quarta-feira, 7 de junho de 2017

TODOS corruptos

TODOS SOMOS POLÍTICOS E SOCIAIS E CORRUPTOS

João Joaquim  


Eu sempre fui um ardoroso leitor e admirador das teorias do filósofo Aristóteles. Por exemplo quando ele define o homem como um animal politico e  social. Quando de mistura pegamos o Aristóteles com o sociólogo Jean Jacques Rousseau  (franco-suíço), então com essas teses a gente entende um pouco da complexidade do que somos como um ser superior; dotados que somos de uma racionalidade, de uma inteligência diferenciada; e olhando pelo prisma religioso, constituídos desse mistério dual:  corpo e alma. Enfim, me sinto muito orgulhoso e honrado de ser esse bípede representante da espécie ou raça humana. ” Um homo sapiens sapiens”.
E aqui já concedo um aparte às mulheres. Não sejam afoitas! Quando refiro homo sapiens, estou a pensar em gênero. Diferente do que cravou a ex chefe de estado, Dilma Rousseff, a auto-referida  honesta,  “mulher sapiens”, em um discurso pelo dia da mandioca e dos jogos dos povos indígenas, maio de 2015. Se digo homo já englobo os dois gêneros. Cada indivíduo masculino ou feminino representa um belo exemplo do homo sapiens.
Todavia, não estou nem aí, nem aqui para falar de filosofia, de antropologia, de licantropia, nem tampouco de evolucionismo ou criacionismo. Venho de falar sobre um tema mais corriqueiro e comezinho.
Faço então uma digressão, algumas pinceladas do que vem a ser a influência que sofre cada um na interação e contato com o outro, com os circundantes e com o meio onde vive. Nesse sentido vou aplicar os princípios de Aristóteles no vulgar, no cotidiano ordinário de cada pessoa. Somos, não  fica dúvida, um animal social e político. Ser politico não precisa  pertencer a esse ou àquele partido. Basta ser partícipe da vida em comum, emitir opiniões , votar nas eleições,  pertencer ao que os gregos chamavam de  cidadania ( também os romanos)etc.
Em outros termos pode-se fazer a seguinte indagação: até que ponto, eu, você, cada um de nós sofre a influência do meio externo nas decisões e atitudes tomadas, na chamada autonomia ou autodeterminação ? Podemos até peneirar ainda mais tal questionamento e deixar a pergunta: até que ponto eu sofro a interferência dos outros em minhas decisões, em meus atos e comportamento?
Quando criança ouvia um parente falar que a propaganda é a alma do negócio. Tomo de empréstimo esse mote na ideia central. Hoje, temos até um termo importado para toda estratégia que envolve o fortalecimento e aceitação de um produto, um serviço ou uma ideia, marketing. Se vendo alguma coisa, um serviço, uma ideia ou invenção, uso do marketing na sua negociação .
A mercadologia ou marketing tem sido empregado em vários setores da vida. No empresarial, no social, no institucional. Até o marketing pessoal, verde ou ecológico tem ganhado relevo na relação interpessoal e com o meio ambiente.
Os mecanismos precisos que regem os circuitos e sinapses cerebrais na relação do consumidor com o marketing ainda não são plenamente compreendidos. Como de fato o é muitas outras funções e atividades psicoemocionais. O que se tem de certo é que todos somos movidos e sugestionados por essas interferências e interações neuropsíquicas e sensoriais.
Os estudos da psicologia do comportamento e interação social vem descortinando todo o processo, mas muito ainda se tem para entender e desvendar . Sofremos muitas influências sensoriais.
O poder do marketing ganhou tanta importância que a maioria das empresas investem enormemente nas estratégias de marketing e propaganda.
Só como exemplos, os grandes provedores de internet como o Google e Facebook dispõem de departamentos que estudam o gosto, as tendências e a curtição dos internautas e consumidores dos produtos que eles anunciam para essas empresas( anunciantes) do mundo virtual. Tais estratégias de marketing se tornaram muito fáceis para esses grandes provedores de Internet  porque ao navegar e acessar os sites  deixamos lá os nossos rastros, os nossos dados e o que estamos procurando e consumindo.
Todos somos influenciados, continuamente, com os cliques que fazemos e recebemos de nossas conexões. Ou seja, nesse campo do consumo e do marketing nos tornamos  ,tácita e inconscientemente, as maria-vai-com-as-outras ;em termos de escolhas e atitudes; em outras palavras sofremos diuturnamente do chamado efeito manado , que já falei dele nesse jornal.
Enfim, não fica dúvida de que somos de fato um animal social e político, mas também somos produto do meio com o qual fazemos interação desde o nascimento, somos um produto com as marcas da família, e da sociedade  onde estamos inseridos, nos benefícios e  malefícios que esses meios nos imprimem. Palavras de Aristóteles e Rousseau, com os quais  eu penso em uníssono . Faltou eles cravarem que somos também , todos, corruptos em potencial. O que faltam a muitos são oportunidades para tal.  Maio/2017

Um comentário:

Cardiologista disse...

Quando o cardiologista é bom ele sabe o que fala

Os aditivos fúteis e vazios da Internet e redes sociais

  E nesses termos caminham rebanhos e rebanhos de humanos. Com bastante fundamento e substância afirmou o filósofo alemão Friedrich Nietzsch...