sexta-feira, 30 de junho de 2017

Torcidas...

DISTORÇÃO DAS TORCIDAS  (DES)ORGANIZADAS DE FUTEBOL

João Joaquim  


Todos nós e o mundo temos assistido ao fenômeno das torcidas de futebol. Fala-se aqui em futebol porque tem sido o esporte que bem representa esse agrupamento de pessoas com suas simpatias e preferências por esse esporte. Tal fenômeno se dá  pelo planeta a fora. Muitas outras modalidades têm também os seus sectários e adeptos, mas se resumem a uma galera ou claque menos representativa, e menos vigorosa  em suas manifestações.
Mas, enfim vamos a esse tão useiro e vezeiro fenômeno das torcidas dos times de futebol.
Tal ocorrência vem obtendo tanto espaço, importância e notoriedade que ela ganhou um qualificativo. Organizada. Temos agora as chamadas torcidas organizadas. Tal adjetivo, agora no masculino me lembra uma outra ocorrência, de igual modo useira e vezeira, facção criminosa organizada, ou simplesmente crime organizado( predomínio de homens) . E de fato com participação massiva do masculino. Até nesse ramo de atividade a mulher tem tido remuneração e destaques mais acanhados. É mais uma daquelas discriminações do sexo frágil.
Num esquadrinhamento mais raso e mais inteligível vamos deter nessa relação que existe entre aquele seguidor e admirador de um esporte com foco maior aqui no futebol. Tal mecanismo de afeição e vínculo de indivíduo com o esporte tem despertado o interesse de estudiosos na área da psicologia, da sociologia, da psiquiatria entre outros segmentos das ciências humanas. E não é sem razão esse objeto de estudo porque trata-se de mobilização e participação de milhões de pessoas em todos os quadrantes de planeta. São milhões de pessoas, no Brasil e no mundo.
O que se tem de certo é que é uma mobilização humana que ganhou corpo e visibilidade ao mesmo tempo e na proporção que o futebol se tornou mais divulgado pela imprensa. Mais expressivamente com o surgimento e popularização da televisão.
Análise sociológica e psiquiátrica das torcidas organizadas de futebol. Trata-se aqui de um dos capítulos mais instigantes e incisivos da natureza dessa relação de admiração e afinidade. É o mesmo processo e funcionamento psíquico que se estabelece nas relações conjugais (namoro e casamento). Em termos mais claros pode-se avaliar pelos pronomes utilizados. Minha namorada, minha mulher, meu marido. De igual forma, meu time, meu ídolo, o clube de meu coração. Basta atentar para o signo e peso desses pronomes. O que se revela numa absoluta deturpação dos termos, porque se revelam uma ideia de posse, de apropriação (“indébita”).
A alienação e perturbação relacional oriunda da afinidade e senso de posse com essa ou aquela equipe esportiva envolve os mesmos circuitos sinápticos cerebrais dos “vínculos pessoais afetivos”.
Os termos mais corretos que os namorados e casados deveriam empregar são ser e estar, e não,  minha,  teu, tua. Ela está namorada comigo, ele está namorado ou marido comigo. Ninguém é propriedade ou objeto de outro. Quando muito e ao máximo podemos fidelizar uma relação por tempo indefinido, mas não eterno. De preferência prolongada enquanto saudável e feliz para os dois cônjuges. Acabou-se , procura-se outra melhor, etc e tal.
Os mesmos princípios se aplicam com o torcedor de futebol. Tal time do meu coração, nunca me pertence. Tenho apenas uma admiração pelas suas cores, seu futebol vistoso e belo. Ele tanto não é meu que para eu ir aos estádios e arenas tenho que pagar o ingresso.
Ainda que veja seu jogos pela TV aberta ou fechada, sou bombardeado o tempo todo com o marketing dos patrocinadores que pagam milhões em reais para mostrar e propagar os seus serviços e produtos (cervejarias, bancos, grifes de roupas) etc.
Assim, é dessa relação torcida e distorcida das torcidas organizadas( na verdade um aberração e desorganização absoluta) o nascedouro das badernas, das brigas, das agressões, das guerras dos grupos rivais. É o mesmo germe, o mesmo fermento de ódio  destrutivo das relações mórbidas, doentias e passionais dos crimes de feminicídio do homem contra a mulher.
É um  sentimento mórbido, deturpado e canhestro de que a ex não pode constituir outro vínculo afetivo. De igual forma, o outro torcedor não poder simpatizar e torcer por outro time. Piração total e desvario completo. Só isso!

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