quarta-feira, 30 de novembro de 2016

WEB..ubiquidade

 EDUCAÇÃO  E MOBILIDADE DIGITAL 
João Joaquim  

Se hoje, vivemos a era da intitulada hipermodernidade, fico a imaginar ali pela metade do século, ano 2050. Quanto de nossas conquistas  não entrarão  na obsolescência ou a senescência (velhice) dos objetos e recursos de nossa época, 2ª década do século XXI.
Eu penso em uníssono com aqueles que têm as tecnologias da informação e comunicação (TIC) como as marcas de nossa modernidade. Muitas outras características destes tempos se devem justamente à chamada hiperconectividade, a que muitos também chamam de mobilidade ubíqua ou conexões ubíquas( de ubíquo , universal). Num entendimento mais simples seria todos e tudo estarem conectados ao mesmo tempo. Assim todos os avanços tecnocientíficos ficam mais fáceis de ser compartilhados pelo mundo.
Ao tratarmos do mundo virtual, da internet e do ciberespaço não há como negar que a cibercultura está imersa nessas plataformas. Eu, na condição  de geração pré-internet ou geração xis sempre fui um crítico do uso abusivo e não educativo da internet e mídias digitais. Tal concepção se assemelha a qualquer outra tecnologia. A questão não está no espirito da invenção , mas na cabeça do usuário que dela faz uso para o bem ou para o mal. 
 É o caso por exemplo da faca de cozinha. O recomendado é que ela seja empregada tão somente no auxílio de preparo dos alimentos e nunca para ferir, torturar ou eliminar outra pessoa. É o mesmo princípio do emprego do avião na guerra ou da radioatividade na bomba atômica. No mundo digital, o mesmo sentido. A informática e Internet foram concebidas, massificadas , tornadas de fácil acesso e de baixo custo para o bem da humanidade. Em que pensaram os idealizadores da grande rede de computadores ? No armazenamento de dados e informações, na troca de conhecimentos e muitas outras fontes  de consulta . O emprego dessas ferramentas para fins fúteis, destrutivos e nada educativos fica por conta da intenção, do caráter e objetivos de cada mente. 
Aqueles pais um pouco mais velhos, que não nasceram no mundo digitalizado não podem opor resistência ao uso das tecnologias de informática pelos filhos. Elas devem e serão cada vez mais ferramentas e recursos úteis na cultura e na educação .  Ser um pai mais antigo não significa ser antiquado em relação às novas tecnologias. Essa geração pré-internet( na qual me incluo) pode representar uma vantagem na educação dos filhos quanto a questão do acesso ao mundo virtual e todos os recursos dessas mídias. Um aspecto positivo advindo da orientação desses antigos pais seria no equilíbrio do uso de todas as tecnologias da informação, seja no entretenimento, seja em sala de aula ou como fonte de pesquisa.
Os recursos digitais são um convite para a garotada não querer nada com  leitura no livro físico, e outros exercícios como  atributos do raciocínio lógico. Vale repisar que educação é ensinada através de  terceiros, aqui representados sobretudo pelos pais como os  mais importantes educadores. É de senso comum que a educação e aprendizado se fazem primeiro com os bons exemplos . Como pode um pai querer ao filho uma boa educação se ele não pratica essa boa educação? É o que ocorre com a ética, com a etiqueta e o emprego das tecnologias de toda ordem ( carros e motos por exemplo) e dos artefatos digitais. O pai e a mãe representam um padrão e modelo de comportamento aos filhos desde a fase do berço e da chupeta. A família é o primeiro meio social a plasmar a conduta e caráter da pessoa. Todos somos frutos do meio. 
O que tem ocorrido com os pais mais jovens e muitos psicopedagogos e mesmo educadores das novas gerações é um processo de embriaguez e imoderação no emprego recreativo e educativo de todas as plataformas virtuais . E tal crítica se torna mais incisiva quando esses recursos e acessos desmedidos começam de forma muito precoce.
Ter toda forma de cultura já editada em áudios , imagens e vídeos tem se tornado um processo de embotamento cognitivo e intelectual para nossas crianças e adolescentes. Chegamos a um ponto dessa preocupação e perda de raciocínio logico que surgiu um letramento peculiar no uso das mídias, temos uma nova linguagem, o “internetês”( escrita dos internautas) que na verdade representa uma lista de siglas e gírias entendidas apenas por esses compulsivos usuários mais jovens. Temos o que se poderia denominar o idioleto dos internautas, o radical é o mesmo de idiotia. E não é mera coincidência. O idiota na chamada Ática, Grécia Antiga, era aquele indivíduo, que cuidava apenas de suas coisas pessoais, um ensimesmado, que tinha dificuldade  no convívio social, um sujeito que mal cuidava de seu próprio  umbigo.
Por fim, só como amostra grátis desse emprego massivo e nocivo da internet e mídias sociais. Muitos adolescentes hoje ingressam no ensino médio sem dominar bem os fundamentos de álgebra e matemática. Não sabem corretamente as regras de três, uma raiz quadrada ou cúbica nem as funções elementares de geometria. De igual forma não sabem sequer elaborar no português padrão uma simples redação ou carta, que seja para um amigo ou namorada(o).
Por isso torno-me enfadonho e ao mesmo reco-reco. Crianças e adolescentes precisam primeiro aprender o ler no livro impresso, a escrever, a desenhar, a rabiscar, a fazer contas e cálculos matemáticos. Depois, sim, virão os notebooks, os tablets, o Smartphone e redes sociais. Tenho dito e redito.  Novembro/2016. 

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