QUEM NÃO SE COMUNICA...
João Joaquim
Uma aptidão fundamental na vida profissional é a arte de
comunicação com as pessoas, com os clientes. Para determinadas atividades mais
do que comunicação, temos ainda de mais refinado a arte da retórica, de falar em público. Se o
indivíduo é por exemplo um assessor de imprensa, um porta-voz de outro
profissional, de uma empresa , o quanto é significativo e edificante o seu
domínio do idioma nativo, sua fluência e riqueza vocabular e até, conforme a
pessoa ou empresa que representa, saber outros idiomas; o Inglês e Espanhol por
exemplo.
No âmbito mais privativo, numa palestra ou diálogo mais
restrito do profissional com o cliente é muito construtiva esta relação quando
se observa o princípio de se fazer entender bem as ideias, as informações que
se vendem por exemplo. Noutros termos, o profissional tem que atentar para quem está falando e empregar
termos, palavras e frases conforme o grau de entendimento e escolarização do(s)
ouvinte(s).
Vamos, a título ilustrativo, suscitar alguns colóquios de
algumas profissões, onde, em que pese ser a Língua Portuguesa
o idioma empregado, fica a
impressão de que o profissional se expressa em aramaico ou Russo. Após o
veredicto do júri sobre a sentença do réu. O juiz se dirige ao agora absolvido
e lhe diz:” nenhum comentário objurgatório tenho a fazer a vossa senhoria,
minha decisão a seu respeito é absolutória”. Conforme o grau de instrução desse
réu ele não saberá se volta para o xilindró ou para as ruas.
De melhor entendimento teria dito o erudito julgador: nenhuma
repreensão tenho a fazer, o senhor está livre. E assim são outros termos no
mundo jurídico que para a grande maioria das pessoas soam como grego ou latim.
Idioma morto esse que contribui com muitas palavras e axiomas justamente no
mundo jurídico e entre os seus praticantes. E “fumus bonis iuris” (na fumaça do
bom direito), o ideal em termos de mais clareza é que os operadores do direito,
usassem termos mais populares quando em contato e falas com o público e pessoas
de outras áreas ou menos instruídas .
Uma outra profissão de que se cobra de seus praticantes
clareza e simplicidade de termos é a medicina. Imagine por exemplo um paciente
com uma taquicardia paroxística supraventricular. Simplifique, dize apenas que
ela está com uma arritmia atrial benigna, ou simplesmente uma taquicardia
transitória. Fica simples e até mais tranquilizador ao doente e familiares. Uma
pielonefrite aguda, eu traduzo-a como uma infecção renal.
Uma recomendação e conselho que sempre faço a qualquer
profissional, notadamente aos noviços e iniciantes é que mantenham o gosto e
cultura da língua nativa; em nosso caso o riquíssimo e belo Português. Nesse
sentido saberemos o zelo e esmero do profissional apenas pela leitura de suas receitas, laudo ou
relatórios; isto em se tratando de profissionais de saúde: médicos,
veterinários, agrônomos ou biólogos. Basta lembrar do adagio que expressa: “ As
palavras voam, os escritos ficam”. Afinal já dizia Abelardo Barbosa, o
Chacrinha: “Quem não se comunica, se trumbica”. Não é sem razão que muitas
empresas criam até o seu manual de comunicação, de redação. Esta iniciativa é
muita saudável porque além de reciclar o profissional nas regras básicas de
sintaxe e gramática, também traz-lhe um
melhor cabedal vocabular em sua linguagem diária e comunicação com os clientes
e usuários dos serviços ou produtos da empresa ou órgão que ele
representa. Agosto/2016.
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