domingo, 31 de julho de 2016

NÃO À MATERNIDADE..

 O SACRO E LEGÍTIMO DIREITO DE NÃO TER FILHOS
João Joaquim  


Há poucos dias assisti a uma pequena e breve conferência, mas de certo modo grande em animosidade e dissenso no que diz respeito a questões de maternidade e paternidade. O tema conflitante era o direito que algumas mulheres e homens têm de não ter filhos. Vejam, meus compatrícios e compatrícias do Brasil, o que provoca acirradas e cálidas discussões na sociedade: a opção de não à maternidade ou não à paternidade. Fosse por exemplo a opção de preferência de voto a um candidato a presidente com vários inquéritos e processos na polícia federal e ministério público, vá lá.  Não; mas, a questão é pura e simplesmente essa: a opção livre, consciente e responsável de não gerar filhos; ou seja um projeto de investimento afetivo-econômico  de cerca de 25 anos. Não é pouco coisa, se pensar na vida no Brasil.
Ao analisar tal matéria, veio-me  em mente outras questões não menos relevantes. Trata-se em tais discussões de um certo viés machista. Tal ideia está embutida no foco seletivo da discussão. O que se deduz das entrelinhas é que a vilã e desqualificada da opção de não ter filhos  é apenas a mulher, na renúncia de ser mãe, e não o homem, que também deveria ter o peso igual na polêmica. Ao fim e ao cabo, numa fecundação e gravidez os gametas do pai e da mãe têm a mesma participação, a mesma contribuição em termos de genoma. Ou seja, pode-se concluir que em tais críticas e censura de parte da sociedade o homem é poupado de inférteis e fúteis controvérsias.
Não fugindo a tais debates dou meu parecer, até na condição de cidadão, pai de dois filhos e tio de dezenas de sobrinhos, oriundo que sou de família e parentela com tradição com prole de muitos descendentes. A mim, tais questões soam tanto inócuas como improdutivas. Em matéria de escolha de ter filhos e o tamanho da prole os questionamentos vão muito além desse sagrado direito de posse ou não posse. Possuir ou não um bem, um animal, um rebanho- em se falando de Brasil- parece ter o mesmo peso( à luz de qualquer  outro direito) de gerar ou não um filho. O que dever ser motivo maior de preocupações e debates seriam por exemplo planejamento familiar, controle rigoroso da natalidade, senso responsável na decisão de gerar um filho e seu futuro educacional loto sensu, etc.
Temos que lembrar que vivemos em um país com retrocesso em tudo. Continuamos(país) de subdesenvolvido para trás. Antes éramos classificados como emergente ; agora, depois do mensalão e a lava-jato estamos imersos cada vez mais no atraso econômico, cultural e educacional. Somos  imergentes.
Muitas mulheres não querem ter filhos e por múltiplas causas. Entre as motivações temos a prioridade com os estudos,  busca de uma formação acadêmica, trabalho, a preocupação com os custos e benefícios na criação e educação de uma criança, a exigência competitiva do mercado de trabalho e a liberdade que a vida sem filhos proporciona.
Em uma conversa recente que tive com um juiz de uma vara voltada à família, aos direitos e deveres de filhos e mães separadas achei interessantes as considerações desse magistrado. Disse-me o seguinte: muitas mulheres no Brasil, e certamente em outros pais subdesenvolvidos, se casam com um tácito e sublimar compromisso de gerar filhos para o marido. Atente bem para a expressão “para o marido”. Tal aceitação é feita  sem uma madura , consciente ou responsável atitude em tal gesto. Muitas vezes, o “para a mulher” também é  verdadeiro. São exemplos os casos das chamadas mães solteiras ou independentes. Muitas querem simplesmente um filho e não maridos, o que é outro direito e ousada decisão , o homem gerar filho “ para a mulher”.
O resultado de muitas dessas relações oficiais, ou informais ou independentes é que surgem as desavenças e conflitos na criação e educação de tais filhos . E  muitos casos vão mesmo desaguar nas varas da justiça que tratam do direito dos filhos e herdeiros.
No arremate de tais considerações, considero louvável , muito lógica e aceitável a decisão solene, firme e convicta dessa e outra  mulher ou homem que optam: não quero ter filho. É muito mais brilhante, lúcida e laudatória tal decisão  do que a sugestionabilidade e venalidade implícita e cordata de uma relação conjugal, meramente para satisfação do parceiro ou parceira.
 Aos que se animam ou arvoram e desdenham de quem diz não à pater ou maternidade eu lembro que gestar ,criar, educar e formar um filho são 25 anos de investimento de afeto, amor, boas escolas, educação familiar em ética , cidadania e boa  faculdade. Quem não tiver condições para tais investimentos, melhor mesmo é viver sem filhos. Principalmente no mundo e num Brasil de tanta mediocridade e futilidade em tudo, inclusive nas relações superficiais, vazias e  muito carnais desses tempos digitais. Tenho dito – julho/2016

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