quinta-feira, 30 de junho de 2016

GENTE OU PORCOS..

 PORCOS, BESTAS-FERAS E  IRRACIONAIS
João Joaquim  


Eu estou pressuroso, afanado, esbaforido em saber quem classificou o homem (gênero humano) de animal racional. Não, pessoal, isto não tem condições de prevalecer nos dias de hoje, século XXI, era digital e da informática , da informação e da deformação humana em condutas as mais diversas.
Não me venham com aquele papo e argumento que a coisa teve início com a história de Adão e Eva lá no Éden. Como refere a narrativa ,a razão de Eva mordiscar e degustar o fruto proibido foi a serpente. E daí começa a dúvida, quem foi mais irracional? A mulher ou o ensinamento do ardiloso ofídio?
Não me venham também com justificativas de taxonomistas da estatura de um Aristóteles (384-322 a.C ) nem de um Linné (1707-1778).
O que eu quero é que tal nomenclatura ou taxonomia seja revista. Ou que ao menos seja revisitada e haja uma nova sistematização. Assevero neste ponto porque não tem  a mínima condição de em pleno século XXI , a era da chamada hipermodernidade, todos, homens e mulheres indistintamente sejam tachados de animais racionais. Proponho por exemplo uma subclassificação. Assim: super-racional, racional, sub-racional, medianamente racional, levemente racional , de racionalidade indefinida e irracional.
Assim, inicialmente delineado, vamos aos fundamentos. O que é ser racional? Pensar e agir conforme a razão. Ponto final. Para mais clareza, o que vem a ser razão? Algumas noções simples de serem cristalizadas em nossa memória : é a capacidade de um animal (o homem é um animal ) de compreender, julgar uma ideia, um objeto, um feito qualquer. É o mesmo que juízo, prudência, bom senso. É a faculdade que eu e você temos de avaliar o que é o bem e o mal, o que é certo e errado; de considerar em cada atitude o que seja benéfico para mim e para o outro, o que é bom para o que vem depois de mim em um assento público, em uma mesa de restaurante, em um bebedouro, em um quanto de hotel, em um banheiro público etc.
Eu vou resumir dois fatos de que sou testemunha do quanto existe de gente irracional entre algumas pessoas racionais e outras poucas muito racionais.
O primeiro fato muito corriqueiro de que todos no Brasil puderam um dia  ter dele sido vítimas. Eu estava caminhando pelo Lago das Rosas(que aliás não tem mais rosas), um dos cartões postais de Goiânia. Precisei de um pit stop para um alívio vesical, a popular retirada d’água do joelho. Para isso avistei um banheiro no interior do parque e busquei-o para tal necessidade. Esse, que deveria ser um toalete , não tinha as mínimas condições de uso. Imaginem a fetidez e exalação putrefata de fezes humanas e outros excrementos de dois, três dias. Além da pestilência do ar e do ambiente, pululavam moscas e mosquitos num cenário o mais macabro e virulento em termos de imundície e insalubridade. Todo esse cenário de absoluta degradação de higiene, e de incivilidade, não precisa dizer, se deu   por gestos, atos e atitudes de quem? De humanos. Humanos que  se aliviam de suas necessidades fisiológicas e deixam seus excrementos à vista no mais alto grau de repugnância , contaminação por coliformes fecais e outros microrganismos nesses excrementos em avançado estado de podridão e proliferação de agentes patogênicos para todos os desgostos e para desgraçar a saúde de quem precisa desses bens públicos.
Nesse virulento e macabro banheiro público que deveria servir a todos duas observações; uma, a de quem deixa tal ambiente em tal estado; a outra, a da Prefeitura de Goiânia , que não fiscaliza e deixa um bem público em tal estado de repugnância e risco às pessoas, mesmo sem  usar tais sanitários. Todos os entes públicos de governos são muito eficientes para cobrar tarifas e impostos do cidadão , mas para o bem social de todos, pouco, muito pouco mesmo é feito de reciprocidade.
O segundo fato bem público ao Brasil e ao mundo foi o estupro coletivo ocorrido no Rio de Janeiro, maio de 2016. Uma horda de energúmenos e vagabundos, sedam e dopam uma jovem de 16 anos e a violentam, seviciam, estupram por horas a fio. Mais que isso, eles gravam as cenas com termos ignominiosos, chulos e obscenos relativos à vítima e postam nas redes sociais. E atenção! A polícia ainda hesitou se deveria prender ou não tais criminosos! Houve quem levantou  a possibilidade de ser a vítima a culpada de tudo. Lembrei-me de Raul Seixas que disse certa vez: “ pare o mundo que eu quero descer”
É com base nesses dois e muitos outros fatos que eu faço reverberar pelos quatro cantos do planeta essa minha queixa. Precisamos de uma nova taxonomia do bicho humano. Isto porque perante o que se pratica, nem todas as pessoas podem ser classificadas como racionais. Imaginem se alguns irracionais pensassem diante do que fazem alguns humanos. Imaginem! O quanto de urros e zurros ouviríamos como queixas porque chamamos tais bestas e feras de irracionais.
Esses dois tipos de gente , os porcos dos banheiros públicos e os sacripantas estupradores de menores, não merecem o título de racionalidade.  Junho/2016.  


João Joaquim - médico - articulista DM 

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