaca ) para um povo com tantas outras como as que nos infestam  vindas do  mundo dos políticos .
Por conseguinte eu resolvi então emitir meu parecer, nesta leve digressão. Que ela soe como um vaticínio, um augúrio. Daqui por exemplo 2 ou 3 anos, uma dessas hipóteses  se confirmará.
Para o desfecho do que hoje pode-se considerar uma pandemia, eu vou buscar alguns casos semelhantes  na história. Para quem não se lembra, vale o esforço de revisitar os registros da revolta da vacina, início do século XX , novembro de 1904.
Na época, era diretor de saúde o médico e cientista Oswaldo Cruz. Governo do presidente Rodrigues Alves .  O certo é que com o decreto da vacinação obrigatória contra a varíola ( já extinta no mundo)  ele , Dr Oswaldo Cruz,  foi quase linchado. As crendices, os boatos, as charges e pânico divulgados pela imprensa da época eram grotescas e risíveis. A própria imprensa não levava muito a sério a eficácia da vacina.
Mais recentemente tivemos na África, os surtos do vírus ebola, epidemia plenamente controlada. A epidemia (quase pandemia) da gripe suína em 2009 (H1N1). Foi um pânico e correria mundial. Em pouco tempo tudo se resolveu inclusive com a produção da vacina(H1N1) ao alcance de todos.
Possíveis consequências e diretrizes em relação à zikavirose. Falo aqui como médico e expectador das cenas culturais, costumes, índole da sociedade e da Política brasileira. Hipótese 1. Passa-se o pânico, tudo volta ao normal. A doença entra na estatística do SUS, do ministério da saúde. Nessa possibilidade entra até , por determinação do  governo do PT, a concessão de alguma bolsa-microcéfalo. Revela-se em um absurdo, mas enfim , tratando-se de governo demagógico e populista tudo é possível. O que o atual governo deveria fazer seria implementar medidas gratuitas pelo SUS de controle de natalidade. No momento o que se sabe é que o vírus só traz risco para gestantes, e não todas. A placenta é um grande filtro para o feto. Nem toda infecção da mãe chega ao feto.
Hipótese 2. Descobre-as a vacina  anti-zika. Torna-se obrigatória a todas as meninas e mulheres em idade fértil e tudo sanado da forma a mais simples, cientifica e ética. A exemplo do que está sendo feito com a prevenção do  HPV, causador de câncer de colo uterino. A prevenção é recomendada   em adolescentes ( mais as meninas).
Se não chegar à síntese da vacina e confirmada a relação vírus e microcefalia, resta como em situações similares,  de todos baixar a guarda, perder o pânico geral e continuar aumentando o grupo de microcéfalos. A exemplos do que ocorre com outros riscos. Quer exemplos  da chamada síndrome de Estocolmo ou da acomodação ? Será que diminuiu a população de síndrome de Down, com a certeza e ciência de todos( especialmente mulheres)  de que gravidez acima de 35 anos é fator de alto risco para filhos com esta doença (síndrome) genética?
 Outra pergunta . A consciência da sociedade de que sexo sem preservativo (parceiros de comportamento de risco) transmite o HIV reduziu os casos de AIDS no Brasil e no mundo ? Leiam os indicadores  de infecção aidética no Brasil e no mundo .
As estatísticas tanto dos nascimentos de Down quanto das infecções pelo HIV atestam bem o quanto as pessoas, passado o alarme geral, entram num estado de acomodação e aceitam certas realidades impostas como essa do vírus zika e outras mazelas em saúde pública ou mesmo de natureza diversa no cotidiano da sociedade . Todas são doenças sociais , com alto impacto na qualidade de vida, na segurança e bem estar do cidadão .
 Como exemplos, o custo de vida mais caro por causa da inflação, vale-transporte e passagens reajustadas de forma arbitrária, coletivos urbanos infestados de delinquentes, outros tantos ônibus queimados de forma escancarada pelos blacks blocs   ,  educação e SUS pedindo socorro, estradas mal conservadas e mortes nas rodovias todos os dias etc. São mazelas e cancros sociais com os quais vamos tendo um convívio  de bom grado e passivamente. Essa é a nossa índole, da eterna tolerância, da acomodação, da aceitação de tudo como normal...etc...E a cada surto deste e outro fato nefasto, vêm nossos governantes com discursos hipócritas, eleitoreiros, demagógicos ; e logo logo, tudo se torna como dantes no país dos muitos Abrantes.
Com a zikavirose, a tendência é a mesma. Daqui 2 ou 3 anos a gente confere, qual destas hipóteses se confirmará . Tomara que a mais humana e benfazeja , a da vacina anti-zika . 

João Joaquim - médico - articulista DM - joaomedicina.ufg@gmail.com   WWW.drjoaojoaquim.com,   facebook .com   João Joaquim de oliveira  

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