MORAL DA HISTÓRIA DAS OLIMPÍADAS
Joao Joaquim
Entre algumas conclusões que me passaram as olimpíadas Rio
2016, uma eu destaco e é de grande relevo. Ela se encerra, pode-se dizer, em
uma moral de uma história, que são as
próprias olimpíadas, desde o seu nascedouro. Tal moral tem um cunho
pedagógico.
Pedagogia de que eu prefiro, uma sumaríssima descrição para
melhor compreensão. A etimologia é grega. Vem de paidos(criança) e
agogos(condutor). Na verdade, antiga Grécia, era um escravo ou servo que conduzia as
crianças até ao professor ou mestre, no seu processo educacional. Por uma
questão semântica, o termo ganhou o sentido de ciência e teoria de educação e
ensino. A pedagogia hoje se subdivide em vários ramos. Um e outro cientista ou
educador defende a sua tese. Só para lembrar dois nomes: Jean Piaget, da
França; e Paulo Freire do Brasil. O
desejável dessas correntes é que todas levassem à formação e educação plena do
indivíduo, a partir do nascimento.
O maior legado que se pode deixar a um indivíduo é o seu
processo educacional. E neste termo não quero incluir títulos de doutores ou
mestres. Se tais graus, de fato e de conhecimentos, forem alcançados
tanto melhor. Educação, “lato sensu” deve ser entendida diferente de escolarização.
Muitas vezes esbarramos com “doutores e mestres”, mas sem educação (leiam,
ética, cidadania, moralidade). Antes ainda de chegarmos às olimpíadas, um pouco
mais de educação. Eu sempre fui muito interessado e entusiasta do tema
educação. De como, por exemplo, andam nossas políticas em tão relevantes
questões para a sociedade.
Meu interesse maior . As escolas públicas na sua parte
de estrutura predial, o seu aparelhamento, bibliotecas, laboratório; e talvez o
item mais importante a figura do professor. E quanto mais lemos e nos
informamos, mais céticos e descrentes nos tornamos com os governos de todos os
níveis e os gestores públicos das referidas pastas. Quer um exemplo desse
menosprezo e menos-valia para os nossos políticos? A figura do próprio
professor(a). Dele se exige muito, é mal remunerado e pouco ou zero
incentivo em termos de aprimoramento na sua função docente.
Um registro que não se pode deixar de fazer: tal descaso e
baixa valorização do professor (a) não se dão somente de parte das políticas
públicas, vêm também da sociedade, nas pessoas dos próprios alunos e seus pais
que têm o senso coletivo de que educação e escolarização são tarefas deles
(professores) e das escolas. São questões anacrônicas e crônicas da idade do
Brasil.
Um dia desses palestrava com uma jovem professora de ensino
fundamental. Jovem, mas já com bom perímetro na profissão. Relatava-me ela que
o nível de deseducação das famílias no Brasil está num grau tão alto que os pais têm como que delegado os cuidados
e ensinamentos mais elementares às escolas. São crianças de 8 anos, 10 anos que
sequer sabem as atitudes e práticas básicas de higiene e alimentação.
Por que uma olimpíada encerra uma conclusão moral de que a
melhor educação começa no berço? É simples, é de dedução acaciana e de clareza
meridiana. Todos os competidores desses certames tiveram uma longa jornada, que
se iniciou em baixa idade. Todos tiveram a pedagogia de um pai, da mãe, de um
cuidador, de um bom professor, de um mestre. Todos, independentemente de medalhas
chegaram à perfeição graças a um processo educacional precoce. Processo esse
que exigiu dedicação primordial e decisiva da família. Foram e são anos de
treinamento, perseverança e treinamento. São cidadãos e competidores que foram
levados desde cedo aos mestres, ao treinamento, ao ensino das habilidades
físicas e esportivas. Pura Pedagogia ( lembram ? paidos a agogôs, Pedagogia).
Vamos imaginar aqui algumas modalidades dessas competições.
Um nado sincronizado, uma ginástica artística, um tênis de mesa, um salto em
distância. Quantas repetições, quantos anos na mesma rotina para o alcance da
excelência? Foram uma infância, uma adolescência, uma juventude inteira para se
atingir o melhor, o arremate final e ponto máximo naquela busca física e esportiva.
A formação do indivíduo guarda esse paralelo com uma olimpíada. Ela começa na
criação (crescimento físico e biológico), na alfabetização e educação (família
e escola) e no constante treinamento e aprimoramento da pessoa. O certo é que
ninguém nasce pronto e nem morre acabado. Todos temos um potencial para
aprender mais e tornarmos melhores, qualquer que seja a idade de cada um.
Agosto/2016.
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