domingo, 31 de julho de 2016

A VAIDADE E AS PLÁSTICAS

 VAIDADE DAS VAIDADES E AS MORTES  EM LIPOS E CIRURGIAS PLÁSTICAS
 
"Vanitas vanitatum et omnia Vanitas" (Vaidade das vaidades, tudo é vaidade) Eclesiastes
Na mitologia grega, foi dessa justificativa que se valeu o soberano do Olimpo, Zeus, imbuído de convencer seu irmão, Hades, a aceitar presidir o reino dos mortos: “Governarás sobre um reino no qual, a todo instante, não cessará de chegar novos súditos”.

 João Joaquim  
 
Têm sido muito recorrentes nos noticiários os casos de morte de pessoas que se submetem a alguma cirurgia, notadamente cirurgias plásticas, estéticas e lipoaspiração. Neste ensejo, julguei por bem,  esclarecer algumas questões nessa matéria de mortes no curso de qualquer cirurgia.
Temos em medicina dois tipos de  intervenções , a chamada cirurgia eletiva e a de urgência. A eletiva é aquela em que se pode programar o seu procedimento. Uma hérnia inguinal ou plástica por exemplo. Uma apendicite ou muitos traumas (fraturas ósseas por exemplo) são exemplos de cirurgias de urgências; quando feito o diagnóstico o procedimento se impõe de imediato pelo risco de agravamento e  morte.
Além dessa classificação de natureza temporal, eletiva ( a que pode   ser adiada) e de urgência (tratamento imediato) ,ainda se classificam as intervenções pelo tamanho e complexidade do procedimento; levando-se em consideração nesses casos, a anatomia, a nobreza do órgão e as condições de saúde do paciente. Nesta presente tipificação existe, grosso modo, as cirurgias de porte I a IV (tamanho do procedimento).
Como exemplos desses portes: uma cirurgia de pele ou catarata quase sempre é porte I, pelo seu baixo risco, mesmo que a pessoa tenha por exemplo uma diabetes, hipertensão ou cardiopatia. Já uma cirurgia de aneurisma cerebral, embora a aneurisma em si seja uma estrutura de 5 mm, máximo 10 mm, o risco é alto pela sua localização intracraniana e intracerebral. Neste procedimento neurovascular com um eventual ou mais agravantes: ele pode se dar em caráter de urgência, se houve uma ruptura e derrame cerebral. Uma cirurgia de tórax ou ponte de safena no infarto são exemplos de cirurgias porte IV( grande cirurgia).
 Uma estratégia ou planejamento fundamental em qualquer cirurgia se chama risco cirúrgico. Também chamado pré-operatório. Nada mais é do que uma avaliação sistêmica do indivíduo a ser submetido a uma cirurgia ou mesmo outro procedimento invasivo.  A primeira etapa nesse cuidado é feita pelo próprio cirurgião. Afinal, todo cirurgião  antes de tudo é  “ um médico”, com uma compreensão básica global do corpo humano. Diante de uma consulta e exame físico e poucos exames o profissional assistente( cirurgião ) terá  uma boa análise das condições de saúde e grau de risco do paciente a ser operado.
 Um segundo especialista indispensável na segurança e avaliação em qualquer cirurgia é o cardiologista. A maioria das mortes e complicações no curso de todo procedimento invasivo (exames, endoscopias, terapêuticas, cirurgias, lipoaspiração) tem como causas as complicações cardiovasculares. Entre essas, as crises hipertensivas ou hipotensivas, as arritmias, o infarto do miocárdio, as anóxias e parada cardiorrespiratória. Uma temível intercorrência em cirurgias é a infecção hospitalar. Ela é de natureza muito grave pela resistência antibiótica  das bactérias desse ambiente. O indivíduo pode internar para retirada de um cisto sebáceo e morrer de pneumonia hospitalar. 
A avaliação pré-operatória com o cardiologista encerra muito mais do que uma simples consulta e eletrocardiograma. Essa quantificação e classificação de risco envolvem algumas dúvidas : que outros exames são necessários? Quais medicamentos podem ou não ser mantidos no dia da cirurgia ? E  outras recomendações no sentido de eliminar ou minimizar as ocorrências no ato anestésico-cirúrgico. Conforme o paciente tenha ou não outras doenças de tratamento contínuo, se fazem necessários outros pareceres de risco cirúrgico . Como exemplos na diabetes(endocrinologia)  na asma brônquica(pneumologia), nas doenças renais(nefrologia).
Como de fácil conclusão as cirurgias de maior risco de complicações são as em caráter de urgência. As razões, por óbvio, são porque a gravidade das lesões não permite que se façam os exames pré-operatórios; e a natureza da doença ou traumas que ensejam a intervenção. Basta imaginar uma obstrução intestinal, uma hemorragia interna por trauma, uma ruptura de qualquer  víscera, etc. Muitas vezes o indivíduo é operado por exemplo com estômago cheio, e sem nenhum outro exame de suas condições de risco para uma cirurgia. Aqui, rapidez de atendimento e tempo são determinantes em salvaguardar a vida da pessoa. 
Por fim retorno a ideia inicial. Como reduzir as chances (riscos) de complicações e mortes em cirurgias eletivas? A primeira chave desta segurança está na dupla cirurgião e anestesista. Eles são os anjos da guarda e de branco do paciente. Na condição de bem qualificados em  ética  -este é um dado significativo-  e nas técnicas operatórias ,  eles adotarão todas as medidas para o melhor resultado da saúde e vida do paciente. Faz-se útil lembrar que nem  o tamanho do hospital, nem a fama da cirurgião são garantias de ótimos resultados em qualquer  cirurgia. O mais importante se tornam o zelo, a qualificação ética e formação do profissional responsável pelo paciente, que por seu turno buscará os integrantes mais qualificados e  a mais acreditável instituição onde se dará o procedimento. 
Dois outros quesitos são fundamentais , e daí reiterados,  em uma cirurgia: a colaboração do cardiologista na avaliação do grau de risco e o hospital onde vai ocorrer a cirurgia. No quesito hospital , são indispensáveis os seguintes recursos:  UTI, suporte para o correto atendimento de uma complicação cardíaca como arritmia ou infarto, parada cardiorrespiratória; e comissão de infecção hospitalar.
Por fim, como em toda relação profissional, é sempre de bom alvitre informar sobre o profissional cirurgião. Para tanto existem os conselhos de medicina em cada Estado e as sociedades de especialidades;  onde se pode buscar  o cabedal de formação do profissional e seu registro na especialidade praticada.  Qualquer procedimento invasivo, mesmo de pequeno porte , que seja apenas com anestesia local, traz uma risco considerável, levando-se em consideração muitas variáveis atinentes ao paciente e à equipe médica e hospital.    Julho/2016

Nenhum comentário:

Necedade especial

  Sejam resultados e produtos de genomas ancestrais ou educacionais, não é incomum deparar-se com um grupo de pessoas (homens e mulheres), m...