domingo, 31 de julho de 2016

SER GENTIL...

                             PROCURAM-SE GENTILEZA E HONESTIDADE

João Joaquim  


Existem algumas virtudes, qualidades e atributos muito característicos do gênero humano que andam em escassez. Eu digo inerentes ao homem porque somos considerados um ser superior. Somos até classificados de racionais, dotados de razão, consciência, inteligência e capacidade discricionária. Em outros termos sabemos discernir entre o certo e o errado, entre o bem e o mal, o que é bom para mim e para o coletivo.
Com todos esses atributos e faculdades, nós, animais humanos, temos negligenciado, amesquinhado e pervertido muitas dessas condições que nos distinguem dos classificados animais irracionais. Vamos a título ilustrativo enumerar algumas virtudes, exclusiva dos humanos, ou que deveria sê-lo , mas  cultivadas por poucas pessoas.
A gentileza, por exemplo. Que nada mais é do que aquela reação espontânea- este é um dado importante- de nos comprazer em ser bom e agradável ao outro. Tal manifestação natural, não fingida ou não  artificial, se inicia quando eu me avisto e encontro com outra pessoa, que pode se processar com um sorriso, um aperto de mão, um abraço, um beijo. Na continuidade no ato de gentileza eu posso de forma pura e sincera inquirir desse meu interlocutor, dessa pessoa,  como está sua vida, sua saúde, seu bem-estar. E  nessa comunicação inicial  posso até manifestar e materializar outra virtudes humanizadoras, como veremos.
Suponhamos que nessa transição do encontro  com outra pessoa  possa ela  estar num momento de angústia, de dor física ou moral, carente de algo social ou material. E então entram outras virtudes de nossa humanidade.
A generosidade. Trata-se de outro sentimento pouco cultivado nesses tempos de tanto culto ao materialismo e ao status social. Generosidade  é aquela virtude do contentamento ou satisfação no ato de doação. E falar em doação não significa dar alguma coisa material, valor pecuniário, moedas, gorjetas  ou espórtulas.
Mais que isto, é ver a si próprio no outro. Ver-se no outro e ver o outro em nós constituem a maior marca de nosso humanismo. Esse sentimento de que todos formamos uma unidade humana se encerra na maior e único desígnio de nossa existência. Nós não fomos idealizados e concebidos para o egoísmo e para o isolamento. A vida nesse planeta sem a presença, participação e comunhão com o meu semelhante e irmão é impossível de se concretizar. Já dizia o grande filósofo Aristóteles, o homem é um animal social. Tem gente que tem o nariz tão empinado, o orgulho tão exaltado que vive como se não dependesse de outra pessoa.
Assim podemos descrever outras qualidades e condições muito peculiares ao nosso sentimento de  humanidade. A cooperação ou solidariedade entre as pessoas. Elas são tão marcantes de nossa racionalidade e inteligência que se tornaram inspiradoras e fundamentos das relações trabalhistas e sociais de muitas nações, de muitas sociedades. Surgiram assim as associações de classes, as sociedades anônimas e limitadas e as tão populares cooperativas de trabalho (em prol de  todos) para o bem comum de seus filiados.
Para não ficar em tantos outros sentimentos, atributos, consciência e ética das relações humanas, uma qualidade ou virtude merece citação para fecho desta crônica. Honestidade. O comportamento ou estilo desonesto nas relações humanas se tornou tão rotineiro que falam que a desonestidade foi institucionalizada pelos órgãos de governo; por aqueles homens públicos que fazem nossas leis, nossa constituição, nossas emendas constitucionais, enfim de quem se esperava os melhores exemplos, as melhores práticas, a melhor ética.  E não falam sem razão, tanto as pessoas comuns como os órgãos de imprensa têm essa convicção: a desonestidade chegou a um grau tão repugnante que ela parece ter sido institucionalizada. A desfaçatez, o caradurismo, a hipocrisia e o acinte têm cingido e aureolado a cabeça e cenho de muitas figuras públicas de nossos dias.
Tal convicção da sociedade e de veículos de comunicação se faz pela corrupção generalizada que se pratica em todos os níveis de governo.
Honestidade comporta muitas chaves de definições. Seria por exemplo aquele sentimento ou contentamento de se viver bem e feliz com aquilo que nos pertence, com apena bens e recursos adquiridos com meu labor e mérito. Sem ser uma pessoa parasita, predatória ou comensal de outra pessoa ou de órgãos do Estado como tem sido a tônica e as crônicas da vida brasileira.
Enfim, podem faltar muitas coisas e recursos às pessoas, mas se elas tiverem e praticar a gentileza, a generosidade e honestidade, por si sós, já valem um grande tesouro na humanização e racionalidade de seus praticantes     jul/2016

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