sexta-feira, 30 de setembro de 2016

Banho Cerebral

LAVAGEM CEREBRAL NA POLÍTICA E NAS RELIGIÕES
João Joaquim  

Eu queria entender o mecanismo da chamada lavagem cerebral. Também chamada enganação, aliciamento, alienação,  persuasão ou convencimento. Tal mecanismo de forçar o outro a acreditar em algo mentiroso ou ilusório é praticado em diversos setores da vida brasileira. Mas é mais encontradiço na política, na religião, no comércio, nas profissões liberais, entre outras. Muitos dos estudiosos do assunto têm teorias diferentes. O certo é que ele está presente no comportamento e modo de agir das pessoas.
Vamos começar pelo cenário político. Tal fenômeno na vida brasileira me parece ser o suprassumo na arte da enganação. Essa referida supremacia se demonstra pelo número de eleitores que os candidatos fichas-sujas têm em suas eleições e reeleições. Bem frisada esta realidade, em época de reeleição. Porque imaginemos que uma pessoa é candidata, passa por uma campanha eleitoral, promete mundos e fundos, e tais e outros empreendimentos públicos. O sujeito consegue os votos para se eleger. Entretanto, além de nada cumprir das promessas, ele se envolve em comprovadas práticas de corrupção, improbidade administrativa e outras maquinações afins se valendo do cargo público e tráfico de influência. As cenas politicas têm se tornado um rosário desses tipos. Que o diga a agora Lei da Ficha-suja e a operação Lava-Jato. Só mesmo uma gigantesca lavanderia para lavar tamanhos jatos de corrupção.
Quando muito, esse gatuno das coisas públicas, denunciado à Justiça pelo Ministério Público , perde o resto do mandato e se candidata nas próximas eleições. Tal fato vem ocorrendo mesmo com a chamada Lei da Ficha-Suja( que chamam-na de Lei da Ficha Limpa) e operação Lava-jato. E então vem o fenômeno da tal lavagem cerebral; dos eleitores, bem entendido, que de novo votam e reelegem o corrupto. Pura lavagem cerebral. Veem-se lá nas páginas dos jornais, os tribunais de justiça exibem as provas das ilícitas e criminosas traficâncias do corrupto e mentiroso, mas os seus eleitores continuam firmes e fieis na sua recondução aos cargos públicos. O que é isso? Pura cegueira crítica  ou a popular lavagem cerebral, ou também chamada alienação crítica e intelectual.
Um outro grupo de pessoas propenso à lavagem cerebral refere-se aos consumidores. O mecanismo indutor está na propaganda. Aqui vai desde a compra de produtos ao de serviços de toda ordem. Aparece por exemplo na TV um produto apregoado como a quintessência para impotência sexual. Pronto, grande parte de homens e até mulheres sequer se preocupam com a origem de tal medicamento, se ele é fruto de pesquisa médica; enfim prevalece a eficácia do marketing. Um exemplo bem ilustrativo tivemo-lo recentemente com a polêmica pílula do câncer, a fosfoetanolamina. O uso disseminado de tal substância foi tamanho que várias ações mobilizaram o judiciário. Por fim, em nome da saúde pública, a justiça suspendeu a fabricação e comércio da droga, até serem feitos estudos e ensaios clínicos sobre o emprego de tal princípio químico no organismo humano. Mas, não  sobra dúvida que diante de tantas propagandas enganosas, ocorreu o clássico efeito da lavagem cerebral dos que acreditaram na cura miraculosa do fármaco propagado.
Por fim um campo que está repleto de clientes vítimas de lavagem cerebral é o das religiões. Esse cenário guarda muita semelhança com o mundo político. Os mecanismos de induzimento e aliciamento dos fiéis é o de sempre. Há em muitas seitas religiosas uma modalidade de escolarização, de doutrinação dos seguidores. É muito instigante os efeitos das estratégias empregadas. Os pastores e oradores de muitas dessas igrejas -neopentecostais e evangélicas- se valem dos mesmos artifícios dos antigos filósofos sofistas. É o princípio da exploração da sugestão e boa fé das pessoas.
No âmbito das relações familiares existe uma forma de atitude de um pai ou mãe que comete a chamada alienação parental. Nada mais é do que aquela mãe ou pai que se separa e inicia um processo de desqualificação do outro cônjuge, fazendo crer ao filho defeitos e pejorativos do genitor ausente, num puro fenômeno de lavagem cerebral da criança. Essa odiosa prática, é prevista no código penal, constitui crime.
Na Filosofia grega tivemos dois sofistas protagonistas na arte do convencimento ou lavagem cerebral. Protágoras (480-410 a.C) que afirmou ser o homem a medida de todas as coisas; e Górgias (485-380 a.C). Sofisma (a arte dos sofistas ) é considerado um sistema de argumentação precursor da advocacia. Um advogado, quando habilidoso na sua retórica é capaz de formular teses que convencem aos mais argutos juízes e jurados e inocentar os respectivos clientes e réus, mesmo diante de crimes horrendos.
Então temos aí três cenários bem característicos dos imperativos da lavagem cerebral, na política, no comércio e nas religiões. Para tanto bastam os discursos populistas e demagógicos, propagandas enganosas ,  sermões e pregações que prometem ingressos em muitas benesses, cotas em faculdade sem estudar e sem  preparo intelectual e até ingressos  no céu e no paraíso. São as populares jabuticabas de países terceiromundistas. O Brasil é um desses.    set/2016.  

Nenhum comentário:

Necedade especial

  Sejam resultados e produtos de genomas ancestrais ou educacionais, não é incomum deparar-se com um grupo de pessoas (homens e mulheres), m...