sábado, 26 de agosto de 2017

Cachorros na rua

CACHORRO NÃO É BURRO MAS EMPACA
João Joaquim  

Eu trotava pelas ruas de Belo Horizonte MG( caminhada ) quando, de súbito, deparei-me com um pequeno cenário que se dissesse que fora inopinado não estaria fazendo imagem nem estilo. Isto porque além de não tão raro, ele pode mesmo se suceder pela natureza bravia e resistida do animal. Vamos aos fatos. No meio-fio havia uma dona ( suposta proprietária) de dois cães, animais que a mulher  puxava pelas coleiras. Na verdade um cão e uma cadela, um da raça labrador, o outro sem raça, o popular vira-lata, neste caso a vira-lata. O  que de inusitado ocorreu foi que os dois bichos estavam empacados. Eu suponho que um se embirrou e não queria passear. A cadela foi induzida e também se empacou. Dois pets empacados na rua, e a dona estática sem saber o que fazer.
A gente sabe por natureza e rebeldia que quem empaca e não anda é asno. Agora eu sei que cachorro não é asno mas também empaca. Assistindo àquela cena veio-me o ímpeto em parar em socorro à dona. Mas, ato contínuo ,refleti que eu poderia ser atacado pelos animais  e continuei minha jornada. Ainda assim pude tirar daquela inesperada ocorrência algumas assertivas do bicho-homem condutor e dono de todos os demais animais classificados de irracionais, classificação essa  sem muita razão, penso eu. O humanos racionais e os outros irracionais. Ora essa!
Uma mulher e seus dois bichões de estimação, mas empacados. Digo bichões  porque ,além dos portes grandes, eram obesos os bichos; em semelhança com o próprio biotipo da dona. O que representavam aquelas criaturas empacantes na vida da própria dona? Em seguida  me vêm a cabeça alguns qualificativos : estrovenga? trambolho?, estrupício?  estorvo? embaraço? trangalho? Chega! São muitos os qualificativos possíveis!
Quantos são os estrupícios na vida de uma pessoa? Quantos deles são possíveis? São muitas as variantes. Por definição temos que trambolho ou estrupício se constitui num ente concreto ou abstrato que traz alguma dificuldade, sofrimento, privação, humilhação, trabalho, ônus entre outros efeitos negativos na qualidade de vida e relações sociais.
No sentido de concretizar, robustecer e aclarar as assertivas do que seja um estrovenga ou embaraço tomemos o exemplo de alguns bens pessoais. Imaginemos o sujeito com um automóvel em idade de sucata, de 20 anos, 30 anos de uso. Além de um trambolho com ônus em sua precária manutenção, tal bem (patrimônio automóvel) representa na verdade um mal, e um risco à integridade física e à vida desse dono( dona).
No campo abstrato. Imaginemos agora um sujeito, um pai de família ou mãe de família, ou dois pais ou duas mães de família. Enfim, não importa. Ia me esquecendo que a conformação de família mudou muito com as chamadas uniões ou casamentos homoafetivos. São tempos modernos, com legislações avançadas.
No caso então de uma dessas pessoas, a pretexto de se mostrar bem apessoada ela começa a adquirir bens duráveis e perecíveis através de crédito e financiamento bancário; ou através do cartão de crédito (na verdade cartão de dívida, olhe o engodo). Que ironia do marketing capitalista e consumista, o sujeito contrata um cartão de “ crédito” que pode lhe trazer a pior das dívidas , porque ou se paga, ou se tem os bens alienados e a vida arruinada.
Com o passar do tempo tais expedientes podem se tornar em autênticos trambolhos e empecilhos na vida dessa pessoa. Tais compromissos têm tudo para arruinar a vida do devedor inadimplente e sua família. Tais estrupícios, voluntariamente contraídos, podem derreter a harmonia familiar e conjugal.
Um outro estrupício ou autêntica estrovenga que a pessoa pode adquirir se dá no campo concreto nas relações conjugais. Quantas pessoas não representam autênticos trambolhos e embaraço na vida de outra pessoa! Temos exemplos aos milhares pelo Brasil e pelo mundo, de indivíduo que, uma vez acabado o namoro ou casamento se julga inconformado, abandonado e parte para perseguição, assédio moral, alienação parental, quando não raro, comete feminicídio ou homicídio, pelo ciúme doentio em não aceitar a separação conjugal. São indivíduos insanos e autênticos trambolhos conjugais na vida e liberdade da outra pessoa.
Enfim, são esses os trambolhos mais encontradiços nos tempos modernos. A aquisição (contração) de dívidas impagáveis em nome de um status ou vaidade pessoal; a aceitação de uma relação conjugal de alto risco, seja na perda da autonomia ou liberdade pessoal;  e naquele expediente tão comezinho e da moda de se criar um animal de estimação que, às vezes, traz negatividade, risco à saúde, ônus no seu cuidado, um ladrador  estorvo e empecilho até nas relações sociais com outras pessoas e no direito de ir e vir. 
Agora reconheçamos em alto e bom som, trata-se de questão pacificada, líquida e correta, cada qual tem o direito de ter os estrovengas ou trambolhos que bem lhe aprouver e ponto de exclamação  ou final !   Julho/2017.   

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