domingo, 30 de outubro de 2016

Em outro planeta

QUE PAÍS É ESSE COMPANHEIROS!

JOAO JOAQUIM 

Fazendo um exercício misto de ficção e realidade, é no todo útil para uma reflexão das mais interessantes. Ocorreu-me  o seguinte: um outro planeta com os seus planíncolas. Aqui um neologismo (íncolas, moradores desse planeta). E toda a organização desse remotíssimo povo. Mas, põe organização nisso; tudo funciona a tempo, hora e em prol da felicidade equitativa de todos. Uma nave tripulada da terra desembarcaria nessa longínqua civilização, ida do Brasil,  para uma troca de experiência e mostrar quem somos. Ali bem distante aportando, nossa comissão de delegados (de delegação) iniciaria então as exposições do que é por exemplo o Brasil, parte não diminuta desse planeta. Afinal, ex 7º economia do mundo, mais de 200 milhões de habitantes, pentacampeão no futebol, entre outros predicados de grande relevo. Certamente que os habitantes e governantes daquele ignoto planeta-irmão começariam pela nossa política. 
-Como se dá o sistema? Perguntaria um dos governantes presentes. Ao que responderia nosso porta-voz: temos um regime presidencialista, com reeleição para mais um mandato, quatro mais quatro anos, mas se o partido se der bem para os  seus afiliados poderá chefiar o país por 20 anos ou mais. O último, que foi o partido dos trabalhadores (que pouco trabalham), ficou 13 anos no poder. O que se tem de saldo desses 13 anos, número cabalístico, é que os dirigentes do partido encheram as burras de muita prata, ouro, e dinheiro de propina e caixa dois, ainda que para isto tenham quebrado a Petrobras e outras estatais. E tais afirmativas não nos vexam porque quem as declaram são polícia federal, ministério público e outras autoridades de maior poder. 
- Nesse mesmo diapasão quem são os áulicos comandantes e governantes desse auspicioso país desse belo planeta? Continuam as inquirições dos visitados.  
-Temos um congresso bicameral, com 513 deputados e 81 senadores. Grande parte desses parlamentares está envolvida em crimes (acusações, indícios, provas de toda ordem). São crimes de improbidade administrativa, peculato, lavagem de dinheiro e formação de quadrilha entre outras acusações feitas pelas  autoridades máximas do Brasil. 
Aqui nesse estágio das explicações, os ouvintes extra-terrestres já se mostram aturdidos e pasmados, mas querem organogramas de outras atividades da vida do Brasil e do planeta. Eles querem saber de ocupações mais amenas.
De esportes, o futebol. Como se dá, como funcionaria? O esporte do pé na bola, ludopédio, que ficou futebol mesmo, tem o Brasil como o maior campeão do mundo. Para tanto, foram adotadas muitas mumunhas, subornos, corrupção e compra de resultados, como se vê ocorrer no resto do planeta sob o comando de uma entidade chamada FIFA. Alguns dirigentes da entidade estão pressos e outros em investigação. 
Da entidade máxima do Brasil, a CBF, temos atualmente um presidente (Marco Polo Del Nero) foragido do FBI (americano), um ex presidente preso nos EUA (José Maria Marim) e vários outros cartolas Fifa presos e investigados pelas justiças suíça e americana. Ah, detalhe, explica um comissário brasileiro, o atual presidente ( Del Nero), está foragido do FBI, em nosso próprio país, o Brasil. 
Em vista, dos sobrecenhos, das expressões de espanto e meneios reprovativos daquele auditório extra-terrestre, conclui nossos comissários brasílicos.
- mas, nossos compatrícios gostam mesmo assim, tanto é que, as arenas e estádios andam cheios de torcedores. As redes de televisão pagam milhões a CBF e à FIFA para transmissões. Todos enfim têm faturamento de milhões de dólares por ano. 
Surge mais um interesse, o acesso aos meios de subsistência. Como é a questão do abastecimento de alimentos?
Aqui um membro da comissão esboça um sorrisinho amarelo e explica. Nessa matéria a coisa é controversa. Mais de 30% dos alimentos produzidos se perde antes de chegar ao consumidor final. Na hora  do consumo à mesa, temos uma boa parcela que come do bom e do melhor, de cujos comedores, tem muita gente com obesidade, que acreditem!  tem um nome curioso, mórbida.
Alguns no grau de gordura mórbida, às vezes chegam ao ponto de submeterem à chamada cirurgia bariátrica, em que se reduzem o tamanho do estômago e do intestino. Mas, muitos voltam a engordar mais do que antes, porque revertem o procedimento ou passam a comer à la galinha caipira, a granel, ou de grão em grão para encher o papo, no caso o estômago. 
Há uma outra parcela, não menos numerosa dos famintos e subnutridos. Até o feijão e o leite andam custando os minguados salários mínimos. É outra jabuticaba nossa, o sujeito além de pobre, recebe um mísero salário, daí o nome , mínimo . É já com muito amuo, tédio e enfarados com tais exposições os íncolas do outro planeta inquirem sobre o que têm de boas novas na música.
Ao que prolatam desconfiados nossos visitantes. Na música o que tem bombado mesmo é o forró, os sertanejos e os funks. Do estilo funk( fedor no significado original) temos os chamados pancadões, onde rolam sexo e drogas para todo sabor. Tudo embalado por vocalistas e letras de mesmo teor, drogas, violências e sex appeal.
Ao que então os líderes do distante planeta e seus íncolas exclamam: mas que planeta terra e que país Brasil são esses, companheiros. Até nunca!  Outubro/2016. 

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