terça-feira, 31 de janeiro de 2017

Charlatas

CHARLATÕES E MAGAREFES
João Joaquim 

Ao abrir esta matéria confesso estar sentindo contrariado em fazê-la, mas  a faço por princípios de consciência e ética. Independentemente de status social ou profissão da pessoa, imagine-se ter ciência e ser testemunha de um crime. Qualquer que seja esse delito. Contra a vida, contra os costumes (bons costumes), contra qualquer bem público, uma contravenção, roubo ou fraude. Não importa a sua natureza; o que faria essa testemunha, considerando-a como gente do bem e honesta? Imagine um médico que frauda o SUS, um plano de saúde. O advogado que treina o seu cliente e representado a mentir diante de um juízo. Um dentista que cobra por um serviço ou material de má qualidade! São formas de contravenções e ferimento de morte a essa regra de respeito e convivência milenar chamada Ética.
O que faria então quem vê tais práticas ? Certamente que denunciaria tal delinquente ou defraudador às autoridades competentes. Em assim procedendo,  essa pessoa tocaria sua vida em paz e não teria remorsos ou peso na consciência quando por exemplo fosse dormir ou usufruir de seu repouso , de suas férias.
E não é sem razão que os governos através dos órgãos públicos criaram os canais de comunicação para denúncias. Que podem ser feitas de forma anônima. Há também as ouvidorias, os disques- denúncias. Enfim, existem várias maneiras para que a sociedade, os cidadãos ajudem no combate a tudo aquilo que é ilícito, corrupto e criminoso. E não importa o tamanho, a posição desse fora da lei e da ética .
Dentro desse espírito de colaboração de cada um temos a nosso favor as tecnologias digitais. Estamos na era da informática, das redes sociais e da telefonia móvel. Com um celular fazemos áudios, vídeos e fotos da melhor qualidade. Os conceitos de privacidade, anonimato e clandestinidade mudaram. E são mudanças para o bem e para o mal. Eu diria que  mais para o bem. Acabou-se aquele forte apoio no qual os desonestos e criminosos se sustentavam de fazer tudo às ocultas e de forma clandestina. Eu lembraria até que o Brasil está sendo reescrito e despoluído de tanta corrupção sistêmica graças às provas obtidas através dos  meios digitais. Entre estes, os registros e áudios de ligações de celular e trocas de e-mail. Bem vindas e santas tecnologias.
Torno a ideia primeira, o meu constrangimento em escrever publicamente sobre tal matéria. Todavia, repriso minhas reflexões sobre o que vou aqui denominar medicina da enganação. Que gera os seus filhotes de mesma natureza, tipo a medicina do enriquecimento ilícito, da pirataria, do engodo, da concorrência desleal e do puro charlatanismo moderno, aquele em que os profissionais frequentaram faculdades e têm nas paredes dos consultórios diplomas de nível superior.
Algum leitor poderia já inquirir, mas o que têm feito os conselhos regionais de medicina (CRMS)? O  ministério público e mesmo outros órgãos por dever , competência  e interessados em tais questões tão sensíveis que, pode se afirmar, de relevância pública; porque também atingem a saúde pública?  Dentre esses órgãos não públicos podem ser citados planos de saúde como unimed, saúde caixa, caixa de assistência do Banco do  Brasil entre outros de saúde suplementar.
A boa prática da medicina, aquela fundada nos critérios tecno-científicos e ético-humanísticos tem sido uma exceção frente a tanta enganação, marketing enganoso e charlatanismo de toda ordem. Nenhuma especialidade parece escapar a essas más práticas profissionais ( malpraxis). Se lá no direito temos os chicaneiros e rábulas, aqui no âmbito da saúde temos os charlatões, os curandeiros, os tratadores, os feiticeiros, os megarefes entre outros agentes do engano, do embuste, do logro.
São esses os epítetos com os quais podemos tratar tais profissionais que com a cara deslavada e muita desfaçatez oferecem as mais absurdas condutas terapêuticas a muitos “clientes” desavisados. Eu chamaria tais profissionais de os falsos profetas da profissão, que aliás, não se restringem a medicina. Eles infestam muitos outros ramos da saúde. Como se vê também em outras profissões.
E como exemplos concretos tomemos estes: como acreditar num médico que mal escuta o paciente e não  o examina e lhe prescreve uma lista de 20 ou 30 exames de sangue e tantos outros de imagens e funcionais? Que fundamento científico existe em  saber a taxa de magnésio , de selênio, ou potássio em uma pessoa saudável, se esses elementos são flutuantes no dia a dia e mostram taxas variadas na proporção de minha alimentação, hora a hora, dia a dia ?
Como acreditar na capacitação técnica de um cirurgião plástico sem no mínimo 4 ou 5 anos de especialização? Como acreditar em médicos que recebem bônus ou propinas( percentual) em exames de laboratório ou presentes e patrocínios da indústria farmacêutica?
Face a tais descalabros e enganações das profissões eu conclamo e concito às vítimas ou testemunhas dessas práticas ilícitas e nefastas! Reajamos todos em nome do bem comum.

Indignai-vos. Denunciai tais charlatões e magarefes. Para isso existem os CRMs, o Ministério Público ,  as ouvidorias de SUS, dos Planos de Saúde.  Nós só tornaremos este país melhor, mais justo e ético se todos se engajarem numa força-tarefa de mais Ética e honestidade em tudo.     Janeiro 2017.   

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