quarta-feira, 7 de junho de 2017

CRISES. que crises

CRISE ECONÔMICA  E RECESSÃO ATÉ PARA OS SANTOS

João Joaquim  


A crise econômica na qual todos mergulhamos nessa década, parece que guarda semelhança com a queda (bancarrota) de Nova Iorque, de 1929. Guarda pontos em comum de forma qualitativa, porque em quantitativos não vejo precedentes na história, pelos déficits de bilhões de dólares no PIB de cada país atingido. Quando a atual crise iniciou em 2008, no setor financeiro, hipotecário, de empréstimos , serviços  e imobiliário lá nos EUA: vide fechamento e insolvência do banco Lehman  Brothers; ficava a impressão de que o Brasil não seria tão afetado. Mas, foi. E é dele de que eu quero me ocupar neste texto.
Eu começaria realçando alguns pontos no caso da recessão, da retração econômica, enfim da quebradeira que se abateu em todos os setores de atividades da vida brasileira. Até ali por volta de 2014, eu cheguei a conjecturar que iríamos  sair da recessão. Qual o quê! O que estava ruim piorou. Ao final desse 2016 o cenário piorou e mais; a atmosfera e os presságios são de mau agouro. Nunca as profecias do professor Murphy se mostraram de alta probabilidade de cumprimento. “ Se alguma coisa tem chance de sair errado, cuidado, ela pode ocorrer da pior forma possível”( Murphy)! Igual mentira. Não importa quantas vezes uma mentira for demonstrada, sempre haverá uma porcentagem de pessoas que acredita que é verdade. Estamos na era da pós verdade. É a crença maior em boatos e factoides do que em fatos reais.
Os desfalques, as falências, as concordatas, o fechamento de empresas, as dívidas, a inadimplência, o desemprego nunca estiveram tanto em voga. Antes eu pensava que certos setores de atividades e profissões estavam imunes à crise econômica. Ledo engano. Até setores cruciais como o de alimentação e saúde entraram na crise.
Até na seara mística e das religiões a crise pôs as suas garras e seus tentáculos. Prova disto fui uma entrevista que ouvi de um clérigo católico sobre  sua paróquia. O repórter indagava desse religioso como andava a reforma do prédio de sua igreja. Ao que retorquiu o entrevistado, reforma interrompida. As ofertas e dízimos se fizeram raros. Caiu em mais de metade nossa arrecadação. E fora essa costumeira fonte de renda temos poucos outros donativos.
Como ilustra essa amostra grátis, até para os santos o dinheiro escasseou. No campo da saúde, a medicina, na qual eu milito há 3 décadas, a quebradeira bateu sem piedade. Muitas pessoas, por demissões e desemprego perderam os seguros e planos de saúde. Por consequência os médicos também perderam muitos desses clientes. Foi-se embora muito dessa fidelidade de clientes. Os profissionais de saúde acabaram no bojo da crise. Muitos consultórios, clínicas e hospitais têm cerrado suas portas. Em função da queda de receitas desses ramos da saúde, os dividendos têm sido só prejuízos. Do lado dos pacientes, muitos têm procurado o SUS, e todos sabemos o quanto são penosas as filas e esperas da previdência a que todos têm direito, na letra indiferente e tácita  da constituição, que chamam-na ainda de cidadã. Pelo menos foi assim que a denominou nosso saudoso e impoluto Ulisses Guimarães. O homem era um esteio ético e moral.

 Agora, uma curiosidade. Há algumas categorias de pessoas para as quais não há  crise. Que crise! Poderiam exclamar algumas dessas. Por exemplo, para a classe de muitos gestores públicos. Entre esses, políticos, juízes e aposentados desses órgãos de governo. Os contracheques dessa casta de brasileiros não sofrem nenhum corte ou déficit. E todos têm os reajustes acima da inflação. E assim muitos outros ramos de atividade.
 No mundo privado por exemplo. No ramo ou comércio de combustíveis. Cada vez mais caros para o consumidor. Para os empresários só lucro. Etanol, gasolina, óleo Diesel , gás de cozinha.
No futebol é outra atividade sem crise. Que crise! Jogadores, técnicos e cartolas ganham tanto, que os salários são sigilosos. E os estádios com ou sem crise andam lotados de torcedores. Bem, aqui se trata de senso crítico e discernimento de cada um e não tem como fazer nada.
Por falar em crise e corrupção, recentemente caíram os últimos redutos que pareciam incorruptíveis. Essa monstruosidade negocial. Ela chegou ao Vaticano e nos bastidores do Comitê Olímpico Internacional- COI. Já se sabe, por denúncias, que a roubalheira chegou à frente nas Olimpíadas realizadas no Brasil 2016.  Também nenhuma novidade , estamos entre os próceres do suborno e da corrupção. Nos tornamos exportadores dessa matéria prima. Que triste, que coisa medonha e horrorosa. Até nesse cancro somos mais do que penta.  Maio/ 2017.

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