sexta-feira, 31 de março de 2017

AULA DE ÉTICA...

 Hermenêutica  e Exegese da Corrupção

João Joaquim 

Eu já inicio esta crônica explicando os termos do título para os que não estão costumados a empregá-los. Para tanto vamos remontar aos primórdios da mitologia greco-romana. Na verdade uma forçação de barra, porque se desconhece os anos de sua origem. Tipo o universo. Como somos parvos e tacanhos em inteligência, relativamente ao logos criador, referimos  ao cosmos como um mundo  infinito.
Lá na mitologia grega então temos o deus hermes (mercúrio dos romanos). Ele era o mensageiro dos outros deuses, e de zeus, o maioral deles. Zeus era uma espécie de chefe das divindades.
Mas, atenção! Era também mercúrio  o emissário do comércio, da eloquência (oratória) e da mentira, ou seja, ele era o maior sofista e dissimulado dos deuses. E muito, mas vamos colocar imensidão nisso! Ele era cheio de segredos. Muitas façanhas dele eram feitas à sorrelfa, à socapa, às escondidas.
É do radical herma (latim) e hermes (grego) que vêm os cognatos hermético, hermenêutico e hermenêutica (substantivo). Hermético traz a conotação de misterioso, obscuro, enigmático, fechado. Por isso dizemos por exemplo  tal frasco ou recipiente está hermeticamente lacrado ou arrolhado. Já hermenêutica significa exatamente a habilidade ou disciplina da interpretação de textos ou leis de difícil compreensão para as pessoas comuns não afeitas a tais textos, legislação, códigos e citações.
No direito por exemplo se emprega muito a hermenêutica. A exegese se assim pode falar é sinônima de hermenêutica. Ela se encerra também na arte de analisar, de interpretação de textos rebuscados, muito técnicos em qualquer ramo do conhecimento. Assim pode se dar com um texto legislativo, uma passagem bíblica, até com verbetes muito tecnicistas ou jargões profissionais. É aquele hábito, se certo  profissional pode falar mais inteligível, por que rebuscar tanto? É o caso dos operadores do Direito e da Justiça.
Explicitados então as duas palavras do título torna-se mais fácil o objeto da crônica.
Se falar em universidade federal do Paraná, poucos dela se lembram. Se fala em operação lava-jato e juiz Sérgio Moro, desses viventes todos têm plena ciência e sabem o que eles fazem. Por isso dispensam interpretação. Entretanto, merecem um adendo. O incorruptível e impávido   Sérgio Moro, na 13º vara de Curitiba vem praticando o que se pode chamar de escola ou preleção da ética e da honestidade. Em outras palavras ele tem exercido magistralmente, sem trocadilho, a exegese ou hermenêutica dessas duas virtudes. Muito além do que interpretação dessas qualidades. Moro tem mostrado também como se pune aqueles que andam na contramão desses princípios  que dignificam e enaltecem o homem.
Agora, lá na Universidade Federal  do Paraná há pessoas que vinham praticando e ensinando exatamente o contrário de Sérgio Moro. Esses, ao modo do deus mercúrio, vinham atuando na surdina, em secreto, às escondidas. Se bem que nem tanto no escuro porque em 3 anos de existência tudo veio às claras, ao conhecimento das autoridades e da sociedade. E vários foram presos.
As fraudes investigadas pela Operação Research, chegaram a R$ 10 milhões nos cofres da Universidade Federal do Paraná (UFPR), segundo a Polícia Federal. Entre 2013 e 2016, o esquema pagou bolsas irregulares a um grupo de 27 pessoas - entre eles cabeleireiros, taxistas, donos de salão de beleza - sem qualquer vínculo com a universidade. Algumas sem curso superior.
O fato é que professores e pesquisadores daquela até então acreditável universidade instalaram uma comissão ou camarilha, enfim  uma quadrilha que desviava dinheiro de bolsas concedidas a alunos e pós graduandos. Veio a público agora em início de 2016, como o declaram a Polícia Federal e Ministério Público Federal. Enfim, tais docentes (agora indecentes) praticavam uma hermenêutica do mal, da corrupção. Uma autêntica cabala, uma trama do roubo que fica a pouca distância da operação lava-jato de Curitiba. Uma curiosidade e esdrúxula coincidência: o juiz Sérgio Moro é professor de direito e código penal na UF do Paraná. Já imaginou se tais cruzamentos começam a incrementar pelo Brasil a fora!  É muito azaração do  Brasil e dos brasileiros.    Março/2017.

Necedade especial

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