segunda-feira, 28 de agosto de 2017

TÁ RUIM.. MAS...

TÁ RUIM MAS TÁ BOM

João Joaquim  

Há certas coisas aqui no Brasil que se comportam como jabuticaba. Só vingam aqui, só se normalizam, só se naturalizam aqui. E elas ocorrem em todos as searas da vida. Nenhum gênero, estilo, espécie, escapam às esquisitices, ao exótico, ao estrambótico. Elas vão da política, perpassam pelo gosto cultural das pessoas e desaguam até na educação e religião.
Um parêntese . Ainda há pouco ouvia sobre o atentado terrorista em Barcelona. O fanático que alugou lá um carro e atropelou uma multidão. No primeiro momento mais de 100 feridos e 14 mortos. O mundo todo novamente pasmado com o atentados do Isis.
Aqui no Brasil entre assassinados e mortos no trânsito são mais de 300 por dia, cerca de 120.000 vítimas fatais/ano. As estatísticas nem divulgam feridos e mutilados e órfãos que devem ser o triplo dos mortos. São cifras de uma guerra da Síria ou dos EEUU e Coreia do Norte, questão de tempo, segundo as escaramuças ideológicas , entre dois presidentes destrambelhados , Kim Jong Un e Donald Trump .
São números, balanços, cifras que ganham um ar de normalidade. É a naturalização da violência. No Rio de Janeiro, em 7 meses de 2017, Janeiro a Julho, quase 100 policiais foram executados em confronto com marginais do chamado “crime organizado” (que ironia, ante um Estado caótico , falido e desorganizado). São índices que aos poucos vão obtendo uma aceitação de banalidade e normal para esta ou aquela comunidade.
De vez em quando a imprensa lembra do incêndio da boate Kiss em Santa Maria RS. Foram 242 mortos e vários  feridos. Até agora ninguém foi penalizado. Alguns familiares de vítimas estão sendo processados porque falaram mal da lentidão e de algumas decisões de promotores que cuidam da ação penal dos acusados. Eu, de minha parte, nunca ouvi dizer ou li sobre fatos semelhantes em outros países. Tornar a vitima acusada e ré de um processo. Coisa de gente abilolada ou aloprada.
E com alguns tipos de crimes aqui no Brasil ? Ao que sugerem muitas decisões de juízes e tribunais, o risco é o sujeito ser preto ou pobre. Quando o réu é bem apessoado ele começa a ter algum risco de ser preso quando mata pela 2ª  vez. Se foi de 1ª  vez, tem endereço fixo e bons antecedentes ,  tranquilo!  Vai para casa e responde em liberdade. A não ser quando a imprensa começa divulgar o ocorrido, mostrar a foto do criminoso e pedir justiça. Nessa circunstância, ante o clamor da sociedade, o sujeito também corre o risco de ser preso.
Em tempo, ser bem apessoada significa ser por exemplo rico, ter alto poder aquisitivo de comprar liminar, pagar propinas a quem no múnus público o exige, ser alguém de influência como autoridade.
E os crimes políticos? Todos lembram dos condenados da ação penal 474 ou esquema conhecido como mensalão, comandado pelos próceres do PT e aliados. Poucos condenados, quase ninguém na cadeia. Em alguns casos o meliante tem o direito e gozo de ficar em casa com escolta do Estado. Em segurança absoluta e no seu folgar e regozijo doméstico. Sombra e água mineral fresca. Que maravilha,  Só no Brasil mesmo. É o instituto da tornozeleira eletrônica.
Uma questão a se considerar também é que faltam vagas nas cadeias. Tem-se dinheiro para gigantescos estádios e arenas de futebol, alguns abandonados, mas não há verba para construir penitenciárias que abriguem dignamente os cerca de 600.000 condenados. Muitos são encarcerados em autênticas pocilgas e muquifos, nas condições as mais desumanas imaginadas.
Uma horrorosa infâmia e desrespeito à dignidade humana. O sujeito perde a liberdade e também a condição de racional. Porque são prisões que lembram chiqueiros e estábulos de porcos.
A recente chamada delação do fim do mundo (ou do Brasil) apontou mais de 200 políticos denunciados nos crimes de corrupção. Quase nenhum se tornou réu. Agora imagine se a metade, 100 parlamentares fossem presos! Onde coloca-los? Porque com essa turma tem que haver o respeito à dignidade humana. A OAB e os direitos humanos exigem. Teriam que ser construídas celas 5 estrelas. Seriam presos ex excelências etc.
Curioso é que quando alguns criminosos de colarinho branco são presos eles adoecem. E sempre têm médicos bonzinhos que o atestam. São casos de câncer, de doença coronária, aneurisma cerebral, depressão, etc. Mas, também em nossos presídios, quem não adoece?
Então é assim que funciona no Brasil. Muita coisa fora de eixo e de prumo, mas não tem como ser diferente. Uma das razões de  não  ter políticos presos é esta. Faltam cadeias 5 estrelas. Todos lembram do ex diretor do Banco do Brasil, sr Henrique Pizzolato. Gozado, não ! Lembra Pizza .  Extraditado da Itália tiveram que remodelar e higienizar a cela onde cumpre pena em Brasília. O grupo de Direitos Humanos da OAB exigiu e cumpriu-se. Fizeram-lhe uma prisão 5 estrelas.
E ministro do Supremo ser amigo de bandido que rouba o Estado e ser solto. Para o ministro Gilmar Mendes, da suprema corte de justiça trata-se de fato normal. No Brasil é normal .
Outra jabuticaba bem nossa refere-se ao orçamento do país para 2018. Acreditem, será negativo. O governo Temer está estimando em 139 bilhões negativos. O país continuará no vermelho. Enfim, são tantas coisas esdrúxulas e fora de compasso que mais parecem o samba do crioulo doido. Como diz uma música tocando por aí   ,tá ruim, mas tá bom.  Agosto/2017. 

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