terça-feira, 28 de fevereiro de 2017

Farra do boi

O REPULSIVO PROJETO DE VIOLÊNCIA CONTRA OS ANIMAIS

João Joaquim 


Quando a imprensa do Brasil e do mundo mostra o  recrudescimento da violência de toda ordem é natural que muitas vozes levantam contra essa triste realidade. Não só a mesma  imprensa, em todos os níveis, mas segmentos da sociedade civil, grupos de religiosos, de ativistas do bem, da ética e da moral clamam e bradam pela paz e pela vida. Em que pesem tantas vozes ressoarem por uma causa tão nobre e humanista, há um grupo de brasileiros, parcela muito significativa, que vem atuando em sentido exatamente contrário.
O fato de que quero tratar é de todos já conhecido, falo da controvertida prática da vaquejada. Ou seja, há pessoas que amam a violência. Sim, porque se gostam de se divertir com o sofrimento dos bois, das vacas e de cavalos , devem gostar de outras formas de violência. Violência contra a vida, não importa de quem seja a vida, é violência sempre. A dor é a mesma.
O grupo de brasileiros a que me refiro não se compõe apenas  de zé-povinho, pé-rapado, analfabetos e descamisados. Desses também, que têm um fascínio inexplicável pela violência. O grupo mais representativo e adeptos de tal abominação é composto de os próprios praticantes (peões) ,  os donos dos animais e empresários do ramo, cuja faturamento anual chega próximo de 600 milhões de reais/ano.
O mais esdrúxulo, asqueroso e nefasto em tal vil projeto, não se restringe a essas pessoas comuns aludidas acima. Muito pior do que tais ativistas, a maioria de nossos desacreditados senadores aprovaram uma proposta de emenda constitucional (PEC) da vaquejada. Acreditem, os nossos representantes do congresso, todos seniores (senatus, senhores idosos), em sua maioria, aprovaram o exercício , o entretenimento , a diversão da vaquejada.
O que se espera dos  senhores Senadores da República?   De quem sempre se espera ideias maduras e sensatas. É de fato de fazer tremer e ter repelões! Uma casa legislativa, composta dos senis e experientes homens da república ,contrariar a constituição e os preceitos básicos de ética, do meio ambiente,  da vida e da natureza (ecologia) e aprovar tal PEC da vaquejada.
Nossos “digníssimos e excelentes” senadores estatuem não só contra a não violência e contra a constituição. Eles estão contrariando o próprio supremo tribunal federal(STF) que instado sobre a matéria já tem decisão firmada contra tal prática por ser uma autêntica atrocidade e cultura de maus tratos aos animais. À semelhança do que é uma rinha de galo, de cães e outros animais que têm vedação expressa e pena prevista no código penal. Só mais um detalhe, no STF há como que um empate técnico na decisão. Ou seja, mesmo os nossos considerados impolutos e ilibados homens da lei, alguns deles , claro, são a favor de se divertir às custas do infortúnio, dos maus tratos e da violência contra os animais.
Já imaginou , se eles, os animais, tivessem o poder , o condão , a prerrogativa de se divertir às custas de esporadas, chicotadas e ferimentos dos humanos! Isto me lembra a Revolução dos bichos, de George Orwell.
Os curtidores, adeptos e empresários desse execrável entretenimento se apoiam no slogan e lobby de que se trata de uma “prática cultural”. Retórica estapafúrdia que me traz à lembrança as festas promovidas pelos imperadores (déspotas) do império romano. Foram nos tempos do histórico coliseu romano. Eram os circos de entretenimento do povo. Pão e circo para a ralé, a plebe, aos domingos ,e no mais só opressão, opressão e opressão das pessoas (romanas) no acesso aos direitos básicos como comida digna, moradia e saúde.
 Prisioneiros, condenados e inimigos políticos dos imperadores eram jogados às feras. Leões, tigres e lobos famintos. Os humanos ali sendo trucidados e devorados, e a turba, os adeptos, as galerias vibrando com aquela barbárie e aquele morticínio pelas feras esfomeadas e predadoras. Feitos de tempos das cavernas, comportamentos de bestas-feras e outras insanidades.
 Fica ao menos esse consolo e essa dantesca justificativa, mas inqualificável e inominável : o cultivo, o culto, a cultura da violência vem dos tempos dantescos e de eras medievais. Não se trata, originariamente,  de criação, de admissão , nem de legislação do senado brasileiro. Este se espelha em outros tempos.
Quanto aos danos sofridos pelos animais não remanesce dúvidas de que eles são graves, violentos e irreversíveis. Sofrem tanto os bovinos quanto os cavalos em tais práticas. Os ferimentos mais comuns são arrancamento  dos rabos, fraturas de pernas, rupturas de ligamentos e vasos sanguíneos, lesões de medula óssea ou espinhal e necessidade de sacrifício dos animais pelas sequelas mutilantes . Não contando o estresse extremo que sofrem tanto os animais e mesmo as pessoas contrárias a esses dantescos espetáculos.
De todo modo resta uma promissora esperança! Caso a PEC seja sancionada pela presidência da república, o STF deve ser novamente requerido a se manifestar. E como se compõe de senhores igualmente seniores e idosos, e mais ajuizados, porque juízes supremos que são, novamente devem se pronunciar contra essa  mal engendrada, imoral e desumana PEC. É isso que a maioria dos brasileiros, inclusive muitos nordestinos, esperam dos 11 ministros de nosso colendo e egrégio STF. Todavia, não fiquemos muito otimistas porque muitas decisões, jurisprudências e liminares são editas, aqui no Brasil,  ao sabor de movimentos de grupos populares e apelo de massas.  Fevereiro/2017.   


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