sexta-feira, 30 de setembro de 2016

Para Rio 2016

 O LEGADO E BELOS EXEMPLOS DOS ATLETAS PARALÍMPICOS

João Joaquim

Assistindo a algumas das competições paraolímpicas , a performance de cada atleta ante suas limitações físicas e funcionais, mais que isto, os seus feitos e proezas, a energia e entusiasmo em cada esporte, eu não pude conter. Senti mesmo uns repelões de emoção. Assim suponho ter ocorrido com outras pessoas de mesma sensibilidade, pelo encontro memorável dessa classe de pessoas. Eu os chamaria  de heroicos, de vencedores, todos os que ali se apresentaram, independentemente de receber medalhas. Quanto de lição eles nos deixam. Sempre! E imaginar o quanto eles são esquecidos; por governos, por federações, por patrocinadores, por empresas de mídia. Eles de fato não preenchem, aos olhos do capitalismo de consumo e das redes globais de televisão, nenhum feito estético que outros milionários intitulados heróis ostentam, carrões importados, iates, contratos de milhões e jatinhos da moda.
Mas, eu os aplaudo de pé, os saúdo, os rendo loas e condecorações por todas as mais belas lições de heroísmo que representam. Pelas lições que dão a tantos que gostam de viver como comensais, em sinecuras e prebendas, sejam esses mimos e benesses vindos de famílias, parentes ou mesmo do Estado. E temos muitos dessa casta em nosso meio.
Como referi em artigo anterior, a atividade física regular ou exercício na promoção da saúde  data de mais de 2000 anos. Era uma prática muito valorizada pelos gregos e romanos. A própria mitologia grega ou romana cita essa atividade no aprimoramento mental, moral e físico do indivíduo. Na descrição das divindades do olimpo (morada dos deuses) estão lá descritas as competições que haviam entre os seus membros; ou  mesmo os grandes feitos de alguns deles. Vale a pena ,por exemplo, ler os relatos dos doze trabalhos de Hércules, os feitos de Prometeu e o desafio enfrentado por Sísifo.
Quando buscamos todos esses heróis, monstros e gigantes descritos na mitologia, alguém menos atento ou distraído poderia refutar, pensando ou desdenhando, ah! mas, tudo ali é mito, mentiroso e sem valor!
 Então, por partes, com paciência e eu explico. A conclusão imediatista e irrefletida é que soa inverossímil. Basta lembrarmos que os mitos não foram redigidos e eternizados por algum fantasma, nem surgiram junto com o big bang ,nem por geração espontânea, com se acreditavam para as bactérias.
Ao certo, todas as narrativas míticas foram concebidas por mentes brilhantes, grandes sábios e avatares para o bem da humanidade. Todos são frutos de pensadores de pura racionalidade e enorme sensibilidade. Foram mensagens de absoluta contemplação, reflexão e a mais genuína generosidade para a humanidade. Em síntese, cada mito e seu personagem encerram uma alegoria, uma parábola e muito ensinamento para os humanos. São como muitas parábolas e alegorias das escrituras sagradas.
Como exemplos desses mitos e chaves de interpretação dos gregos basta ver a relação da tocha (ou pira) olímpica com o esporte e com a vida em si. O fogo da tocha simboliza o trabalho de Prometeu que rouba o fogo(conhecimento) aos deuses do olimpo e o entrega aos homens, tirando-os das trevas (da ignorância e escravidão). Este , sim, deve ser caracterizado como um símbolo heroico porque ao fazê-lo, Prometeu não exigiu nenhum troféu, nenhuma comenda ou medalha de ouro. Ele o fez por pura e absoluta generosidade com a humanidade; e assim deve ser a principal característica do heroi. Joaquim José da Silva Xavier, o Tiradentes, enfrentou as leis tirânicas da Coroa portuguesa na época e deu seu pescoço à forca, não pensando em si, e nem poderia, mas, no bem do povo brasileiro; este , sim, um  exemplo de puro patriotismo e gesto heroico . Quanta diferença de nossos milionários herois de hoje, do futebol, da política, das telenovelas.
O mito da caverna de Platão. É o símbolo da sombra ou ignorância em que vivem muitas pessoas. Só com a saída dessa caverna é que essas pessoas, enganadas e manipuladas por líderes inescrupulosos poderão, lá fora, perceber o quanto belo e radiante é o sol (sabedoria e visão clara das coisas). Esse mito da caverna de Platão encerra uma mensagem atemporal, e como ele pode ser aplicado e visto no meio político de antes e de hoje. Quantos governantes e candidatos políticos tentam com os grilhões de promessas e mentiras manter as pessoas cegas e sem enxergar o brilho da realidade e das verdade à sua volta. Todos esses enganadores sem ética e sem escrúpulo representam os mensageiros que mantêm as pessoas ludibriadas e cegas para as verdades a que elas têm direito.
Enfim, exercícios físicos, as atividades esportivas, as olimpíadas em suas origens tiveram sempre os objetivos como parte na educação integral do gênero humano. O desígnio e princípios sempre foram em direção ao aprimoramento global do indivíduo. Entendamos o que é esse aperfeiçoamento de nosso organismo. Dois pontos cardinais. O primeiro, da saúde física como um todo; força muscular, ativação de reflexos, velocidade nos movimentos etc. Segundo ponto, fazer do esporte e das competições olímpicas um instrumento de integração das pessoas, de amizade, de generosidade, de solidariedade do atletas, de todas as competições. Esta é a mensagem, são esses princípios encampados e defendidos pelo COI, para com todos os atletas, de todos os esportes participantes.
Já inclinando ao arremate e direto ao ponto. Observe o nosso futebol dentro e fora das olimpíadas. Primeiro em relação aos torcedores, que mais parecem um bando de cães raivosos e porcos selvagens. São autênticos trogloditas e energúmenos que se agridem, se pegam e se matam. Segundo, do lado dos jogadores, broncos e vilões, que tudo fazem para ganhar no grito, com pontas-pés e outros gestos nada éticos e de nenhuma generosidade com os camaradas de esporte. Não contando que muitos se envolvem em negociatas, fraudes de contratos, sonegação fiscal e outras traficâncias nada decorosas.
A última excrecência de nossos olímpicos “desdourados”  do futebol foi essa história entre arrogante e nada solidária: cada jogador recebeu um cachê de R$ 500 mil pela medalha dourada. Os demais medalhistas receberam de R$ 10 mil a R$ 17 mil. Houve sugestões e apelos para que nossos craques da seleção de futebol  dividissem o dinheiro recebido com os outros vencedores, das outras competições pelo Brasil. Houve silêncio geral entre os membros da equipe de futebol. Ou seja, nossos milionários competidores de campo perderam o espírito olímpico. Que feio! Todos são incensados e içados à classe de heróis e modelos para nossas crianças e juventude. Pelo menos ao olhos das redes de televisão que os patrocinam e pelos patrocinadores , cartolas e empresários corruptos e corruptores do Futebol . Mais feito ainda.  Setembro/2016.   

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