sexta-feira, 31 de março de 2017

EDUCAÇÃO DE CASA...

ESTÁ FALTANDO EDUCAÇÃO DE BERÇO
João Joaquim  
  
Segundo Aristóteles o homem é um animal social. Em outras palavras quis cravar o grande pensador que os humanos se caracterizam por formar sociedades. Mais do que formar sociedade a convivência é  essencial à sobrevivência das pessoas. Viver sozinho como um leopardo é quase impossível a qualquer indivíduo . A humanidade é uma sociedade. E quando nos referimos ao coletivo de pessoas usamos esse mesmo termo, sociedade. E de permeio como reforço dessa teoria da sociabilidade dos indivíduos bastam ser lembrados os inúmeros adjetivos sociais pospostos como qualificativos de muitas condições, empresas e organismos públicos ou privados.
Só como exemplos: serviço social, dialetologia social, mobilidade social, capital social, ciências sociais, evolucionismo social, previdência social, razão social, escória social. Imagine-se bem ! até para aqueles lá na mais baixa escala de classificação há um qualificativo, escória social . Tem umas certas excelências paladinas ali no distrito federal que não passam de excrescências e , grosso modo, podem ser incluídas nessa categoria, escória social .
 Enfim, esse é o animal humano, concebido e vocacionado ao convívio com os semelhantes de sua espécie e com tantos outros bichos de diferentes espécies. Agora torna-se útil colocar em evidência que esse convívio, esse vínculo com outras pessoas, não tem a vocação da harmonia, do perene compromisso de paz e amor. Muito ao contrário! As relações sociais das pessoas são marcadas por muitas contendas, desavenças, conflitos e tormentos. São   agressões  de toda natureza, nos mais variados graus. E tal eterno conflito se dá até  por exemplo com animais de outras espécies. Parece uma insanidade , mas o homem como animal racional é o maior predador de outros animais e da natureza. Uma autêntica aberração e maluquice! O homem que deveria ser o maior cuidador da terra e da fauna e flora , se tornar o seu maior algoz e destruidor. É o que ele mais tem feito.
De forma sumária, dado que o tema é dos mais amplos, podemos pontuar que as anomalias, disfunções e deformações nas relações interpessoais iniciam na infância com incisiva influência no processo educacional da criança. Na certa o comportamento, o estilo de relação e mesmo o caráter de cada pessoa têm dois componentes: o genético e o do meio ambiente; ambiente aqui entendido como todo o aprendizado de família, das escolas e da esfera social global. Basta lembrar da teoria da lousa em branco ou tábula rasa, do pensador  John Locke. Todos nascemos absolutamente ignorantes. Como se fôssemos um disco rígido virgem e sem nenhum registro ou arquivo salvo. Com o tempo é que vamos gravando todas as informações sensoriais e aprendizados que os pais, as escolas e meio social vão nos transmitindo. A ética, a virtude, o comportamento são ensinamentos de família, escolas e meio social. Ninguém, absolutamente nenhuma pessoa nasce sabendo o certo e o errado, o ético e antiético. São valores e atributos ensinados e exercitados desde a infância .
O componente genético tem uma participação no comportamento e caráter do indivíduo. Mas, ele pode ser remodelado com todo o processo educacional que, obviamente, se inicia na infância. A educação que a criança recebe, primeiro, dos pais e cuidadores, depois das instituições de ensino (escolas) será decisiva e definitiva em todo o conjunto comportamental dessa criança no futuro. Assim, o indivíduo é muito o produto de todo o conjunto de aprendizado da família, das escolas e do meio social. Essa percepção é inescapável de qualquer teoria do conhecimento voltado para o ser humano. Basta revisitar as ideias de um Rousseau, de um Piaget, de um Paulo Freire, de um Aristóteles que estão lá cravadas essas teses da formação e educação do indivíduo .
Uma educação adequada, corretiva, com preleção e treinamento de limites e códigos de ética ,  de conduta honesta em tudo tornará essa criança, esse educando e aluno um futuro cidadão com grandes chances de sucesso e integração social harmônica, civilizada e fraterna. Porque são as regras de boa conduta e boa ética que permitirão uma relação social mais humanizada, sem conflitos e generosa, num sistema de mão dupla, de doação e recepção de acolhimento e generosidade.
Como  têm se dado as relações sociais nesses esquisitos e funestos tempos digitais, das tão alienantes e nocivas redes sociais?
Primeiro, as famílias vêm banalizando e terceirizando a educação dos filhos. Muitos pais dos tempos digitais( gerações Y, Z) têm delegado a educação dos filhos às escolas.
Esta é a mais nefasta característica das novas gerações. Ou seja, há uma certa omissão  ou ausência da  primeira , da mais eficaz e decisiva educação da criança, aquela de uma família bem estruturada e civilizada.  Assim, com essas novas mentalidades de que  tudo pode, é proibido proibir;  já estamos assistindo aos frutos desta deseducação. Daí uma geração de jovens e já adultos sem limites nos atos e atitudes sociais, numa absoluta banalização de comportamento nas  relações humanas, independentemente  do interlocutor dessa criança; se com os pais, idosos em contato com esses pequenos.
E assim o é não por culpa de um fator genético, mas por um falho processo educacional e corretivo quando se fazia urgente e necessário (infância e adolescência). E então , nesses termos, aquele previsto animal do filósofo Aristóteles se tornou um pervertido. Aquele sujeito concebido como amorável, amistoso, fraterno e generoso tem se convertido em um animal intratável, conflituoso e antissocial. Que triste, não? Eu fico triste e preocupado. Você que lê e me ouve  não fica ? Se não é porque está faltando educação.  Março /2017. 

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