LEGADOS E RENEGADOS DA OLIMPÍADA RIO 2016
João Joaquim
Enfim as olimpíadas Rio 2016 vieram nos mostrar as chamadas
laranjas podres numa árvore humana em que se podem colher e admirar muitas
outras; viçosas, apetitosas e capazes de saciar nossa fome de virtudes , de
honestidade e de belezas humanas e tecnológicas .
A primeira grande laranja podre já estava prevista antes da
chegada das delegações com os atletas. Refiro-me ao caso de doping dos atletas
russos com a participação de órgãos do próprio governo soviético. Segundo vem
noticiando a imprensa mundial o uso de drogas ilícitas e proibidas, nas
federações esportivas, pelos atletas do país era camuflado e ocultado com
orientação do próprio ministério de esportes. Uma atitude altamente condenável
e reprovável ao crivo da comissão antidopagem do comitê olímpico internacional
(COI). Os competidores lá são vitaminados com anabolizantes.
Órgãos de imprensa acusam o próprio presidente Vladimir
Putin, por omissão e conivência em episódio tão lamentável. Prática ilegal e
abominável essa já ocorrida nos jogos de inverno, organizada pela própria
Rússia em Sochi, em 2014.
São dignas de louvor, admiração e registro essa sempre rígida
conduta e impecável disciplina do COI no
tratamento e condução das olimpíadas. Nunca se soube de qualquer ingerência,
suborno ou corrupção desse órgão gestor de esportes amadores em 120 anos de sua
existência. Ao contrário de outras laranjas podres como CBF e FIFA. Entidades
estas mergulhadas recentemente em vários escândalos de suborno e corrupção no
futebol; mais especificamente nas copas do mundo, organizadas pela Fifa,
a cada quatro anos. Com contribuição criminosa de cartolas brasileiros.
No caso concreto da Rússia, a olimpíada Rio de Janeiro 2016,
será lembrada pela exclusão da equipe de atletismo. Ao todo 67 membros atletas.
O alemão Thomas Bach, presidente do COI, foi objetivo, durante uma
assembleia-geral, ocorrida no Rio. “ A chamada opção nuclear significa morte e
destruição”. Bem entendido que “morte de uma parte da graça da olimpíada(
atletas russos) e destruição de resultados”( rendimento obtido com
doping).
Atletas de outras modalidades da Rússia participaram das
competições na Rio 2016. Mas, sempre com olhares de suspeição e desprezo de
outros atletas, de outros países.
Enfim, um expediente tão espúrio e desonesto do todo
poderoso Vladimir Putin e seu ministro de esportes Vitaly Mutko bem justifica a
punição recebida do COI. Que essa reprimenda e a exclusão do atletismo sirvam
de exemplos para outras federações de outros países, inclusive para o futebol
brasileiro, que através de ingerências de cartolas da CBF se beneficiou de
subornos, corrupção, compra de resultados e outras traficâncias nada éticas na
obtenção de vitórias e títulos de campeão em torneios nacional e pelo mundo
(copas América e do mundo por exemplo).
Além da enorme laranja podre que foi o doping soviético
foram-se colhendo outras laranjas também putrescentes e putrescíveis de nossa
grande laranjeira que foi a olimpíada 2016, organizada pelo Brasil,
administração do Estado e Prefeitura do Rio de Janeiro. Foi uma boa
oportunidade de mostrar ao mundo por exemplo nossa competência organizacional.
A abertura por exemplo foi repleta de cores, tecnologia, e o mais
significativo: um resumo de nossa História, desde a descoberta em 1500, nossa
evolução e nosso estágio civilizatório.
Assim, podemos pinçar alguns fatos e ocorrências de nosso
estado de civilidade, convivência e educação nas relações humanas. Quando se
fala em esportes, não há circunstância mais propícia a demonstrar o grau e
intensidade de educação e de gentileza de um povo. Nesse quesito
por exemplo os torcedores brasileiros foram banidos de qualquer condecoração.
Em muitas competições onde se exigiam silêncio e respeito à concentração dos
atletas se ouviam vaias, xingamentos, termos chulos e de baixo calão. Gestos
próprios de gente casca-grossa, toupeiras e trogloditas. Nesse quesito, parece
que regredimos aos idos anos de 1500, primórdios de nossa civilização. Talvez
nossos primeiros silvícolas e indígenas não fossem tão mal educados.
E para fecho de mais algumas laranjas podres das
olimpíadas organizadas pelo Brasil, podem ser citadas algumas nas áreas
administrativas e políticas, no âmbito em quesitos de transparências e
honestidades dos gestores públicos. Ninguém se pasmará e se espantará, passada
a olimpíada, se houver entre os legados, desvio de dinheiro público,
malversação de verbas, registro de propinas e outras negociatas dos
governantes, em fases pré, na vigência e pós-olimpíadas. No Brasil tais
descobertas já não escandalizam as pessoas. Podem ser fichinhas perto de nosso
Petrolão e Mensalão. Aliás, até nossa lei da ficha limpa já foi criticada pelo
presidente do TSE, ministro Gilmar Mendes. Ele referiu que tal lei pode ter
sido criada por parlamentares ébrios. Agora quem julga prefeito ficha suja será
a câmara de vereadores e não o tcu. Assim decidiu o nosso colendo STF.
E nas questões de segurança pública? Todo o Brasil reviu e o
mundo todo viu o que significa o chamado estado bandido encravado dentro do
Estado oficial. Fala-se aqui do chamado crime organizado. Comando vermelho, PCC
e outras facções do gênero. Alguns
assaltos aos atletas e não atletas
foram registrados, o que não constitui nenhuma novidade na Capital
carioca.
O registro mais dantesco e tenebroso foi um carro da força
nacional que entrou numa vila sob o governo e administração de criminosos e
traficantes. O carro foi metralhado, com a morte de um policial dessa guarnição
que fazia a segurança das olimpíadas.
Agora escandaloso e pastelão foi o caso dos americanos Ryan
Lochte e James Feigen. Eles, vindo de uma balada e bebedeira, depredaram um posto de gasolina e
fizeram uma comunicação falsa de que
foram assaltados. Ainda bem que nossa eficiente policia civil carioca, logo
deslindou tudo. Que papelão! esses merecem a medalha ignóbel da
olimpíada. Essa foi a maior micada da Rio 2016.
Agora pensam os amantes de olimpíadas que nada no
COI é laranja podre? Relato duas. Primeira: O mundo e o COI
tomaram conhecimento do doping russo, porque houve dois delatores. Yuliya
Stepanova , velocista de 800 metros , e o marido, também atleta, denunciaram o
esquema. Isto em 2014, jogos de inverno de Sochi. Perseguidos por Putin, eles se refugiaram na
Alemanha . O que fez o COI? Não permitiram que eles participassem das Olimpíadas
2016 . Uma injustiça . Deveriam receber medalha de diamante só pela denúncia
que fizerem, e foram corajosos.
Segunda laranja podre do COI: a exemplo da FIFA, existem os
milhares de voluntários que trabalham nas olimpíadas; sem nada receberem. Numa
frase: Legal ? Sim, mas imoral e desumano. Deveriam tais trabalhadores , ainda
que voluntários, receber ao menos uma bolsa no período. E o pior , não
podem ver os jogos , estão trabalhando o tempo todo. Os governantes de cada
país das olimpíadas toleram tais imoralidades e injustiça . Foram descobertos
também vários operários de empreiteiras de obras das olimpíadas, trabalhando em
condições desumanas e sem registro em carteira. Inquéritos foram abertos para
apuração de tais crimes trabalhistas.
Em conclusão, essa tão globalizada e bela olimpíada Rio 2016
serviu para mostrar as belezas do esporte limpo, respeitoso e solidário. Assim
pensam todos em uníssono. Mostrou também nossa categoria em muitos coisas:
incivilidade, desrespeito ao próximo, falta de
higiene, deseducação nas relações humanas e outros itens algo bastante
vexatórios. Que , faz bem se registrar, não é exclusividade do
Brasil. Foi assim nossa Rio 2016. Agosto/2016.
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