quarta-feira, 21 de setembro de 2016

Fatos de Fotos...

 REVELAÇÕES E OCULTAÇÕES DE UMA FOTOGRAFIA
João Joaquim  

Esses dias fui consultar alguns arquivos pessoais, alguns álbuns de família e confesso que tive uns pequenos sobressaltos. Não por ter perdido algum documento ou coisa que o valha. Fui surpreendido com algumas fotografias antigas. Minhas e de familiares. Fotografia, que os antigos chamavam-na e ainda chamam de retrato. Eu considero-a como  uma obra de arte. Obra artística que na verdade hoje conta com as mais refinadas tecnologias. Câmeras fotográficas se tornaram instrumentos de profissionais. As pessoas comuns usam o próprio celular e são fotos de ótima qualidade. Com a vantagem de sair acabadas e divulgadas nas redes sociais; “facebook,  instagram,  whatsapp”. Êta  mundo moderno danado de bom em umas coisas e nocivo em outras;  com as imagens não é diferente.
Preliminarmente, faço uma nota histórica sobre essa arte, que data do surgimento de outras artes. E então podemos dividi-la  em duas etapas. Antes da fotografia propriamente dita existia a arte de representação da pessoa, daí o nome retrato, uma retratação aproximada da imagem do retratado. A figura saia melhorada ou  não na capacidade do artista-pintor. Como sabemos hoje das característica de um Luís XIV ou Luís XV, de um D. João VI? Através da arte de um pintor-retratista.
E a fotografia, produto de tecnologia ? Seus primórdios se deram há menos de dois séculos. O nome da arte inicial parece impronunciável: daguerreotipia. Vem de Louis Daguerre (1789-1851). Ele foi um físico e pintor francês, criador da 1ª  máquina fotográfica, em 1839. Foi a partir da invenção de Daguerre, a fotografia, que os pintores-retratistas perderam a sua importância e o emprego.
O Brasil teve um personagem histórico que era aficionado e apaixonado por fotografia, D. Pedro II. O acervo dele no museu imperial de Petrópolis é riquíssimo de fotos, muitas feitas pelo próprio imperador. Outro personagem da literatura que me lembra fotografia, foi o Irlandês Oscar Wilde com seu livro o retrato de Dorian Gray. Vale a pena conhecer a obra desse magnífico escritor e poeta. O enredo mostra inclusive um pintor-retratista como personagem.
 Fazendo algumas considerações da fotografia na vida das pessoas. Eu começaria com a seguinte proposição: o quanto as pessoas seriam mais longevas se eles envelhecessem na proporção das próprias fotos. Basta que se faça a seguinte notação: quando se fotografa uma pessoa, aquela imagem é apenas uma visão aproximada dela, naquele átimo de segundo, tanto para melhor ou pior. Tanto que a pessoa da imagem busca o melhor de sua pose e expressão naquele momento. E, às vezes, se deleta quantas forem necessárias, até a reprodução perfeita. É a busca da melhor estética do momento. E tal artifício, ou o tal “retrato-falado”, faziam-no de forma primorosa os antigos pintores-retratistas.
Ao estudar as relações das pessoas com a fotografia, abre-se um vasto campo para o estudo da psique, para a tentativa de compreender os sentimentos, o coração e a alma humana. Ainda hoje, existe um profissional retratista. São os criminalistas das Polícias Técnico-científicas, que fazem os tais retratos-falados.
Numa análise mais rasa e resumida, falando da relação fotografia e psique, podemos lembrar da própria autorrejeição de cada um ,das fobias por exemplo do envelhecimento e da morte (tanatofobia). E aqui duas observações curiosas. Primeira, a relativa ao grupo de pessoas que não gostam de se ver e nem ser vistas em fotos.
A segunda observação de igual modo digno de registro se refere às pessoas que têm um profundo apego a fotos, desde que tais retratos, as retratem muito melhor do que a realidade. Tais imagens para esse grupo de pessoas, sejam homens  ou mulheres, devem sempre mostrá-las em atitudes, contornos anatômicos, pele e adereços os mais estéticos e os mais jovens possíveis.
Quer exemplos bem consistentes dessas fobias da idade e do envelhecimento: primeiro, o emprego do próprio “photoshop” para maquiar e rejuvenescer a imagem;  segundo exemplo, a postagem no “facebook” e em outros aplicativos de uma fotografia que não retrata a pessoa atual. Quase sempre o recurso é exibir uma foto feita  5 ou 10 anos anterior. E a tecnologia digital tem outra virtude, ela não envelhece como um retrato no papel ou na moldura. Viva a tecnologia, o photoshop e as fotos digitais, elas são de fato eternas.
A propósito, desse expediente da pessoa em postar suas fotos mais antigas(mais jovens) nas redes sociais uma historinha que me contaram. O sujeito(galanteador e pintalegrete escolado) engata uma amizade e chega a um  namoro virtual. A madame, 50 anos, na foto da internet, se mostrava bem mais jovial do que sua idade real. O conquistador, passados algumas semanas de contato, marca o encontro para o esperado contato físico . Quando se avistam no shopping combinado, ele supôs que a paquera do facebook e da foto era na verdade a mãe da pretendida, tal a diferença da foto das redes sociais com a pessoa em carne, cara, osso e toda a funilaria de 50 anos. Ela se exibia com uma foto feita 10 anos antes.

Quantas marcas  do tempo já tinham aparecido na pele, rosto e todo o esqueleto. Não precisa nem dizer que o amor e interesse se esvaíram em 10 minutos de conversa. São outros riscos das redes sociais e de se fiar apenas em imagens que duram uma eternidade. Vejam então , os adeptos de namoro e relações conjugais pelas redes sociais, que a tecnologia traz também esse risco de se conquistar lebres por gatas e vice-versa. O namoro mais seguro é aquele tête-à-tête, quando se pode ver até se a pessoa é vesga,  se coxeia de alguma perna ou do intelecto   .    Agosto 2016.

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