domingo, 31 de julho de 2016

CRIAR E EDUCAR...

O QUE TÊM FEITO OS PAIS ? CRIADO FILHOS OU ANIMAIZINHOS IRRACIONAIS ?
João Joaquim 

Uma questão socio-familiar que me deixa pensativo e muito inseguro quanto ao futuro da humanidade  se refere à falta de critérios e disciplina com que os pais têm criado os seus filhos. Faltam critérios e disciplina; primeiro, no planejamento da prole, segundo, na criação e educação dessas crianças.
Quando nos deparamos com pais e filhos e observamos a relação deles, ficamos, às vezes, estarrecidos com a falta de ensinamentos a esses pequenos. Faltam  as normas básicas de vida  e os fundamentos no seu desenvolvimento, na sua educação lato sensu, como futuros cidadãos. Fica para nós a sensação de que estamos lidando com animaizinhos( irracionais, bem entendido), tamanha a falta de limites que deveriam ser dados às crianças desde a fase do berço e da chupeta. Tal indisciplina nos causa espanto e desencanto quanto ao futuro dessas novas gerações.
Que filhos iremos deixar para o mundo de amanhã? Essa pode ser uma das maiores, senão a mais significativa e emblemática das perguntas a ser feita no trato das questões de educação e formação dos filhos nesses tão propalados tempos digitais, nessa chamada hipermodernidade, quando  tudo pode, é proibido proibir.
Como modesto articulista de blogs, de  portais e de  jornais, me sinto incomodado e espantado com muitos pais, cuidadores e educadores de nossos tempos. Não sou formado em nenhuma matéria de pedagogia ou área de  educação formal. O que sei resulta apenas de dedução empírica, leituras de autores de boa referência e opinião de especialistas com os quais penso em uníssono.
A propósito então de minhas conclusões de vida e lições  empíricas eu as relato e as divido com aqueles que possam ir a favor  ou de encontro ao que penso.
Na condição de médico, não sou elitista nem seletivo. Atendo a Chicos e Franciscos, Zés, Jõoes, Josés, Marias e Joanas.  Isto porque trabalho em hospital público e serviços privados. Embora, as doenças sejam discriminatórias,  o médico não deve sê-lo. O interesse maior e primeiro de qualquer profissional de saúde, seja física ou mental  deve ser o paciente e o  ser humano e não o seu status socio-econômico.  Faço esse adendo, porque gosto de ouvir as pessoas e observar o mundo, a toada e marcha da humanidade. Até porque a Medicina é uma profissão humanista em suas largas dimensões. Educação e civilidade fazem parte da saúde global do indivíduo.
Sucede então de ir ao meu ambulatório ou consultório um pai ou mãe com os filhos menores, de idades variadas, 3 anos, 8 anos, 10 anos. Eles vão em companhia dos pais.  Muitas vezes ocorre de nessas consultas eu cometer algum despropósito ou “perder as estribeiras” ,  me dirigindo ao pai ou mãe objeto da  consulta: ou nós consultamos ou vamos conter e corrigir sua criança porque assim ela vai me estragar algum móvel ou bem do consultório. Isso ocorre com tanta frequência, que hoje tenho uma norma de não ter criança em minha sala de consulta como acompanhante de pais ou avós. E quero antecipar que tenho uma profunda admiração pelas crianças,  às quais devemos dar a melhor educação e com as quais devemos sempre aprender.
Ou seja, com essa breve explanação se tira o que vem a ser o tipo de educação, imposição de limites e noções mínimas de relações que são oferecidas a esses filhos, mal-educados e “malcriados”, por culpa, é bom dizer, dos pais e responsáveis.
Na contramão desses pequenos mal-educados, por culpa dos pais,  temos também belas e muito cordatas crianças;  dóceis, obedientes  aos comandos de isso pode, isso não pode etc. Tal registro, o gesto de se comportar como civilizados ou como pequenos irracionais,  é uma prova consistente e convincente de que a principal educação é tarefa dos pais e da família. Às escolas cabe a tarefa do ensino formal. Uma segunda experiência que gosto de compartilhar é minha relação com meus  dois filhos, ambos universitários(Andressa – Medicina UFMG, Gustavo – Medicina Veterinária UFG).
Entre os direitos que lhes concedi, desde pequenos, foi o de acesso aos recursos e mídias da modernidade; com uma orientação e condição, o uso racional e utilitário desses instrumentos, tanto no sentido recreativo como educativo. Meus filhos tiveram celular acima de 10 anos de idade e sempre com muito diálogo.
 Um dos ensinamentos que lhes estimulei desde cedo foi o gosto pela leitura, desde tio patinho, gibis,  aos clássicos da literatura. Outros itens não menos importantes sempre foram a honestidade irrestrita, ética no trato com as pessoas, com os professores,  com a natureza e meio ambiente  , respeito aos mais velhos e exemplos para os mais novos.
Ficam então aos pais mais jovens, pais da chamada geração Z ou toda digital, algumas reflexões com os quais quero compartilhar. Ficam estas provocações: vocês estão apenas criando ou formando filhos para o futuro mundo? É bom relembrar:  criar um filho , um cachorrinho ou cavalinho, um asninho ou muarzinho ,   tem o mesmo significado  e mesmo trabalho. Formar e educar um indivíduo é coisa muito mais difícil e complexa.   O mundo futuro, melhor ou pior, dessas crianças de hoje, vai depender da boa ou má educação dada pelos pais a esses pequenos gênios( ainda em botão)  de hoje.

João Joaquim de Oliveira -  julho 2016.

Um comentário:

Aldrin Iglesias disse...

Boa noite, João.
A entrevista com o pediatra Daniel Becker feita pelo programa Roda Viva, é uma das coisas mais esclarecedoras sobre a relação entre pais e filhos. Em famílias pobres, o comum é o pai se afastar. Em famílias ricas é comum, por outro lado, que os pais tenham medo dos próprios filhos. Não resumi bem, mas é mais ou menos por aí. Esta no YouTube a entrevista de Becker.

Abraços,
Aldrin.

Necedade especial

  Sejam resultados e produtos de genomas ancestrais ou educacionais, não é incomum deparar-se com um grupo de pessoas (homens e mulheres), m...