sábado, 29 de abril de 2017

PÓS-VERDADE

PRÉ-MENTIRAS E PÓS-VERDADES

João Joaquim  

Umberto Eco(1932-2016):   escritor e filósofo italiano , afirmou que as redes sociais dão o direito à palavra a uma "legião de imbecis" que antes falavam apenas "em um bar e depois de uma taça de vinho, sem prejudicar a coletividade".
Diversos jornais e críticas elegeram a palavra de 2016 como sendo a pós-verdade (“pós-truth”). Em 2015, não foi  uma palavra, mas uma carinha de emoji , uma figurinha que ri tanto até chorar. Tem ideias e criações que só mesmo vindas do Japão( criação deles, as tais emojis) e propagadas pelos  americanos para lançá-las. O próprio Donald Trump parece ser uma pós-verdade( uma genuína criação ianque ).
Mas, afinal de contas o que é mesmo pós-verdade. Vamos ao conceito. O primeiro pós-verdadeiro que conheci era alemão e trabalhou como ministro de propaganda do nazismo de Hitler. Josef Goebbels era seu marqueteiro. Foi dele a frase de que se uma mentira é espalhada 100 vezes, ela se torna verdade. Essa é uma chave de definição do que é a pós-verdade. Em outros termos é todo boato, fofoca, imagem ou ideia tola que ganha mais credibilidade e seguidores do que um fato real e antagônico a essa divulgação fantasiosa e falsa. Depois da chamada delação do fim do mundo, dos executivos do Odebrecht, temos certeza de abrigar muito mais pós verdadeiros políticos do que sonhava nossa filosofia.
Temos três pós-verdades que circularam pelo mundo recentemente e que ganharam adeptos e fieis. A primeira, a narrativa de que o Brexit acarretaria 470 milhões de dólares em prejuízo para a Grã-Bretanha por semana. A segunda narrativa foi que o papa Francisco apoiava a eleição de Donald Trump. Por último dizia-se que Barack Obama era o real e legítimo criador de estado Islâmico.
O jornal “the economist” afirmou uma coisa que o Brasil inteiro já está careca de saber: de que políticos sempre mentem. Só que lá o Trump ultrapassou os nossos limites de pós verdades.
Pelo  que constatamos, as novas mídias como facebook, twitter e whasApp são os grandes propagadores de boatos, fofocas e factoides. Enfim são molas propulsoras de pós-verdades.
Aqui no Brasil temos mais do que nunca presenciado outros fenômenos quando o assunto é a criação de palavras e pós-verdades.
Estamos a nos referir à pré-mentira. Funciona mais ou menos assim, mais para mais : muitas de nossas excrescências da política (não confundir com excelências) são flagradas com a boca na botija; ou melhor, expressando e verbalizando uma verdade. Ou seja uma verdade em segredo porque de natureza criminosa. Tipo “a parte que me toca será de 10%;  minha conta na Suíça aguarda o seu depósito de 10 milhões”, etc e tal. Advirto, são afirmações corretas.
Ou então aquele papo de que “temos que interromper a sangria da lava-jato, limitar a atuação da polícia federal, a suruba não pode ser seletiva”. Entre outros palavreados do submundo do crime politico. Tal qual o submundo putrefato do PCC , são Paulo, comando vermelho, Rio de Janeiro.
Ora! vindo à público tais diálogos, áudios e vídeos, de pronto o falante tem sempre uma nova versão, uma nova definição daquele vocabulário. É como se eles criassem um novo glossário para seus diálogos. Um verbete muito buscado tem sido o contexto. O corrupto não tem como negar porque têm imagens e áudios, mas flagrado  na esparrela, o embusteiro e larápio tem logo uma explicação: não, não, tal afirmação foi dita em outro contexto. “ Aqueles 800 mil dólares de minha conta na Suíça não são meus. Não foram depositados por mim.”
Enfim, se a era Trump criou as chamadas pós-verdades, nossos políticos e empreiteiros corruptos criaram as chamadas pré- mentiras, que antecedem as  pós-verdades. Já somos exportadores de muitas frutas exóticas, agora temos mais essas jabuticabas , que só vingam , florescem e amadurecem aqui no Brasil . Abril /2017.

Um comentário:

Cardiologista disse...

Além de cardiologista é filosofo! excelente blog!

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