sexta-feira, 30 de setembro de 2016

Os Troglos do Futebol

AULAS DE  ÉTICA, CIVILIDADE  E ALFABETIZAÇAO NOS CLUBES DE FUTEBOL
JOÃO JOAQUIM

Uma ação denotativa da mais pura cidadania, ética e generosidade é aquela de alguns representantes da classe patronal em oferecer aos seus empregados cursos de alfabetização e qualificação profissional.
 Indiscutivelmente  tratam-se de mentes lúcidas e de civilidade os patrões que tenham tal iniciativa. Eu qualifico como o mais digno legado que um pai pode deixar ao filho ou um governante ao governado: o suporte e incentivo à  formação escolar e qualificação técnico-profissional. Nenhum patrimônio ou herança supera em valor , dignificação e construção de um indivíduo do que permitir-lhe a aquisição de sabedoria, de escolarização e qualificação em qualquer  área de seu agrado.
No Brasil, temos tido notícias desses bons exemplos. Deixo de citar algumas empresas para não consignar como um marketing e não ser injusto com outras que o fazem a contento. Como empresas e indústrias estrangeiras eu já li  e menciono aqui suas estratégias e investimentos em educação de seus servidores e não é antiético nominá-las . É o caso da Toyota, da Honda e da Microssoft. Bill Gates, dono e presidente da microssoft, além de investimentos em qualificação e treinamento para os funcionários tem vários projetos, centros de ajuda humanitária e amparo a pessoas carentes. Por isso merece nossos louvores e admiração .
Feitas estas premissas de tão relevante matéria eu concentro minhas ideias numa atividade de que muitos brasileiros gostam, às vezes chegando às raias do irracional  e da paixão. Falo da relação dos clubes de futebol com o seu maior patrimônio, ou seja, a própria equipe de atletas. Os atletas de um clube é como o staff de funcionários de outra empresa, seu bem mais valioso.
Para melhor contextualizar o tema lembremos como se dá a formação do jogador de futebol. Em geral há as escolinhas para tal ou o próprio clube tem as chamadas categorias de base. Que admitem crianças de 10 anos a 12 anos.
É bom lembrar que o esporte futebol  tem um grande glamour ou atrativo porque de fato trata-se de uma elite profissional com salários milionários, com um assédio imenso de imprensa, empresários( alguns exploradores de forma antiética dos coantratados), patrocinadores e os aficionados (torcedores). Bem lembrado também que, esses atrativos se dão  nos clubes de 1ª  divisão, notadamente os da Europa. As equipes de séries B, C e D são tidas como os primos pobres e quase anônimos do esporte. Fica patente que para se atingir o ápice da carreira há uma verdadeira gincana olímpica, cuja triagem é muito difícil, lembra-me os 12 trabalhos de Hércules. Numa expressão popular a peneira é muito rigorosa.
  Torno à ideia central da alfabetização e qualificação profissional como preocupação de parte da classe patronal. Esta deveria ser uma das metas e investimentos dos dirigentes de clubes de futebol. Tal iniciativa é praticamente ausente nas federações  esportivas do Brasil. Há na mente e objetivos de nossos empresários e cartolas de esporte a preocupação apenas no aprimoramento físico e técnico dos atletas, desde as chamadas categorias de base, 10 anos, 15 anos, 18 anos. O aprimoramento escolar, intelectual e ético deveria ter lugar de destaque em qualquer modalidade de esporte. E não temos nada disso, na maioria dos clubes. As boas iniciativas são pontuais.
 Considerando o lado do atleta em formação. Muitos desses alunos das escolinhas de futebol ou treinados no próprio clube são oriundos de famílias de baixa renda. Mais que isto, são filhos de pais analfabetos ou pouco preocupados com a formação integral do filho, em matéria  ética e escolar. E então desse cenário podemos ter dois grupos, um minoritário, que pode ser alçado ao topo profissional, a depender sobretudo de inata habilidade individual e adequada preparação pelos treinadores. Um outro grupo que pode se subdividir em aqueles que comporão a maioria nos clubes sem expressão, e os que passados dos 20 ou 25 anos não conseguirão emprego em atividade tão concorrida. Muitos desses candidatos, se tiver um bom tino e bom juízo, podem até voltar a estudar e buscar outra carreia, mas não parece ser uma tendência desses excluídos de  tão almejada e rica carreira, a de jogador de futebol.
Agora como arremate, o que os clubes brasileiros podiam fazer com os seus atletas de ponta e de seleção seria promover-lhe aulas ao menos de um português básico, de comunicação, de ética, cidadania e civilidade. O que vemos de asnices, patacoadas, matutadas , batatadas e  abobrinhas nas entrevistas dos milionários entrevistados é uma grandeza. São atitudes e gestos mais de brucutus , de  botocudos, dos apenas operários da bola , calçados de chuteiras , vestidos do uniforme dos clubes que representam. Em geral sem  outras condutas de  cidadãos , com um mínimo de preparo ético , social e cultural. Muitos se mostram até brigões, agressivos e violentos nas competições, sendo péssimos exemplos para os seus fãs e torcedores.
Bom seria ensinar para nossos “atletas e ídolos” que ética e fair play devem ser práticas dentro e fora do campo. E não apenas gestos compulsórios motivados  por imprensa, vigiados por  20 ou mais câmeras instaladas nas arenas de competição. Quem sabe não se possa ser ensinado aos nossos craques um pouco mais de comunicação, regras elementares de Português e outros gestos que também os dignifiquem , além dos títulos conquistados em seus clubes e seleção.
 O que poderiam fazer os times de futebol  desde as categorias de base aos profissionais ?  Cursos , do fundamental ao segundo grau. Trata-se de investimento de baixo custo e com um resultado expressivo na dignificação e escolarização de nossos jogadores. Tal estratégia traria como retorno até uma melhor imagem de nossos dirigentes e do próprio país, quando as equipes ou seleção se apresentassem em torneios internacionais .   Set/2016

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