quinta-feira, 30 de junho de 2016

COM ARMAS E SEM ALMAS

A INSANIDADE DE POSSE E  PORTE DE ARMAS DE MORTE
João Joaquim  


Há certas sandices que só podem prosperar e vicejar na cultura do povo americano. E há  certos projetos de lei que só podiam ter sido aprovados no congresso brasileiro. Todos ouvimos a trágica notícia nesse 12 de junho de 2016, dia dos namorados, sobre o atentado de um terrorista americano, na  boate pulse,  Orlando , quando 49  pessoas foram executadas e 53 ficaram feridas. Algumas em estado crítico. Um cenário bélico .  
O atentado, como vem repetindo as agências de notícias, é classificado como  um ato terrorista doméstico. Mas, um grupo terrorista já o reivindica para si.  Trata-se de um jovem americano, cuja família tem ascendência afegã. O autor dos assassinatos, de nome Omar mateen(29),  foi executado pela polícia local.
Ao que parece, a nação americana, através dos poderes constituídos; congresso, judiciário e executivo; levará mais 50 anos e centenas, talvez milhares de pessoas assassinadas em atentados como o dessa boate, para entender de forma contundente e convincente que arma de fogo não é um objeto que se porta como um celular ou canivete. 
Pode sugerir um desdém e escárnio à inteligência ianque. Mas, que cultura é essa, desse povo tão evoluído, tão livre e tão tecnológico em possuir e portar armas tão letais e tão destruidoras? Por mais que se queira, tal interpretação soa inaceitável. Todos quantos já viajaram e conhecem os E.U.A sabem o quanto o país é  diuturna e  muitíssimo bem  policiado, o quão eficazes e céleres funcionam as leis, a polícia e a justiça. Por essas e tantas outras instituições é que não se compreende, primeiro, essa arraigada e recalcitrante cultura de porte e posse de arma de fogo; segundo, do próprio congresso não ter um projeto de lei de proibição do livre comércio e trânsito tão fácil  de armas de fogo. Lá , o cidadão sem antecedentes criminais pode ter quantas armas quiser.
Se lá na terra do tio Sam temos o que podemos chamar de insanidade, qual seja  a livre aquisição e trânsito de armas, por falta de lei que o proíbe, como tachar uma lei  brasileira que expressa justamente o contrário? Por aqui tal lei é no mínimo inócua e letra morta, para não dizer outra asnice. Vamos às diferenças entre lá e cá .
No Brasil, como se sabe, houve uma consulta popular ,  em 2005, o povo disse não à proibição do  comércio de armas de fogo (64% contra) , mas o  congresso aprovou a lei do desarmamento( governo do Presidente Lula da Silva). Possuir uma arma de fogo em casa, no carro ou na cintura é crime. Além de ter o bem (no caso o mal, a arma) tomado, o cidadão ainda responderá pelo delito. Aqui temos outra insanidade política no Brasil; então por que consultou o povo? Quanto dinheiro jogado fora com plebiscito, urnas eletrônicas , e outras idiotices .
A diferença de eficácia de uma lei que criminaliza a compra e propriedade de armas de fogo no Brasil( vetado o porte de arma)  e U. S. A( porte livre) está justamente nas desigualdades de todas as instituições dos dois países. E isto começa pela eficiência das polícias de lá e de cá, no controle e fiscalização de fronteiras, no contrabando, na pirataria; e sobretudo na eficiência e prontidão da justiça, em todos os níveis, em especial nos crimes contra a vida. Sabe-se que as polícias e justiça brasileiras elucidam não mais do que 15% dos homicídios. Além disso nosso código penal está completamente desatualizado. 
No Brasil, à medida que se desarmou os cidadãos honestos e trabalhadores, houve um incentivo ao reaparelhamento dos criminosos. Tal inversão no poder de fogo dos criminosos  e de reação das vítimas  se nota nas estatísticas de assassinatos, de assaltos à mão  armada, em execuções a sangue frio e tantas outras tentativas de homicídios e crimes por lesão corporal.
O estatuto do desarmamento no Brasil, embora não tivesse intenção seletiva, ele assim se tornou, de forma indireta. E se torna fácil seu entendimento. Qual o criminoso ou procurado pela justiça ia querer desfazer-se de seu principal instrumento de “trabalho”, sua arma de fogo? É pouco crível que algum desses tais tivesse tal iniciativa.
Portanto, são duas nações. O americana, onde a banalização da compra e circulação livre de armas, continua a assistir às piores perversidades de execuções e atentados por mentes perversas, por terroristas  e  condutas psicopáticas. Como país de 1º mundo e com instituições de Estado altamente operantes é de se supor que leis proibitivas pudessem minimizar em muito tais massacres. O próprio presidente Barack Obama, tem opinião de que se deva proibir o porte de arma , e o faz de forma sincera , com se vê  e ouve em seus discursos. Não há dissimulação ou hipocrisia em suas teses. 
Já em nossa nação Brasil era mesmo pouco acreditável que tal lei funcionasse em minimizar tanta violência. Tal legislação em nosso caso foi no mínima inócua e inoperante porque o que se viu foi o recrudescimento de toda espécie de crimes  contra pessoas, e contra o patrimônio público e privado, com o emprego de armas de fogo; algumas até com alto poder destrutivo, a exemplo de fuzis, escopetas e metralhadoras, exibidas por integrantes dos chamados crimes organizados. É o estado bandido , altamente ativo e disciplinado ou “organizado” dentro do Estado Oficial. Que triste!   Junho 2016.

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